Uma equipa de investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) demonstrou que as estruturas sociais de algumas populações de animais são cruciais para compreender a manutenção da sua diversidade genética.
Além de uma estrutura espacial, os vertebrados podem organizar-se em grupos sociais que podem ir desde pares temporários de indivíduos até hierarquias muito complexas. Algumas organizações sociais implicam acasalamento entre indivíduos geneticamente próximos entre si, também conhecido como consanguinidade. Isto pode contribuir para uma diminuição da diversidade genética e aumentar a prevalência de combinações genéticas prejudiciais.
O estudo publicado na revista Heredity focou-se numa espécie de lémures de Madagáscar, o sifaka de coroa-dourada (Propithecus tattersalli), uma das mais emblemáticas e atualmente ameaçada de extinção, e revela que a estrutura social pode contribuir para a manutenção de níveis altos de diversidade genética sem necessidade de invocar mecanismos para evitar a consanguinidade.
A equipa liderada por Lounès Chikhi propôs um novo modelo computacional que modela a estrutura social, contrariamente aos modelos de genética de populações atualmente existentes que tendem a ignorar este parâmetro. Os resultados mostram que a diversidade genética descrita em sifakas na natureza consegue ser reproduzida pelo modelo, particularmente quando os mecanismos para evitar consanguinidade não são considerados.
Este estudo realça a importância da estrutura social para a melhor compreensão da diversidade genética de espécies ameaçadas e, no contexto da crise ambiental global, traz perspectivas importantes para salvá-las da extinção.
Leia mais sobre esta investigação no artigo publicado pela autora principal do estudo, Bárbara Parreira, no blog da Nature Ecology & Evolution.
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