Desvendado tesouro da biodiversidade de Madagáscar

Investigadores identificam nova espécie de rato-de-cauda-tufada
29 jan 2024

Num esforço internacional, investigadores do IGC, identificaram uma espécie até agora desconhecida de rato-de-cauda-tufada (género Eliurus) na floresta da Montagne d’Ambre, no norte de Madagáscar.  A descoberta, publicada na revista Molecular Phylogenetics and Evolution, vem realçar a extraordinária biodiversidade da região e surge num cenário severo de perda e fragmentação do habitat, ameaçando a sobrevivência destas espécies únicas.

Madagáscar, reconhecido como um hotspot de biodiversidade e riqueza de espécies, enfrenta desafios crescentes decorrentes da perda de habitat. Os investigadores do IGC têm realizado trabalho de campo em Madagáscar desde 2005 e tem acompanhado pequenos mamíferos (lémures-rato, ratos invasores e ratos endémicos) desde 2010. O rato-de-cauda-tufada destaca-se como o género mais específico de roedores endémicos em Madagáscar, com 13 espécies descritas. Estes roedores habitam dois tipos principais de habitat – florestas secas e húmidas, tornando-os um modelo ideal para estudar a adaptação das espécies a diversos ambientes e as suas respostas à perda de habitat. Durante o estudo agora publicado, a equipa de investigação adquiriu amostras de animais, extraiu ADN e obteve dados genómicos em colaboração com instituições parceiras em Toulouse.

Neste que é o primeiro estudo genómico realizado em roedores endémicos de Madagáscar, os investigadores compararam os dados genómicos de todas as amostras recolhidas no norte de Madagáscar. Também compararam ADN mitocondrial recolhido com uma base de dados com sequências de ADN da maioria das espécies de Eliurus (10 das 13 reconhecidas). Gabriel Scarlata e Lounès Chikhi, primeiro e último autor do estudo, afirmam que “adicionar uma 14ª espécie é uma grande surpresa para a equipa! Aplicámos muitas abordagens para verificar se a espécie identificada diferia das mais próximas.” As descobertas não pararam por aqui. Segundo os investigadores, o estudo revelou que “estas espécies também estão presentes nas florestas húmidas do norte de Madagáscar. Um dado novo e contrário ao entendimento anterior, que relatava que estas espécies se encontravam principalmente nas florestas secas do oeste de Madagáscar.” É impressionante como após anos de investigação em Montagne d’Ambre, ainda se continuam a descobrir novas espécies de mamíferos.

 

Para o líder do grupo de investigação de Genética de População e Conservação do IGC, e investigador do CNRS, Lounès Chikhi, “As descobertas de uma elevada ocorrência de espécies de Eliurus adaptadas à seca em habitats húmidos sugere que algumas destas espécies podem conter informação genética relevante para a compreensão das mudanças climáticas e da conectividade passada. Além disso, este pode ser um excelente modelo para estudar a base genómica da adaptação a habitats secos e húmidos”, sublinhando a necessidade de amostrar e realizar trabalho de campo em florestas e ambientes naturais em Madagáscar e em todo o mundo.

Além disso, a descoberta mostra como os dados genómicos são essenciais para essa tarefa em grupos com pouca diversidade morfológica e acrescenta um novo capítulo à narrativa da biodiversidade de Madagáscar, onde é urgente implementar ações de conservação direcionadas para salvaguardar estas espécies notáveis das ameaças crescentes que enfrentam.

O projeto foi financiado pelo CNRS, BiodivERsA COFUND, Fundação para a Ciência e Tecnologia, German Bundesministerium für Bildung und Forschung, Agence Nationale de la Recherche, Laboratoires d’Excellence (LABEX) TULIP and CEBA, e o International Laboratory Project–Bioinformatics, Ecology, Evolution, Genomics and Behaviour.

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