Creches Portugaises. Presépios Portugueses. Exposição Itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian

Projeto do Museu Calouste Gulbenkian para uma exposição itinerante, pensado com o objetivo de apresentar ao público português o património artístico dos museus nacionais. Neste primeiro momento, cuja receção por parte do público foi muito positiva, foram mostrados presépios de barro, tanto de feitura erudita como popular.
Project aimed at raising public awareness of the artistic heritage preserved in Portugal's national museums. Designed by the Calouste Gulbenkian Museum as part of a travelling exhibition, the show opened with a display of clay nativity scenes made by professionals and laymen alike that was well-received by the public

A iniciativa para a realização da exposição «Presépios Portugueses» foi criada no âmbito de um projeto do Museu Calouste Gulbenkian visando a criação de uma série de exposições subordinadas ao tema «Obras de Arte dos Museus Portugueses», sendo o seu objetivo principal divulgar as obras de arte do património dos museus nacionais, à data pouco conhecidas do público.

A primeira exposição organizada no âmbito desta iniciativa foi dedicada aos «Presépios Portugueses» e contou com a colaboração de vários museus nacionais, que cooperaram com a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) para a concretização do complexo e longo programa de itinerâncias previsto.

Embora inicialmente pensada numa perspetiva de divulgação em território nacional, a primeira exibição dos presépios teria lugar em Paris, em outubro de 1980, no Centre Culturel Portugais, onde arrancaria o seu extenso programa de itinerâncias, que decorreu ao longo de toda a década de 1980.

Comissariada pelo diretor do Serviço de Belas-Artes da FCG, Artur Nobre de Gusmão, a mostra pretendeu evocar uma arte tradicional que persistia em várias regiões nacionais e estrangeiras:

«A arte dos presépios em Portugal, que remonta aos tempos mais recuados, perpetuou-se até aos nossos dias, dando origem a criações que ora se conservam fiéis a esta tradição, ora constituem audaciosas inovações. A idade de ouro desta arte situa-se no século XVIII, onde se executaram numerosos presépios, destinados a Conventos, Catedrais ou modestas Igrejas, casas senhoriais ou simples habitações. O material usado foi principalmente o barro. Por vezes, alguns destes palácios, conventos ou residências possuíam mais de um presépio.

Por outro lado, é necessário sublinhar que, ao lado da Natividade propriamente dita, estas composições incorporaram personagens e cenas de inspiração muito diversa: umas eruditas, as outras mais populares; aquelas ligando-se mais à tradição histórica e religiosa, estas alargando-se mais a representações mais livres e mais complexas, revelando sempre um grande poder criador» (Presépios Portugueses. Exposição Itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian, 1980).

No ano de 1981, as apresentações nacionais dos «Presépios Portugueses» arrancavam com uma exibição em Braga, no Museu dos Biscainhos, que decorreu entre novembro e dezembro de 1981. Desde então, e pelo menos até ao ano de 1990, a exposição percorreu muitas outras cidades em Portugal, mas também no estrangeiro, como Paris (onde voltou anos mais tarde), Nova Deli ou Hong Kong.

Por esta razão, ao longo dos anos, a exposição contou com diversas colaborações de museus nacionais, nomeadamente o Museu Nacional de Arte Antiga (Lisboa), o Museu Nacional Machado de Castro (Coimbra), o Museu dos Biscainhos (Braga) e o Palácio Nacional de Mafra. De igual modo, recebeu apoios de instituições internacionais, como o Lycée International de Saint-Germain-en-Laye (Paris), Instituto Cultural de Macau (Macau), Indian Council for Cultural Relations (Índia).

Em alguns dos locais por onde passou, a exposição assumiu derivações do título original, como é exemplo a sua montagem em Melgaço, intitulada «Documentação Fotográfica de Presépios Portugueses».

Ao longo de todas as produções itinerantes do certame, o Serviço de Belas-Artes e o Serviço de Exposições e Museografia da FCG assumiram a responsabilidade nos critérios museográficos e na montagem da exposição, para o que colaboraram igualmente os Serviços Centrais e o Serviço de Música, a título consultivo.

Relativamente à museografia adotada, esta pautou-se, na generalidade das mostras, por uma organização em vários núcleos centrais, permitindo o movimento circular dos visitantes, vitrinas expositivas com informação sobre os grupos de presépios ou a generalidade das espécies, recorrendo ainda a alguns arranjos fotográficos de figuras recortadas dos presépios. A atenção dada à iluminação dos objetos jogou com a cor das paredes das salas e galerias, propositadamente deixadas na penumbra. Estes cenários foram complementados com um fundo musical celebrativo da temática em apresentação.

