Juana Francés

Primeira exposição multidisciplinar em Portugal de Juana Francés (1926-1990), uma das artistas espanholas mais importantes da década de 1960. A exposição foi realizada em colaboração com a Embaixada de Espanha em Portugal e reuniu 79 pinturas que demonstravam o percurso da artista, partindo do abstracionismo dos anos 50.
First multidisciplinary show of artist Juana Francés (1926-1990) in Portugal, organised in collaboration with the Embassy of Spain in Portugal. The exhibition brought together 79 paintings in a display following the career of one of Spain's most prominent artists of the 1960s, starting with abstract works produced in the 1950s.

Primeira exposição multidisciplinar, em Portugal, de Juana Francés (1926-1990), uma artista espanhola representada em exposições coletivas no Museu Guggenheim de Nova Iorque, no Palais de Beaux-Arts, em Bruxelas, e na Tate Gallery, em Londres. A sua participação em iniciativas internacionais incluiu as edições XXX, XXXII, XXXIII e XXXV da Bienal de Veneza e a XI Bienal de São Paulo.

Esta exposição, que reuniu 78 obras de Juana Francés, foi realizada em colaboração com a Embaixada de Espanha em Portugal e contou com a presença da artista, tanto na montagem como na inauguração. Tal como diz o texto de Jacques Lassaigne no catálogo da exposição, foi aqui mostrado «todo um universo de criaturas estranhas fixadas com a precisão de um entomologista nos alvéolos duma colmeia […]. O seu mecanismo de robot retirado do reino mineral ou industrial toma uma ressonância humana triste e desolada, imagens da vida presente, da solidão inexplicável dos seres» (Juana Francés, 1983).

Esteticamente, é uma pintura que «por vezes recorre a planos de cores vivas, mas que é talvez ainda mais evocadora naquelas pinturas secas, austeras, que parece saídas da própria textura da tela. As estruturas bem marcadas organizam-se e tomam forma para lá da alusão e do símbolo, sem qualquer ironia» (Ibid.).

Em carta dirigida a Juana Francés, não assinada mas datada de 5 de maio de 1983, está expressa a vontade de realizar esta mesma exposição na cidade do Porto, apesar de se preverem dificuldades, pelo facto de o Museu Nacional de Soares dos Reis se encontrar em obras. A documentação consultada não permitiu a confirmação desta itinerância.

A exposição foi divulgada em muitos periódicos nacionais, nomeadamente nos jornais Notícias da Tarde, O País, Jornal de Letras, O Diário, O Jornal, O Dia, O Primeiro de Janeiro, O Diário de Notícias ou O Diário Popular.

Num artigo assinado por José Luís Porfírio, intitulado «Figurações na Cidade», o crítico, a propósito desta mostra, refere que a exposição ocupava o piso nobre, com 79 peças de técnica e suporte diverso, que percorriam um período cronológico compreendido entre 1957 e 1981. Descreve este percurso da artista como partindo do abstracionismo dos anos 50, evocando a terra na sua textura e cor, passando a incorporá-la, assim como a outros materiais e detritos, ao longo da sua produção dos anos 60, acabando por substituir este «lixo» por lixo tecnológico: relógios, lentes e diverso material tecnológico. Por outro lado, em relação ao espaço expositivo, refere ainda: «[…] a exposição ganharia em apostar também num espaço fechado e angustiante – escurecendo o ambiente, não deixando ver os jardins, não mostrando a obra da pintora como se se tratasse apenas de mostrar quadros ou outros objectos deles derivados; antes melhor funcionaria se apostasse num ambiente fechado sem escapatórias visuais (isto pelo menos numa parte do seu percurso).» (Porfírio, Expresso, 1983)

Sobre a exposição, Mário de Oliveira escreverá: «Está de parabéns a Fundação Gulbenkian, na pessoa de José Sommer Ribeiro, director do Serviço de Exposições e Museografia daquela instituição, por ter trazido até nós uma das mais fortes personalidades da arte actual espanhola, […] o público português com certeza apreciará as suas enormes faculdades de criatividade.» (Oliveira, O País, 24 mar. 1983)

Carolina Gouveia Matias, 2017


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Publicações


Material Gráfico


Fotografias

José Sommer Ribeiro (à esq.)

Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM 00269

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém convites, orçamentos, correspondência interna e externa, elementos para o catálogo e recortes de imprensa 1982 – 1984

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0478-D01354

25 provas, p.b.: aspetos (FCG, Lisboa) 1983

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0478-D01355

26 provas, p.b.: aspetos (FCG, Lisboa) 1983


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