A exposição «Patrick Caulfield. Serigrafias» foi uma das muitas colaborações entre a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) e o British Council para trazer a Portugal as itinerantes desse organismo britânico.

Protagonista destacado da Pop Art britânica, Caulfield já figurava, desde 1970, na Coleção de Arte Britânica da FCG com a pintura View of the Bay, de 1964 (Inv. PE250). A Fundação acolhia agora um conjunto de 63 serigrafias do autor, acentuando esta técnica de imagem como um dos meios mais pertinentes da linguagem pop. O crítico Alexandre Pomar, nas curtas linhas que dedica à exposição, foca a centralidade desse «uso exemplar da serigrafia como processo de criação e não apenas de reprodução» (Pomar, Expresso, 20 mai., 1989).

A exposição reunia provas executadas entre 1967 e 1987, testemunhando vinte anos de uma produção que, na frieza das cores planas de tons industriais, emprestou sempre um certo pendor enigmático à representação de um quotidiano aparentemente banal. E não será esse um dos principais busílis críticos da Pop: realçar que na mundanidade dos artefactos e modos de vida mais prosaicos há um caudal meditativo, existencialista e até trágico?

O acervo pertencia na sua quase totalidade à Waddington Galleries, e já tinha sido exposto no Brasil, no Chile e no Uruguai antes de chegar a Portugal, onde inauguraria, a 11 de maio de 1989, na Sala de Exposições Temporárias do Centro de Arte Moderna (CAM). O artista esteve presente (Projeto enviado pelo British Council a José Sommer Ribeiro, abr. 1989, Arquivos Gulbenkian, CAM 00054).

A exposição ficaria patente em Lisboa apenas até 24 de maio de 1989, partindo de seguida para a Casa de Serralves, no Porto, então dirigida por Fernando Pernes.

Em 1992, a FCG seria contactada pela Serpentine Gallery para a realização de uma retrospetiva da obra do artista em Lisboa (Ofício de Andrea Schlieker para José Sommer Ribeiro, 1 jul. 1992, Arquivos Gulbenkian, CAM 00057). Dado o preenchimento do calendário de exposições, a Fundação declinou o convite, frisando que se empenharia em manter relações institucionais com a galeria londrina, na perspetiva de futuras colaborações (Carta de José Sommer Ribeiro para Andrea Schlieker, 14 jul. 1992, Arquivos Gulbenkian, CAM 00057).

Todavia, em 1999, Caulfield mereceria efetivamente uma retrospetiva na Fundação, novamente coorganizada com o British Council, e desta feita em parceria com a Hayward Gallery (Arquivos Gulbenkian, CAM 00430).

Nos elos entre Patrick Caulfield e a Gulbenkian, merece referência o caso notável do artista português Ruy Leitão (1949-1976), que foi aluno de Caulfield no Chelsea School of Arts (Londres), na década de 60, e cujo espólio artístico foi, em parte, doado à Fundação Calouste Gulbenkian.

Daniel Peres, 2018