Amir Khusraw i-Dihlavi
Divan, 22 Jumada al-thani (Jumada II), 898 A.H.; c.1550 / Inv. LA189
Mostra Internacional da Coleção Gulbenkian
Exposição coletiva, constituída por parte da coleção de arte islâmica da Coleção Calouste Gulbenkian, organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) e apresentada na Fundación Banco Santander Central Hispano (BSCH), em Madrid.
Com esta iniciativa o Museu Calouste Gulbenkian (MCG) pretendeu dar a conhecer no espaço internacional a extensa coleção de Calouste Sarkis Gulbenkian, rentabilizando assim o período em que o MCG esteve encerrado – de 3 de outubro de 1999 a 20 de julho de 2001 – para levar a cabo as primeiras obras de beneficiação após a sua inauguração, em 1969.
Deste modo, o Museu Calouste Gulbenkian projetou três exposições internacionais. Antes de «Jardín Encantado», a Fundação apresentou no Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque uma exposição denominada «“Only the Best”. Masterpieces of the Calouste Gulbenkian Museum», descrita no jornal El Mundo como «una paráfrasis del propio magnate judío, que viajó por diversos países antes de instalarse en Portugal».
A segunda iniciativa, «Chefs-d'œuvre du Musée Gulbenkian. Meubles et objects royaux du XVIII siècle français», teve lugar em Paris – uma das muitas cidades por onde o colecionador passou e residiu –, no Palácio de Versalhes, na qual apresentou um leque de objetos ligados às artes decorativas e aos livros (Chacón, El Mundo, 28 fev. 2001).
A terceira e última exposição internacional organizada durante o encerramento do MCG foi apresentada na Sala de Exposições Temporárias da Fundación Banco Santader Central Hispano, em Madrid. Conhecida pelo seu empenho cultural, humanístico e científico, a BSCH detém a Coleção Banco Santander, constituída por peças provenientes de diversas coleções privadas de entidades que formaram a história deste banco espanhol. Composta por mais de mil obras de arte, a coleção abrange um arco cronológico que data desde a Idade Média até à contemporaneidade, apresentando uma ampla diversidade artística – pinturas, desenhos, esculturas, artes decorativas, tapeçarias, cerâmicas, mobiliário, entre outras.
Este «Jardín Encantado» reuniu um conjunto de cerca de 65 obras de arte islâmica, produzidas entre os séculos XII e XVIII, percorrendo um vasto espaço geográfico que ia desde a Turquia à Índia. Entre cerâmicas, azulejos, vidros, tecidos, tapetes, indumentárias, livros preciosos, iluminuras e caligrafias, a mostra apresentou o lado mais sensível e «o alto nível da exigência e do gosto de Calouste Gulbenkian» (Relatório, Balanço e Contas. FCG. 2001, 2002, p. 35).
«La cultura islámica recibe a través de los siglos las influencias, no sólo de los territorios en los que arraigó el Islam, sino también de las civilizaciones y culturas con las que tuvo contacto, tanto europeas como asiáticas, pero su gran importancia se debe, no obstante, a la transformación de todas esas influencias con un criterio propio que las convierte en algo suyo, manteniendo a través de los siglos unos rasgos decorativos permanentes, como son: la caligrafía, considerada como una forma artística suprema, la ornamentación geométrica y los motivos decorativos inspirados en la naturaleza», explicou Alfonso Escámez y López, presidente da Fundación Banco Santander Central Hispano (Un Jardín Encantado. Arte Islámico en la Colección Calouste Gulbenkian, 2001).
Segundo Javier Aguado, diretor da Fundación BSCH, esta exposição já era desejada havia cerca de uma década, remontando à visita dos reis de Espanha à Fundação Calouste Gulbenkian para inaugurarem uma exposição que reuniu uma seleção de pinturas espanholas, denominada «50 Anos de Pintura Espanhola, 1880-1930», pertencentes à coleção do Banco espanhol. Citando Aguado: «Desde entonces, ya teníamos ganas de traer a Madrid parte de la colección Gulbenkian, que reúne más de 6000 piezas. Ahora ha sido posible al haberse producido una reestructuración museística allí.» (Chacón, El Mundo, 28 fev. 2001)
Comissariada pelas conservadoras do Museu Calouste Gulbenkian, Maria Fernanda Passos Leite e Maria Queiroz Ribeiro, a exposição foi distribuída em três núcleos, que apresentaram uma seleção criteriosa das melhores peças pertencentes à coleção de arte islâmica de Calouste Gulbenkian. No primeiro núcleo da exposição – dedicado à arte da cerâmica e do vidro – foram apresentados frisos de azulejos, com especial destaque para as cerâmicas otomanas vidradas de Iznik (Turquia), um dos mais importantes centros de produção na época, realizadas no século XVI. Decoradas com tonalidades azuis e brancas, estas peças demonstravam claramente uma influência da porcelana de origem chinesa. O segundo núcleo exibiu livros e manuscritos iluminados, destacando-se as ilustrações das escolas persas de Shiraz, Herat e Tabriz do século XV.
