Do Tardo-Gótico ao Maneirismo. Galiza e Portugal

Ciclo «Panorâmica da História da Arte em Portugal»

Exposição itinerante realizada por iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundación Pedro Barrié de la Maza, organizada com a colaboração do Instituto Português de Museus e do Museu de Pontevedra. A mostra pretendeu dar a conhecer, de modo aprofundado e abrangente, as relações artísticas existentes entre Portugal e a Galiza.
Travelling exhibition organised by the Calouste Gulbenkian Foundation and the Fundación Pedro Barrié de la Maza in collaboration with the Portuguese Institute of Museums and the Museo de Pontevedra. The show sought to reveal, through an in-depth and all-encompassing display, the established artistic relations between Portugal and Galicia.

Exposição itinerante realizada por iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) e da Fundación Pedro Barrié de la Maza, no âmbito de um convénio estabelecido entre as duas entidades, com vista a aproximar a cultura portuguesa da cultura galega nos domínios da arte, através da pesquisa e da divulgação da história artística comum a Portugal e à Galiza. Teve a colaboração do Instituto Português de Museus e do Museo de Pontevedra.

Foi a terceira exposição a tratar esta temática, tendo sido a décima quarta iniciativa do referido convénio, assinado em maio de 1990 por Pedro Tamen, administrador da FCG, e Artur Nobre de Gusmão, diretor do Serviço de Belas-Artes da FCG, em nome da Fundação Calouste Gulbenkian, e por Carmela Arias y Díaz de Rábago, condessa de Fenosa, presidente da Fundación Pedro Barrié de la Maza.

Em 1991, já havia sido realizada, em Lisboa, a exposição «Imaxes da Arte en Galicia», e, em 1993, fora organizada na Galiza a exposição «Imagens da Arte em Portugal» («Arte luso-galega reforça laços culturais», Correio da Manhã, 9 jun. 1995).

A exposição de 1995 teve a particularidade de apresentar obras, pintura e escultura, e maquetes de edifícios, e não só reproduções fotográficas, como tinha acontecido nas duas mostras anteriormente citadas. Este seria, de acordo com os organizadores, o «rumo que num futuro imediato [deveriam] seguir os intercâmbios auspiciados pelas duas entidades» (Do Tardo-Gótico ao Maneirismo. Galiza e Portugal, 1995, p. 7).

Inaugurada pela primeira vez na Corunha, aquando da inauguração do novo edifício-sede da Fundación Pedro Barrié de la Maza, em 1995, a mostra deu a conhecer as relações artísticas existentes entre Portugal e a Galiza, num período que medeia entre o final da Idade Média e o dealbar do século XVII.

Segundo o comunicado de imprensa, para divulgação da iniciativa foi reunido um grupo de reputados investigadores da área da história da arte – quatro portugueses e quatro galegos – cujos trabalhos de investigação resultaram na definição da exposição e num extenso catálogo com cerca de 500 páginas, fomentando ainda um ciclo de conferências. Do lado português, distinguem-se os investigadores Pedro Dias, Rafael Moreira, Vítor Serrão e Paulo Pereira; do lado galego, Xosé Filgueira Valverde, María Dolores Vila Jato, Xosé Manuel García Iglesias e Xosé Carlos Valle Pérez. O projeto contou, de igual modo, com a participação de dois fotógrafos de renome: Xurxo S. Lobato e Luís Filipe de Oliveira.

Sendo uma exposição de caráter itinerante e vasta, no que toca às vertentes artísticas abrangidas, muitas das obras foram apresentadas por intermédio da fotografia, de que resultou um conjunto de cerca de 200 imagens que reproduziam obras de arquitetura, esculturas integradas em arquitetura, pinturas em madeira pertencentes a retábulos e algumas pinturas murais. Grande parte das obras que figuraram na exposição foram cedidas por instituições, museus e igrejas de Portugal e da Galiza.

De acordo com o texto de apresentação do catálogo, assinado por Pedro Tamen, administrador da FCG, e por Carmela Arias y Díaz de Rábago, presidente da Fundación Pedro Barrié de la Maza: «As relações artísticas galaico-portuguesas, lógicas, dada a contiguidade existente entre os territórios meridionais da Galiza e os setentrionais de Portugal, não foram uniformes ao longo dos séculos. Circunstâncias de ordem muito diversa – políticas, económicas, religiosas – favoreceram-nas em certos casos, atenuando-as noutros.» (Ibid., p. 7)

Coordenada por José Carlos Valle Pérez, diretor do Museo de Pontevedra e representante da Fundación Pedro Barrié de la Maza, a exposição foi seccionada em oito núcleos – algo que pode ser observado no projeto expositivo enviado, em 1996, por Manuel da Costa Cabral, então diretor do Serviço de Belas-Artes da FCG, à presidente do Instituto Português de Museus, Simonetta Luz Afonso.

