Exposição dedicada ao artista espanhol José Caballero (1915-1991), constituída por 50 pinturas a óleo, 14 litografias e duas tapeçarias.

Segundo o crítico Vicente Aguilera Cerni, autor do texto de catálogo da exposição: «Na perspectiva do tempo histórico, é enorme a importância de José Caballero, como artista-ponte entre as correntes de vanguarda da arte espanhola imediatamente anterior à Guerra Civil e aqueles que assumiram, sobre as ruínas e destruições, a difícil tarefa de forçar a abertura cultural num ambiente inóspito. O que mantinha e reivindicava era, precisamente, o direito ao individual, à imaginação e à poesia.» (José Caballero, 1973)

Reconhecendo José Caballero como um artista de manifesto mérito, a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) apoiou a realização desta exposição, manifestando o seu interesse em contribuir para o estreitamento das relações culturais entre Espanha e Portugal.

Em resposta ao convite elaborado pelo presidente da FCG, José de Azeredo Perdigão, para a produção da exposição dedicada a José Caballero, María Fernanda Thomas de Carranza, mulher do artista, refere, na correspondência trocada, o seu sentido agrado pelo convite: «Tanto a mi marido cómo a mi, nos ha producido mucha satisfacción el interés y la atención que dispensa a su obra, al ofrecerle la posibilidad de exponer en la Fundación Gulbenkian. Tal y cómo nos indica nos pondremos en contacto con el Prof. Dr. Artur Gusmão, para concretar detalles sobre la fecha y la organización.» (Carta de María Fernanda Thomas de Carranza para José de Azeredo Perdigão, 27 jun. 1971, Arquivos Gulbenkian, SEM 00028)

Artur Nobre de Gusmão, diretor do Serviço de Belas-Artes da FCG, foi quem assumiu a organização e produção da exposição, que contou igualmente com a estreita cooperação de José Caballero: «Es para mi, una satisfacción poder realizar esta exposición en un país tan querido y fraternal y muy especialmente en la Sala de la Fundación, que usted tan dignamente dirige. Por lo tanto desearía hacerlo en las mejores condiciones posibles y dedicándole mi máxima atención.» (Carta de José Caballero para Artur Nobre de Gusmão, 23 jul. 1971, Arquivos Gulbenkian, SEM 00028)

O certame alcançou um declarado interesse junto do público e da crítica, ao permitir aprofundar o conhecimento sobre a produção artística espanhola, como José Luís Porfírio explanou na imprensa: «Um dos aspectos certamente mais positivos da presente exposição é o facto de vermos um importante pintor espanhol em Lisboa, já que quase todos os que nesta cidade, de um modo ou de outro, estamos ligados à moderna produção, nos preocupamos sempre mais com Londres, Paris, Amesterdão, Nova Iorque, Tóquio ou Sydney do que com Madrid ou Barcelona, centros afinal tão próximos de nós na geografia e nos problemas que até um boom paralelo das vendas e galerias vem aproximar.» (Jornal do Mar, 5 fev. 1973, p. 3)

Finda a exposição em Lisboa, este conjunto de obras foi ainda parcialmente exposto na cidade do Porto, numa seleção de 19 obras, que integrariam a exposição de inauguração da Galeria Diprove. Esta mostra contaria com o apoio, no transporte e na montagem, de técnicos da Fundação Calouste Gulbenkian.

Joana Brito, 2016