Picasso 77 Gravuras, 1930 – 1971

Centenário do Nascimento de Pablo Picasso

Exposição de itinerância internacional, organizada pelo Ministério da Cultura de Espanha, evocativa do centenário do artista andaluz Pablo Picasso (1881-1973). A mostra contou com um total de 77 gravuras, realizadas entre 1930 a 1971, com temas como o do artista no ateliê, Ovídio e o Minotauro, e referências a Rembrandt.
International travelling commemorative exhibition arranged by Spain's Ministry of Culture for the centenary of Pablo Picasso (1881-1973). The show comprised 77 of the Andalusian artist's prints, produced between 1930 and 1971, representing such themes as the artist in his studio, Ovid and the Minotaur, and references to Rembrandt.

Exposição evocativa do centenário de Pablo Picasso (1881-1973), organizada pelo Ministério da Cultura de Espanha e promovida pela Embaixada de Espanha em Portugal para ser apresentada em Lisboa, contando para tal com a colaboração da Fundação Calouste Gulbenkian, através do seu Serviço de Exposições e Museografia.

Quando a Embaixada de Espanha em Portugal contactou a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), já esta havia tomado algumas diligências junto dos representantes legais do pintor Pablo Picasso, no sentido de se assinalar na FCG o centenário do seu nascimento. Indo ao encontro dos anseios da FCG, esta proposta foi prontamente aceite e acertados os detalhes para a apresentação em Portugal da exposição dedicada à obra gráfica de Pablo Picasso, após ter estado patente em 12 cidades espanholas, em Roma e em Washington.

A mostra reuniu um total de 77 gravuras do artista andaluz, fruto da produção gráfica de quatro décadas, cobrindo o período de 1930 a 1971. Os exemplares expostos foram cedidos para o efeito pelo Museo de Arte Contemporáneo (Madrid) e pela Real Academia de Bellas Artes de San Fernando. As obras selecionadas correspondiam a uma importante seleção da obra gravada do artista, que à data contabilizava 2200 gravuras.

Tratava-se, na sua maioria, de edições com 50 provas e, em alguns casos, de 250 provas gravadas sobre cobre, zinco, pedra litográfica e linóleo, com técnicas que passavam pela água-forte, pela água-tinta, ponta-seca, pincel, pena e lavis e buril.

O discurso da exposição foi construído em torno da cronologia das obras, começando com a série Suite Vollard (1930-37), designada com o nome do patrocinador do trabalho, o marchand de arte francês Ambroise Vollard. Estas gravuras apresentavam a recorrência de temas como o do artista no ateliê, Ovídio e o Minotauro, e referências a Rembrandt, marcadas por inscrições lineares e de linhas cruzadas. O conjunto integrava ainda algumas gravuras posteriores, realizadas em 1946, nas quais o artista retratava a sua musa, Françoise Gilot. Seguia-se uma série de linóleos a cores, de 1959-1962, de uma grande diversidade temática, entre os quais se destaca uma série de cabeças femininas. Outro dos destaques da exposição eram os trabalhos de 1968, inspirados n’A Celestina (1499), de Fernando de Rojas.

O historiador e crítico de arte José-Augusto França destacaria a versatilidade de Picasso na sua obra gravada, a par de outras áreas artísticas em que, inevitavelmente, se destacou: «[…] em provas sucessivas vemos bem como ele [Picasso] altera o desenho ou o projecto inicial, modificando formas e expressões, indiferentes ao jogo consequente da actividade corrente de gravar. Gravando, dir-se-á que Picasso joga consigo próprio, como se pintasse ou modelasse, levando a prática a uma multiplicação de práticas que a todo o momento se refazem. E aí está o interesse da produção gravada do artista para o esclarecimento da sua obra.» (França, Colóquio/Artes, set. 1982, pp. 68-69)

As atividades de extensão cultural desta exposição, resultantes da colaboração da Embaixada de França em Portugal, que foi responsável pela cedência do material audiovisual, integraram a projeção de vários filmes relacionados com a temática. Foram também organizadas duas conferências, proferidas por Federico Sopeña Ibáñez e Rosa Subirana, diretores, à época, do Museu do Prado e do Museu Picasso de Barcelona, respetivamente.

A respeito do catálogo, na sua crítica à exposição, Manuela de Azevedo referiria nos seguintes termos a qualidade da publicação: «Um catálogo muito bem elaborado dava todas as reproduções da obra exposta, cada uma delas contendo preciosas notas que identificam a sua genealogia e, dia a dia, o lugar onde foram criadas.» (Azevedo, Diário de Notícias, 11 jul. 1982)

O catálogo contava igualmente com ensaios sobre a obra gráfica de Picasso da autoria de Enrique Lafuente Ferrari, Antonio Gallego, Enrique Azcoaga e Santiago Anón. A avaliar pelo número de pedidos de venda destes exemplares, tudo leva a crer que a exposição tenha tido um forte impacto junto do público português.

