Imagens da Arte em Portugal I. Da Pré-História ao Século XVIII

Exposição itinerante de documentação fotográfica, sobre arte portuguesa, da Pré-História à contemporaneidade. Composto por um total de 219 fotografias a preto-e-branco de vários fotógrafos portugueses, o acervo da mostra encontra-se em depósito na Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian.
Travelling photography exhibition documenting Portuguese art from prehistoric art to the present day. The exhibition catalogue, available at the Gulbenkian Art Library, features 219 black and white photographs by Portuguese photographers.

Exposição itinerante de documentação fotográfica, organizada pelo Serviço de Belas-Artes da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) e comissariada pelo seu diretor, Artur Nobre de Gusmão, com o intuito de ser apresentada em vários pontos do país. Correspondendo a uma apresentação panorâmica e historiográfica da arte em Portugal e pretendendo cobrir um período extenso e complexo, da Pré-História até à contemporaneidade, a exposição foi estruturada em duas edições: a primeira, concebida para dar a ver alguns exemplares da arte portuguesa desde a Pré-História até ao século XVIII; a segunda, que viria a ser apresentada anos mais tarde, em 1990, procuraria representar o período subsequente, compreendendo os séculos XIX e XX.

Nas palavras do diretor do Serviço de Belas-Artes da FCG e comissário da exposição, Artur Nobre de Gusmão, a exposição era «ambiciosa ao pretender-se pedagogicamente estruturada por forma a permitir, a diferentes níveis, reflexões sobre a arte entre nós com base numa colecção naturalmente limitada de exemplos e, assim mesmo, porventura extensa» (Imagens da Arte em Portugal, 1983). O comissário acrescentava ainda: «Outras séries, paralelas à que se mostra, podem ser constituídas.» E advertia para as inevitáveis omissões que uma exposição desta natureza, de filtro e seleção apertados, comportava. Nas suas justificações afirmaria: «A colecção de exemplos está amputada na sua parte final, que será objecto de uma segunda exposição, tratando, na mesma linha, os séc[ulos] XIX e XX. A não ser assim, mesmo forçando ainda mais as sínteses, chegaríamos a uma exposição extremamente cansativa e a exigir espaços de apresentação que só raramente se encontrariam […]. Não pode autolimitar-se, desta maneira, uma exposição que se deseja itinerante.» (Ibid.)

O acervo fotográfico desta exposição encontra-se em depósito na Biblioteca de Arte da FCG e conta com um total de 219 fotografias, a preto-e-branco, de vários fotógrafos, tais como Abreu Nunes, Mário de Oliveira (1926-1999) e Mário Novais (1899-1967), colaboradores assíduos da FCG e designados para o efeito. Estas fotografias correspondem às várias fases de apresentação. O número de obras a apresentar variava consoante o espaço disponibilizado para o efeito, o que se traduzia em seleções diferenciadas em cada apresentação, embora correspondendo, na sua maioria, aos mesmos critérios de exibição que obedeciam a uma sequência cronológica.

Nas introduções dos vários catálogos editados para as respetivas apresentações locais, Artur Nobre de Gusmão chegaria mesmo a referir-se a um «jogo de tira e põe», de novas possibilidades, potencialidades e adaptações, que permitia «repensar a leitura na oportunidade de cada apresentação, apostando no apelo dos exemplos concretos dos diferentes valores locais da herança cultural» (Imagens da Arte em Portugal, 1990).

Na itinerância pela Madeira (1983), a título de exemplo, a exposição procurou incluir alguns bons exemplares do património artístico local, contando para tal com a colaboração da Direcção Regional dos Assuntos Culturais da Madeira e do Museu de Arte Sacra do Funchal.

Já em Pontevedra (1990), a exposição foi também revista e ampliada, por ocasião da celebração de um convénio entre o Museu de Pontevedra, a Fundación Barrié de la Maza e a Fundação Calouste Gulbenkian, sendo apresentada conjuntamente com a segunda edição, dedicada à pintura portuguesa dos séculos XIX e XX.

Nestes onze anos de itinerância, os materiais e suportes foram sofrendo alguns danos, havendo indicação de várias fases de beneficiação e até mesmo de seleção de reproduções distintas daquelas apresentadas anteriormente. É neste sentido que, depois da apresentação da exposição nas Caldas da Rainha, em 1986, se iniciou um processo de revisão das imagens que integravam a exposição, sob a orientação de Maria Emília Oliveira Machado.

