Exposição itinerante de documentação fotográfica, organizada pelo Serviço de Belas-Artes da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) e comissariada pelo seu diretor, Artur Nobre de Gusmão.

Tendo como tema a arquitetura românica na região do Douro Litoral, a exposição procurava cobrir as principais manifestações arquitetónicas edificadas naquele território, numa abordagem que se pretendia panorâmica e historiográfica. Para tal, o acervo fotográfico desta exposição contou, na apresentação em Coimbra (a única onde foi possível localizar o roteiro da exposição), com um total de 98 fotografias, dos mais variados exemplares da arquitetura religiosa, da autoria dos fotógrafos Manuel Real, Domingos Alvão, Teófilo Rego, Mário Novais e Marques Abreu. Entre os referentes destacam-se, na Maia, a Igreja de Águas Santas; em Felgueiras, a Igreja de Santa Maria de Airães; em Penafiel, a Igreja de São Gens de Boelhe, a Igreja do Salvador de Cabeça Santa e o Mosteiro de Paço de Sousa; no Porto, a Igreja de São Martinho de Cedofeita e a Sé do Porto; em Paredes, o Mosteiro de São Pedro de Cête; em Marco de Canaveses, a Capela de Fandinhães; em Paços de Ferreira, o Mosteiro de São Pedro de Ferreira; na Póvoa do Varzim, a Igreja de São Pedro de Rates; em Santo Tirso, o Mosteiro de São Pedro de Roriz, entre outros monumentos que integram atualmente a denominada «Rota do Românico».

As exposições de documentação fotográfica foram as que mais vigência tiveram nestas primeiras apostas da FCG na itinerância alargada de exposições, não apenas pela facilidade de transporte e pelas dimensões mais adaptáveis, como ainda por envolverem menores custos de montagem, seguros e restauros – dado que, em virtude dos constantes processos de embalagem, transporte e montagem, esta tipologia de exposição era mais propensa a danificar-se.

A intenção descentralizadora e didática que orientava a aposta na programação das exposições itinerantes marcou a atividade da FCG, especialmente nas décadas de 1970 e 1980. Nas palavras do técnico Joaquim Boavida, responsável pelas apresentações, organização dos circuitos e preparação das exposições itinerantes da FCG desde 1986, este investimento na circulação de exposições era percebido internamente como recompensador: «[…] algumas informações que nos vão chegando através das entidades locais permitem-nos concluir que esses números [de visitantes] são muito apreciáveis, pelo que, dadas as características didácticas das exposições, do público a que se destinam e dos locais em que são apresentadas (Universidades, Escolas, Museus, Centros Culturais, Bibliotecas, Casas do Povo, Câmaras Municipais, Comissões de Defesa do Património, etc.), podemos afirmar com segurança que os objectivos de difusão e descentralização cultural, desde sempre preocupação deste Serviço e razão principal da manutenção desta actividade, estão a ser completamente alcançados.» (Apontamento do Serviço de Belas-Artes, 11 dez. 1986, pp. 1-2, Arquivos Gulbenkian, SBA 15575)

Além de ter sido apresentada em Coimbra (Edifício Chiado), esta exposição esteve também patente no Porto (Faculdade de Letras e Museu Nacional de Soares dos Reis) e em Lamego (Museu de Lamego).

Filipa Coimbra, 2017