Filipa Coimbra, 2017

Exhibition for the hundredth anniversary of Picasso’s birth organised by Spain’s Ministry of Culture and promoted by the Embassy of Spain in Portugal to be held in Lisbon, with cooperation from the Calouste Gulbenkian Foundation’s Exhibitions and Museography Department.

When the Embassy of Spain in Portugal contacted the Calouste Gulbenkian Foundation (FCG), it had already had some contact with the painter Pablo Picasso’s legal representatives in order to mark a hundred years since his birth at the FCG. Satisfying some of the FCG’s desires, this proposal was quickly accepted and the details were arranged for the exhibition in Portugal of Pablo Picasso’s graphic work – which was done using a range of media – having already been shown in Rome, Washington and 12 Spanish towns.

The event included a total of 77 prints by the Andalusian artist, the result of four decades of graphic work, covering the period from 1930 to 1971. The examples exhibited were loaned for the purpose by the Museo Español de Arte Contemporáneo (Madrid) and by the Real Academía de Bellas Artes de San Fernando. The works selected were an important selection of the artist’s printwork, which at the time totalled 2,200 engravings.

They were mostly editions with 50 proofs and in some cases 250 proofs engraved into copper, zinc, lithographic stone and linoleum, using techniques ranging from etching to aquatint, drypoint, paintbrush, quill, brush etching and burin.

The exhibition process was built around the chronological order of the pieces, starting with the Suite Vollard series (1930-1937), named after the work’s sponsor, French art dealer Ambroise Vollard (1866-1939). These prints include recurring themes such as the artist in his studio, Ovid and the Minotaur, and references to Rembrandt, marked by linear inscriptions and crossed lines. The group also included some later engravings, made in 1946, in which the artist depicted his muse, Françoise Gilot (1921). There was then a series of colour linoleums, dating from 1959-1962, covering a wide range of themes, including a series of female heads. Another of the exhibition highlights were pieces from 1968, inspired by La Celestina, by Fernando de Rojas (c. 1499).

Art historian and critic José-Augusto França (1922) underlined the Picasso’s versatility in his engraved work, alongside the other artistic fields in which he obviously stood out:

“(...) in successive proofs, we can see how he [Picasso] changes the drawing or initial plan, modifying shapes and expressions, indifferent to the game involved in the current activity of engraving. When engraving, we could say that Picasso plays a game with himself – as if he were painting or moulding, taking the practice to a multiplication of practices that are constantly being remade. And that is where the interest of the artist’s engraved production lies, to explain his work (França, Colóquio. Artes, Sept. 1982, pp. 68-69).

The cultural extension activities for the exhibition, resulting from cooperation with the Embassy of France in Portugal, which was responsible for loaning audiovisual material, included the projection of several films related to the theme. Two conferences were also organised, given by Federico Sopeña Ibáñez (1917-1991) and Rosa Subirana (1948), then director of the Museo del Prado and the Museo Picasso de Barcelona respectively.

With regard to the catalogue, Manuela de Azevedo, in her review of the exhibition, discussed the publication in the following terms:

“A very well put-together catalogue included all the reproductions of the works exhibited, each containing precious notes identifying its genealogy and, day to day, the place where they were made” (Azevedo, Diário de Notícias, 11 Jul. 1982).

The catalogue also included essays on the graphic work by Picasso de Enrique Lafuente Ferrari (1898-1985), António Gallego, Enrique Azcoaga (1912-1985) and Santiago Anón. The number of requests for the catalogue to be put up for sale suggests that the exhibition had a significant impact on the Portuguese public.


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Ciclo de cinema

[Pablo Picasso]

7 jul 1982 – 18 jul 1982
Fundação Calouste Gulbenkian
Lisboa, Portugal
Ciclo de conferências

[Pablo Picasso]

6 jul 1982 – 13 jul 1982
Fundação Calouste Gulbenkian / Museu Calouste Gulbenkian – Sala de Conferências
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM 00254

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém orçamentos, correspondência recebida e expedida e recortes de imprensa. 1981 – 1984

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0110-D00358

24 provas, p.b.: inauguração (FCG, Lisboa) 1982

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/019-D02150

9 provas, p.b.: inauguração (FCG, Lisboa) 1982


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