Exposição coletiva e fora de portas organizada em parceria pelo Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão (CAMJAP) e pela Tate Britain, integrada nas Comemorações do Cinquentenário da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) e inaugurada a 10 de março de 2006. Com curadoria de Ana Vasconcelos (curadora do CAMJAP) e de Chris Stephens (responsável pelas exposições da instituição londrina), a mostra integrou uma seleção de 24 obras de arte britânica pertencentes à coleção do CAMJAP, com peças dos anos 60 e 80.

A coleção de arte britânica contemporânea do CAMJAP, uma das maiores fora do Reino Unido, surgiu de um pedido de ajuda que a Fundação Calouste Gulbenkian lançou ao British Council, a fim de adquirir o conjunto de obras que formaria o seu núcleo central. Até 1970, muitas dessas obras figuraram em destacadas exposições internacionais, como as Bienais de Veneza, São Paulo e Paris, e, um ano mais tarde, as principais obras adquiridas foram apresentadas na exposição «100 Obras de Arte Britânica Contemporânea da Fundação Calouste Gulbenkian», que esteve patente na Galeria de Exposições Temporárias da FCG. A partir de 1983, a coleção concentrar-se-ia em Portugal (Canelas, Público, 21 fev. 2006).

A exposição foi programada por Jorge Molder, diretor do CAMJAP e por Stephen Deuchar, diretor da Tate Britain. Segundo explicaria Ana Vasconcelos ao DN, a mostra «adequa-se ao espaço da Tate e dialoga com as peças da sua colecção permanente, apresentando algumas das melhores e mais emblemáticas obras da arte britânica, nomeadamente, dos anos 60» (Lobo, Diário de Notícias, 10 mar. 2006). Entre os 22 artistas representados, destacavam-se nomes como o de David Hockney, Bridget Riley, Patrick Caulfield, Rachel Whiteread, Peter Blake e Paula Rego, artista que fixou residência em Londres a partir de 1976. Seria justamente de Paula Rego a peça central da exposição, Proles Wall (1984), «pelas suas invulgares características técnicas e dimensão e ainda pelo seu significado na história da artista» (Relatório Balanço e Contas. FCG, 2006, 2007, p. 79).

A exposição ocupou três salas do museu britânico, assumindo a primeira (a chamada «Goodinson Room») um caráter mais documental. Além das cinco pinturas (de Alan Davie, Ian Stephenson, Harold Cohen, Mark Lancaster e Roger Hilton) e duas fotografias (de Tim Head e Hamish Fulton), este núcleo ilustrou a relação entre as duas instituições, nomeadamente as «condições em que nasceu a colecção de arte britânica da fundação, procurando explicar ao visitante como se chegou ao conjunto de 418 peças criadas entre 1959 e a actualidade» (Canelas, Público, 21 fev. 2006).

A segunda sala, dedicada aos anos 60 do século XX apresentava apenas obras da coleção do CAMJAP (onze pinturas e duas esculturas) que espelhavam a relação entre a primeira e a segunda gerações da Pop Art britânica, reunindo, por exemplo, Peter Blake (1932), Patrick Caulfield (1936) ou Antony Donaldson (1939) a par das duas pinturas a preto-e-branco de Bridget Riley (1931), Metamorphosis (Inv. PE158) e Shuttle (Inv. PE159), ambas de 1964, que estão na origem do que nesse mesmo ano foi designado por Op Art, ou das obras dos escultores Isaac Witkin (1936-2006), Volution (1964) (Inv. EE21), e Michael Bolus (1934-2013), Bowbend (1964) (Inv. EE25). O núcleo terminava com a obra de Howard Hodgkin (1932-2017), Mr. and Mrs. Patrick Caulfield (1969/70) (Inv. PE223), datada do último ano dessa mesma década.

A terceira e última sala, dedicada aos anos 80, reunia obras de ambas as coleções, incluindo a escultura Assemblage (1987), de Bill Woodrow, a escultura Yellow Leaf (1989), de Rachel Whiteread, ou a pintura figurativa English Landscape with a Disruptive Gene (1987), de Steven Campbell.

A inauguração ocorreu dias depois do início da terceira edição da «Tate Triennial Exhibition», a 1 de março de 2006, nesse ano apoiada pela FCG e com curadoria de Beatrix Ruf, diretora da Kunsthalle Zürich. De acordo com Ana Vasconcelos, estes eventos serviram para sublinhar «as relações histórias entre as duas instituições» (Vasconcelos, Newsletter. Fundação Calouste Gulbenkian, n.º 71, mar. 2006, p. 8).

As obras da segunda e terceira salas mantiveram-se abertas ao público durante cerca de um ano, ao contrário das patentes na «Goodinson Room» – núcleo da exposição essencialmente documental, conforme já se assinalou, patente ao público até 14 de maio, para coincidir com a «Tate Triennial Exhibition».

No âmbito desta iniciativa, a coleção britânica do CAMJAP foi disponibilizada na sua totalidade (418 obras na altura) no website oficial da instituição, tarefa assegurada por Ana Vasconcelos.

Joana Atalaia, 2019