A tipologia das exposições de documentação fotográfica foi a utilizada nestas primeiras apostas da FCG na itinerância alargada de algumas exposições, não apenas pela facilidade de transporte e pelas dimensões mais adaptáveis, como ainda por permitir menos custos na montagem, seguros das obras e eventuais restauros, dado que as peças estavam sempre mais vulneráveis a eventuais danos ao serem submetidas a constantes processos de embalagem, transporte e montagem.

A intenção descentralizadora e didática que orientava a aposta na programação das exposições itinerantes marcou a atividade da FCG especialmente na década de 1970 e na década seguinte. Nas palavras do técnico da FCG Joaquim Boavida, responsável pelas apresentações, organização dos circuitos e preparação das exposições itinerantes desde 1986, os propósitos da FCG e os resultados deste investimento na circulação de exposições eram apresentados internamente nos seguintes termos: «[…] algumas informações que nos vão chegando através das entidades locais permitem-nos concluir que esses números [de visitantes] são muito apreciáveis, pelo que, dadas as características didácticas das exposições, do público a que se destinam e dos locais em que são apresentadas (Universidades, Escolas, Museu, Centros Culturais, Bibliotecas, Casas do Povo, Câmaras Municipais, Comissões de Defesa do Património, etc.), podemos afirmar com segurança que os objectivos de difusão e descentralização cultural, desde sempre preocupação deste Serviço e razão principal da manutenção desta actividade, estão a ser completamente alcançados.» (Apontamento do Serviço de Belas-Artes, 11 dez. 1986, pp. 1-2, Arquivos Gulbenkian, SBA 15575)

Nas suas duas edições, a exposição contou com uma ampla circulação, sendo de destacar as suas 24 apresentações, realizadas num período de onze anos, sobretudo de itinerâncias nacionais, mas também internacionais, num total de cinco mostras no exterior.

Filipa Coimbra, 2017


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Conferência / Palestra

O Oriente e o Ocidente na História da Arte em Portugal

1985
Arquivo Histórico de Macau
Macau, Portugal
Visita(s) guiada(s)

[Imagens da Arte em Portugal I. Da Pré-História ao Século XVIII]

out 1979
Casa-Museu Teixeira Lopes / Galerias Diogo de Macedo
Vila Nova de Gaia, Portugal
Conferência / Palestra

Arte de Ontem-Hoje

16 out 1979
Casa-Museu Teixeira Lopes / Galerias Diogo de Macedo
Vila Nova de Gaia, Portugal
Ciclo de conferências

Panorámica da Historia da Arte en Portugal

2 mai 1990 – 4 mai 1990
Museo de Pontevedra
Pontevedra, Espanha

Publicações


Fotografias


Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 15584

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém catálogos, calendário de itinerâncias e material fotográfico (folhas avulso de álbum). 1979 – 1991

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 25115

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém catálogos e calendário de itinerâncias da exposição. 1979 – 1990

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 21304

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém catálogos e calendário de itinerâncias da exposição. s.d. – s.d.

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 15575

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém informações sobre exposições itinerantes realizadas neste período. 1983 – 1992

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 10931

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém orçamentos, catálogo, ofícios internos e recortes de imprensa respeitantes à itinerância da exposição em Espanha. 1991

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 15584

2 provas, cor: aspetos (Santa Cruz, Flores); 2 provas, cor: aspetos (Vila do Porto, Santa Maria); 21 provas, p.b.: aspetos (Sociedade Martins Sarmento, Guimarães); 3 provas, cor: aspetos (Angra do Heroísmo, Ilha Terceira); 3 provas, cor: aspetos (Ribeira Grande, São Miguel); 3 provas, cor: aspetos (Sociedade Amor da Pátria, Horta); 6 provas, cor: aspetos (Museu Carlos Machado, Ponta Delgada) 1979 – 1991

Biblioteca de Arte Gulbenkian, Lisboa / CFT044

Coleção fotográfica, p.b.: objetos 1983

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA-S017-P0004-D02452

Álbum com 16 provas fotográficas, cor: inauguração, aspetos (Museu de Arte Sacra do Funchal, Funchal) 1983


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