No artigo que escreveu para o Público, Luísa Soares Oliveira descreve o itinerário da exposição, que seguia o critério da evolução estilística: «A estatuária de Coimbra abre a visita, com destaque dado a Mestre Pêro, a João Afonso e a João de Ruão […]. Segue-se o estudo do tardo-gótico galego e a sua influência em Portugal e […] o da arquitectura portuguesa entre o gótico tardio e o manuelino. Aqui se destaca a correspondência entre este estilo e os seus equivalentes europeus […]. Pontevedra é depois demonstrada como centro artístico que foi até meados do século XVI. Introduz-se em seguida o percurso que vai do renascimento ao classicismo em Portugal, e um dos núcleos que maior surpresa traz: “A pintura do Renascimento e o Maneirismo do Noroeste português” […]. Finalmente, a exposição termina com as influências portuguesas no maneirismo galego, onde todo o destaque vai para as peças de ourivesaria presentes.» (Oliveira, Público, 13 jan. 1996)

No mesmo artigo, Luísa Soares Oliveira assinalaria que a montagem privilegiou «a apresentação de poucas peças, mas de características relevantes para a demonstração daquilo que é dito nos painéis informativos que explicam cada núcleo». Para a crítica de arte, «fica demonstrada, com suficiência, a evolução da linguagem tardo-gótica para a maneirista, mas não só. De facto, é à extraordinária rede de influências e filiações entre a arte que se foi fazendo a norte de Coimbra e a arte que se produziu na Galiza que é dado o principal destaque» (Ibid.).

O catálogo, construído à semelhança da exposição, contém reproduções fotográficas de todas as obras patentes e os textos resultantes dos trabalhos de investigação.

Subordinado ao tema da exposição, o ciclo de conferências decorreu entre os dias 30 e 31 de janeiro de 1996, contando com a presença de investigadores portugueses e galegos. As palestras foram proferidas de acordo com o seguinte alinhamento: «A pedra de Ançã, a escultura de Coimbra e a sua difusão na Galiza», por Pedro Dias, da Universidade de Coimbra; «A arte tardogótica galega e Portugal», por Xosé Carlos Valle Pérez, do Museo de Pontevedra; «Construções na Grande Estrada. O Caminho de Santiago e a arquitectura portuguesa (1400-1521)», por Paulo Pereira, do IPPAR; «O primeiro Renascimento galaico-português», por María Dolores Vila Jato, da Universidade de Santiago de Compostela; «Artistas portugueses na arquitectura pontevedresa do século XVI», por Xosé Filgueira Valverde, do Museo de Pontevedra; «Portugal, Roma e Galiza: Frei Julião Romero e a arquitectura da Contra-Reforma», por Rafael Moreira, da Universidade Nova de Lisboa; «A pintura do Renascimento e do Maneirismo no Noroeste português», por Vítor Serrão, da Universidade de Lisboa; «O Maneirismo galego e Portugal», por Xosé Manuel García Iglesias, da Universidade de Santiago de Compostela. (Do Tardo-Gótico ao Maneirismo. Galiza e Portugal. Conferências [folheto], 1996, Arquivos Gulbenkian, SBA 15571)

Este ciclo de conferências foi posteriormente repetido no Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, nos dias 21 e 22 de março de 1996. Todavia, antes de ser apresentado em Lisboa, o ciclo já tinha sido realizado na sede da Fundación Pedro Barrié de la Maza, em junho de 1995, e no Museo de Pontevedra, em outubro de 1995.

Depois da inauguração na Corunha, onde contou com a ilustre presença da rainha Sofía, a mostra passou ainda por Pontevedra e Lamego, chegando às instalações da Fundação Calouste Gulbenkian em meados de janeiro de 1996, em cuja inauguração esteve presente o presidente da República Portuguesa, Mário Soares. A itinerância terminaria no Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto.

Joana Atalaia, 2018


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Ciclo de conferências

Do Tardogótico ó Manierismo. Galicia e Portugal

13 jun 1995 – 16 jun 1995
Fundación Pedro Barrié de la Maza
Corunha, Espanha
18 out 1995 – 19 out 1995
Museo de Pontevedra
Pontevedra, Espanha
30 jan 1996 – 31 jan 1996
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Auditório 2
Lisboa, Portugal
21 mar 1996 – 22 mar 1996
Museu Nacional Soares dos Reis
Porto, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Ciclo de conferências «Do Tardo-Gótico ao Maneirismo. Galiza e Portugal». Manuel Costa Cabral (à esq.)
Ciclo de conferências «Do Tardo-Gótico ao Maneirismo. Galiza e Portugal»
Ciclo de conferências «Do Tardo-Gótico ao Maneirismo. Galiza e Portugal». Manuel Costa Cabral (à frente, à esq.)

Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 15571

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência interna e externa, pagamentos, vendas de publicações e material de divulgação. 1997 – 1997

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 15570

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência interna e externa, recortes de imprensa, fotografias e material de divulgação referente às atividades paralelas. 1992 – 1996

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 23849

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém textos que integraram o catálogo da exposição. 1994 – 1994

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 21180

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém documentação sobre as fotografias das obras expostas, orçamentos e informações sobre as datas de inauguração e fecho da exposição nos diversos locais onde esteve patente. 1993 – 1994

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA-S004-P0086-D02450

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG, Lisboa) 1996


Exposições Relacionadas

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