A Colecção de Arte da Telefónica de España

Exposição organizada pela Câmara Municipal de Lisboa, pela Telefónica de España S.A., representada pela Fundación Arte y Tecnología (gestora do fundo de arte da empresa), e pela Fundação Calouste Gulbenkian. A mostra apresentou a primeira etapa consolidada das aquisições do fundo da Telefónica para o seu acervo de arte moderna e contemporânea.
Exhibition organised by Lisbon City Council together with Telefónica de España S.A., represented by the Fundación Arte y Tecnologia (which manages the company’s art fund) and the Calouste Gulbenkian Foundation. The show signalled the first step in the acquisition of works for the modern and contemporary art collection of Telefónica’s fund.

Em agosto de 1991, a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) celebra um protocolo para coorganizar uma mostra que traria a Lisboa a coleção de arte da Telefónica – principal grupo corporativo de telecomunicações em Espanha (Protocolo, [8 ago. 1991], Arquivos Gulbenkian, CAM 00226). O acordo seria coassinado pela Fundación de Arte y Tecnología (FAT), que era, à data, a entidade gestora do fundo de arte dessa empresa e pelo Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa (CML), que com ela programara o evento e que intermediaria as conversações com a FCG.

Prevista inicialmente para o seiscentista Palácio Galveias (equipamento municipal no Campo Pequeno), a mostra acabaria por inaugurar na Galeria de Exposições Temporárias da Sede da FCG (piso 0), a 13 de setembro de 1991. Os Arquivos Gulbenkian guardam fotocópias de plantas do referido palácio, com a projeção de possíveis soluções museográficas para albergar o acervo (Arquivos Gulbenkian, CAM 00226).

A FCG participaria, portanto, no processo de produção, tendo já como plataforma esse trabalho realizado pela Divisão de Museus da CML, então chefiada pelo historiador de arte Paulo Pereira, que, a propósito da mostra, escreveria «Tradições modernas». Este texto é publicado no catálogo (A Colecção de Arte da Telefónica de España, 1991, pp. 16-21), a par de «Vertebração de uma identidade», de Francisco Calvo Serraller, e de «Hospitalidade e mecenato», breve introdução de Laila Ishi-Kawa, diretora-adjunta da FAT, que assumiria o comissariado da exposição.

As reproduções fotográficas do catálogo cobrem na íntegra as 86 obras que foram apresentadas e que perfaziam a primeira etapa consolidada das aquisições do fundo da Telefónica para o seu acervo de arte moderna e contemporânea (Arisa, El País, 20 jan. 1988). Então ainda muito recente, essa coleção baseava-se em quatro núcleos autorais: Pablo Picasso (1881-1973), Juan Gris (1887-1927), Luis Fernández (1900-1973), Antoni Tàpies (1923-2012) e Eduardo Chillida (1924-2002). Davam-se assim a conhecer ao público português 16 esculturas e 25 trabalhos sobre papel (desenhos e colagens) de Chillida; 11 pinturas de Gris (uma delas contendo uma das colagens de jornais celebrizadas no cubismo sintético); 13 peças de Tàpies, entre a pintura e as técnicas mistas que as aproximam da assemblagem; 17 pinturas (óleos e guaches) de um modernista mais incógnito, Luis Fernández, certamente a maior surpresa para os espectadores da mostra; e, finalmente, quatro trabalhos sobre papel da autoria de Picasso – um guache, um desenho a carvão e três a tinta.

Através da sua Subdirección General de Comunicación y Relaciones Corporativas, a Telefónica aproveitaria esta mostra na Gulbenkian para realizar um vídeo de divulgação da coleção, publicitando as suas missões e objetivos. A digitalização dessa cassete VHS encontra-se atualmente disponível para consulta na Biblioteca de Arte da FCG (Cota: VC 212). Nesse registo é possível vislumbrar a montagem do dispositivo, na qual destacamos a instalação de várias esculturas de Chillida nos jardins da Fundação.

Dos dois expositores então ainda vivos, Tàpies e Chillida, o último marcaria presença na inauguração, que se estenderia a um jantar/cocktail no Foyer do Grande Auditório da Sede da FCG. Todo o evento inaugural contou com uma comissão de honra, que conferiu um cunho diplomático à exposição. Constituiu-a o presidente da República Portuguesa, Mário Soares; o embaixador de Espanha em Portugal, José Joaquín Puig de la Bellacasa; o embaixador de Portugal em Espanha, Carlos Alberto Simões Coelho; o então presidente da Telefónica; o presidente da FCG, José de Azeredo Perdigão; e, ainda, João Soares, então vereador da Cultura da CML, que assinaria um dos textos de abertura do catálogo, ao lado da habitual apresentação a cargo de José Sommer Ribeiro (diretor do Centro de Arte Moderna e do Serviço de Exposições e Museografia da FCG).

Iniciada em meados da década de 1980, a Coleção de Arte da Telefónica é hoje um dos acervos ibéricos de referência. Especialmente vocacionada para a arte espanhola, expande-se atualmente no sentido de uma maior internacionalização.

Daniel Peres, 2018


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Publicações


Material Gráfico


Fotografias


Multimédia


Documentação


Periódicos


Páginas Web


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00226

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém orçamentos, informação relativa a seguros e transporte de obras, epistolografia diversa. Destacam-se as provas fotográficas de obras dos autores expostos para o catálogo em micas acid-free. 1991 – 1991


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