Microbiota determinada por envelhecimento e competição

Dois estudos com descobertas surpreendentes são publicados na última edição da revista científica CURRENT BIOLOGY.
11 mar 2020

Os grupos de investigação do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) que estudam evolução, imunidade e microbiologia desvendaram novos mecanismos na microbiota: na população mais idosa, a bactéria E. coli, evolui de forma que se pode tornar potencialmente patogénica e aumentar o risco de doenças e, segundo dados obtidos num outro estudo, o metabolismo da mesma bactéria presente na microbiota difere se esta estiver sozinha ou acompanhada.

As descobertas estão publicadas na última edição da revista científica CURRENT BIOLOGY.

O grupo de investigação liderado por Isabel Gordo olhou para uma população de ratinhos jovens e uma população de ratinhos mais velhos e de que forma a bactéria E. coli evolui em ambas as comunidades. O dado surpreendente que resultou deste trabalho mostrou que a E. coli evolui na população mais velha de forma que se pode tornar potencialmente patogénica e aumentar o risco de doenças. A inflamação associada à idade mais avançada dos órgãos confere um fator de stress acrescido à bactéria levando-a a evoluir para uma versão mais perigosa para a saúde do hospedeiro.

O grupo de investigação liderado por Karina Xavier descobriu que o metabolismo da bactéria E. coli difere se esta estiver sozinha ou na companhia de outra (2). Quando introduzida no hospedeiro sozinha, a E.coli, mostrou ser um ótimo colonizador, ganha bastante espaço no seu meio, e consome aminoácidos. Já quando é introduzida na companhia de outra bactéria da microbiota, a Blautia coccoides, a investigação revelou que as alterações genéticas da bactéria acontecem de uma forma mais rápida decorrente da interação: passa a haver competição por nutrientes disponíveis e ao mesmo tempo a E.coli passa a consumir outros nutrientes só disponíveis com a presença de outras bactérias.

Impulsionados pela descoberta de mecanismos associados à microbiota (o conjunto de micróbios que compõem a flora intestinal) e ao seu impacto na saúde, os dois artigos científicos agora publicados nascem de trabalhos desenvolvidos anteriormente no IGC e que envolvem três Grupos de Investigação. Em 2014, quando pela primeira vez os investigadores perceberam que a bactéria E. coli, quando introduzida no hospedeiro, desenvolvia mutações genéticas com uma rapidez e frequência nunca antes antecipada, surgiram novas perguntas: Qual a influência das outras espécies de bactérias do intestino neste processo? Que influência tem o envelhecimento do hospedeiro no processo? Que impacto tem a inflamação na evolução da microbiota? Que mutações genéticas ocorrem e como acontecem? 

 

Definição de Cookies

Definição de Cookies

Este website usa cookies para melhorar a sua experiência de navegação, a segurança e o desempenho do website. Podendo também utilizar cookies para partilha de informação em redes sociais e para apresentar mensagens e anúncios publicitários, à medida dos seus interesses, tanto na nossa página como noutras.