Exposição organizada em conjunto pelo Serviço de Música, então dirigido por Maria Madalena de Azeredo Perdigão, e pelo Serviço de Museu da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), dirigido por Maria Teresa Gomes Ferreira, no âmbito do V Festival Gulbenkian de Música. 

Concebida como uma realização cultural que visava «dar a conhecer e a valorizar a música de tempos idos» (Exposição Internacional…, 1961), esta mostra integrou-se numa linha de atuação da FCG cujo objetivo era estimular e divulgar a investigação musicológica. Pretendia-se, então, apresentar «uma visão panorâmica da história da música», através da exibição sistemática de instrumentos musicais representativos de várias épocas (do século XVI ao século XIX) e proveniências (Ibid.).

A narrativa desta exposição centrava-se na apresentação da evolução dos instrumentos, «importante contributo para facilitar a compreensão da música […] e o conhecimento do estilo dos autores». Era ainda dado destaque à sua valorização enquanto objetos, uma vez que «a beleza artística de muitos deles [é] fonte segura de enriquecimento estético e cultural» (Ibid.).

Além de instrumentos, foram expostas tapeçarias e pinturas alusivas à música, «de maneira a documentar a forma por que os instrumentos eram utilizados, o tipo de pessoas que deles se serviam e os géneros de música que nas respectivas épocas se cultivaram, e ainda, nalguns casos, as características de certos instrumentos de que não foi possível conseguir exemplares» (Ibid.). O alargamento da exposição a estas manifestações artísticas foi aplaudido pela crítica, por avolumar «grandemente o interesse visual» da mostra (Ribeiro, Colóquio. Revista de Artes e Letras, n.º 15, out. 1961).

Os instrumentos expostos foram cedidos por várias instituições, nacionais e estrangeiras, e ainda por alguns particulares. As tapeçarias e os quadros foram cedidos, na sua maioria, por museus nacionais.

Refira-se que, no intuito de «contribuir para a valorização do património nacional» e de «prolongar os benefícios culturais da Exposição para além do período da sua abertura ao público», o Conselho de Administração da FCG deliberou promover o restauro de um clavicórdio pertencente ao Museu Regional de Aveiro, de um pequeno órgão pertencente ao Conservatório Nacional e ainda de vários instrumentos de corda e arco (Exposição Internacional…, 1961).

No decorrer da exposição, foram executadas obras de autores antigos nos instrumentos para os quais foram compostas, numa iniciativa intitulada «Quartos de Hora Musicais».

Para a organização desta iniciativa, a FCG recorreu aos serviços de consultadoria do crítico e musicólogo Santiago Kastner (1908-1992), professor do Conservatório Nacional.

Joana Baião, 2015