Em 1984, integrada no percurso das inúmeras itinerâncias, a exposição «Presépios Portugueses. Exposição Itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian» esteve patente na Galeria de Exposições Temporárias do Museu Calouste Gulbenkian, ocasião em que se julgou oportuno proceder a uma revisão e reconstituição dos exemplares da exposição, tarefa que ficou à responsabilidade dos funcionários da Fundação e que veio a repetir-se periodicamente, sempre que se considerou necessário, no intervalo de montagens.

Devido às múltiplas e distantes apresentações dos «Presépios», e por motivos de contenção financeira, a FCG editou um catálogo-modelo (Presépios Portugueses. Exposição Itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian, 1980), que acompanharia, com pequenas adaptações, as inúmeras apresentações regionais da exposição. Ainda assim, aquando das produções em Braga (1981), Vila Nova de Gaia (1982), Macau (1983) e na segunda exibição de Paris (1986), foram publicados catálogos exclusivos.

O Serviço de Belas-Artes da FCG recebeu pedidos por parte de diversos municípios visando a cedência e a itinerância da exposição. Por incompatibilidade de calendários e razões logísticas ou geográficas, não foi possível corresponder a muitos deles, como foi o caso, entre outros, de Santo Tirso, Caminha, Águeda e Monção.

Comum a todas as exposições regionais dos «Presépios Portugueses» foi a boa receção por parte da crítica e do público em geral, que consagrou e felicitou a iniciativa da Fundação, tendo as várias produções expositivas alcançado um considerável número de visitantes. Por fim, e a título de exemplo da dita aceitação popular, cite-se um excerto de uma carta dirigida a Artur Nobre de Gusmão, na sequência da exposição em Vila Nova da Cerveira:

«Teve a Exposição “Presépios Portugueses” a maior receptividade, atenção e carinho por parte da população desta região e ainda inúmeros turistas que visitam Vila Nova de Cerveira. Foi sem dúvida uma exposição que calou fundo nos corações destas gentes humildes que tiveram a oportunidade de apreciar alguns dos nossos valores culturais ligados aos sentimentos religiosos que tanto sentem.» (Carta da Direção da Associação Regional de Cultura e Arte de Vila Nova de Cerveira para Artur Nobre de Gusmão, nov. 1988, Arquivos Gulbenkian, SBA 15581)

Joana Brito, 2017


Ficha Técnica


Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Fotografias em álbum de aspetos e da inauguração da exposição

Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 18113

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém informações relativas à recolha de presépios em Mafra e Estremoz, destinados à inauguração da exposição em Paris. 1980 – 1980

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 15575

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém pedidos de itinerâncias de várias cidades, fotografias do certame em Pontevedra, orçamentos, lista de itinerâncias e calendários. 1983 – 1992

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 15582

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém documentos relativos à exposição em Zamora e em várias regiões francesas, assim como recortes de imprensa, orçamentos e fotografias da exposição em Zamora. 1986 – 1989

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 15585

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém listagem da itinerância, cartaz, fotografias e catálogos. 1978 – 1995

Arquivos Gulbenkian (Museu Calouste Gulbenkian), Lisboa / MCG 03225

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém documentos e recolha de investigação sobre os presépios portugueses. 1982 – 1988

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 15581

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém discriminação das exposições itinerantes relativas ao ano de 1988, orçamentos, convite para a inauguração da exposição em Braga e Guimarães e recortes de imprensa. 1994

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 18130

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém documentos relativos a orçamentos, inauguração e apresentação da exposição em Pontevedra e em Vila Nova da Cerveira. 1987 – 1989

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 18115

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém informações relativas à montagem e inauguração da exposição em Guimarães e orçamentos. 1980 – 1985

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 21192

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém catálogo policopiado da exposição em Vila Nova de Gaia. 1992

Arquivos Gulbenkian (Museu Calouste Gulbenkian), Lisboa / MCG 03226

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém brochura da exposição realizada em Guimarães, lista de obras do Museu Nacional de Arte Antiga, correspondência, recolha bibliográfica, apontamentos manuscritos sobre presépios portugueses e recortes de imprensa. 1982 – 1985

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 18129

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém orçamento da montagem e inauguração da exposição em Paris. 1981 – 1986

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 15575

9 provas, cor: aspetos (Museo de Pontevedra, Pontevedra) 1983 – 1992

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 15582

5 provas, cor: aspetos (Caja de Ahorros Provincial de Zamora, Zamora) 1988


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