O terceiro e último núcleo encerrou a exposição com a apresentação de sedas, veludos e tapetes que transformaram a sala de exposições da Fundación BSCH num autêntico e esplêndido «bazar». Segundo o jornal ABC, sobre a última etapa da visita a este «Jardín»: «De estas últimas se han seleccionado seis piezas de Persia, la India mogol y el Cáucaso, de los siglos XVI a XVIII. Además, hay trajes, capas, almohadas… La riqueza de estos tejidos de ensueño se ve aumentada, más aún si cabe, por la espléndida conservación de estas piezas, que parecen recién salidas del taller. Vuelve a aparecer la decoración floral, muy frecuente en la manufactura persa.» (Pulido, ABC, 28 fev. 2001)
De acordo com o diretor do Museu Calouste Gulbenkian, João Castel-Branco Pereira, esta mostra só foi possível graças ao encerramento temporário do Museu, circunstância que veio a permitir «o passeio do olhar entre o labirinto das flores de um tapete e das cerâmicas, de arabescos elaborados, ou a contemplação de uma iluminura preciosa nas narrativas, fascinantes pelo exotismo do seu imaginário, matrizes do deslumbramento europeu pelo Oriente que delas se apropriou, ganhando foros de mistério e sonho, o do espaço desconhecido de um jardim encantado» (Un Jardín Encantado. Arte Islámico en la Colección Calouste Gulbenkian, 2001).
O catálogo, editado pela FSCH, conta com a reprodução total das peças expostas e inclui dois textos, um intitulado «Calouste Gulbenkian, Coleccionista de Arte Islâmico», da autoria das comissárias científicas da exposição; o outro, «El Arte Islámico», da autoria do professor John Carswell, grande conhecedor da cultura do islão, no qual aborda as características mais salientes e o porquê da distinção desta arte, a qual captou a atenção de Calouste Gulbenkian e foi «determinante na formação da identidade de Espanha» (Ibid.).
A montagem da exposição – que contou com o apoio dos técnicos de museografia do MCG Antonieta Amorim e Miguel Fumega – foi bastante elogiada por ter conseguido honrar o título da mostra e por ter apresentado, de facto, «um jardim encantado», graças à decoração floral presente na manufatura persa, remetendo também para a ideia de Paraíso como um exuberante jardim, tal como é descrito no livro sagrado do islão, o Alcorão (Pulido, ABC, 28 fev. 2001).
Joana Atalaia, 2018
Divan, 22 Jumada al-thani (Jumada II), 898 A.H.; c.1550 / Inv. LA189
Qiran-e Sa`adayn (Conjunção dos Planetas Benéficos, Júpiter e Vénus), Inv. LA187
1572-1595 / Inv. 1635
c.1580 / Inv. 1572
c.1530-1535 / Inv. 859
Século XIII-XIV / Inv. 1559
Inv. 2240
c.1575 / Inv. 777
c.1575 / Inv. 797
Inv. 1032
c.1525 / Inv. 821
c.1530 / Inv. 2077
1430-1435 / Inv. M66A/B
2ª metade do século XV / Inv. M20/27
Inv. R20
c.1600 / Inv. R21
Século XVII / Inv. R24
Inv. 932
ca. 1584 / Inv. R44
Inv. 2251
c. 356 a.C. ? / Inv. N326
Inv. 1388B
c.1570-80 / Inv. 1668
final do século XVI ou início do século XVII / Inv. 1730
Inv. 1433
Inv. 1437
Final do século XVI / Inv. 1680
ca.1572 / Inv. 1688
Século XIV / Inv. 886
Século XIV / Inv. 895
Almofada de veludo, Inv. 2231
Almofada de veludo, Inv. 189B
Azulejo em forma de estrela, Inv. 1728
Capa de Ofício, Inv. 1460
Caparazão, Inv. 1461
Casaca, Inv. 1455
Casaca, Inv. 1382
Cinta, Inv. 1492
Faixa de Renda, Inv. 151
Fragmento de Veludo, Inv. 187
Fumadores de ópio, Inv. M30
Grande caneca com decoração floral, Inv. 834
Jarro de jade, Inv. 328
Painel de azulejos em forma de tímpano, Inv. 1598A/B
Panejamento de cetim, Inv. 1510
Panejamento de seda, Inv. 1504
Panejamento de seda, Inv. 1419
Panejamento de veludo, Inv. 191
Panejamento de veludo, Inv. 1384
Panejamento de veludo, Inv. 1385
Panejamento de veludo, Inv. 1422
Panejamento de veludo, Inv. 1512
Panejamento de veludo, Inv. 1450
Prato com brasão, Inv. 2250
Prato fundo com árvores verdes, Inv. 818
Prato fundo com pavões, Inv. 2247
Tapete, Inv. T113
Tapete, Inv. T67
Tapete, Inv. T69
Tapete "kouba", Séc. XVIII (?) / Inv. T81
Tapete com folhas foiciformes, séculos XVI-XVII / Inv. T66
Tapete floral, Inv. T61
Tapete tipo jarra, Séc. XVII / Inv. T70
Tecido, Inv. 1436
Tecido de veludo, Inv. 1446
Divan, 1540-41 / Inv. LA165
Subhat-al-Abrar (O Rosário dos piedosos), Inv. LA159
Antologia do Sultão Iskandar, Inv. LA161
Gulistan (Jardim das Rosas) e Bustan (Pomar), Inv. LA180
11 jan 2001
Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém recortes de imprensa, correspondência interna e externa, listagem de obras, textos para catálogo e valores de seguro das peças. 1999 – 2001
1965 / Palácio do Marquês de Pombal, Oeiras
2000 – 2001 / Château de Versailles, Versalhes
1999 – 2000 / The Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque
2004 – 2008 / Itinerância Emirados Árabes Unidos, Omã, Argélia
2021 - 2022 / Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa
2019 / Sede Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa
2021 – 2022, Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa
2020 / Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa
2022 - 2023 / Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa
2022 – 2023 / Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa