Orquestra Gulbenkian com maestrina Joana Carneiro
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Orquestra Gulbenkian
Joana Carneiro Maestrina
Varoujan Bartikian Violoncelo
Claude Debussy
Prélude à l’après midi d’un faune (arranjo supervisionado por A. Schönberg)
Composição: 1894
Estreia: Paris, 22 de dezembro de 1894
Duração: c. 10 min.
A presença de elementos da natureza na atividade criativa de Claude Debussy e de outros compositores ativos em França na transição para o século XX, entre os quais Maurice Ravel, Paul Dukas e Frederick Delius, trouxe consigo associações frequentes à corrente do Impressionismo, ainda que, sob a aparência vaga e generalizadora de algumas destas analogias com o domínio plástico, tivessem ficado esquecidas as especificidades estético-estilísticas individuais, bem como as influências de outras áreas de expressão intelectual, designadamente da literatura. A relação com este último domínio aparece em destaque no célebre Prélude à l’après-midi d’un faune, uma das páginas orquestrais mais célebres de Debussy, ao lado dos três esboços sinfónicos que constituem La mer. Trata-se aqui da evocação de uma natureza mítica, tal como representada em Prélude, interludes et paraphrase finale pour l’après-midi d’un faune, um dos mais belos poemas do escritor Stéphane Mallarmé (1842-1898), representante destacado do movimento simbolista francês na segunda metade do século XIX.
Do projeto inicial de composição, em três andamentos, Debussy reteve apenas o Prelúdio, composto entre 1892 e 1894, no mesmo período em que foi iniciada a composição da ópera Pélleas et Mélisande. É o compositor quem melhor explicita o significado da obra, com as seguintes palavras: “…uma ilustração muito livre do belo poema de Stéphane Mallarmé, mas que não pretende, de nenhum modo, ser uma síntese do mesmo. São antes os quadros sucessivos através dos quais se movem os desejos e os sonhos de um fauno no calor do início da tarde. Depois, em lugar de seguir o curso da fuga amedrontada das ninfas e das náiades, entrega-se antes a um estado inebriante, repleto de sonhos enfim realizados, de possessão total na natureza universal”. A peça de Debussy serviria de base para o bailado L'après-midi d'un faune, coreografado por Vaslav Nijinsky para os Ballets Russes e estreado no Théâtre du Châtelet, em Paris, em maio de 1912.
Rui Cabral Lopes
Piotr Ilitch Tchaikovsky
Variações sobre um tema rococó, para violoncelo e orquestra, op. 33
Thema: Moderato assai quasi andante
– Var. I: Tempo della Thema
– Var. II: Tempo della Thema
– Var. III: Andante sostenuto
– Var. IV: Andante grazioso
– Var. V: Allegro moderato
– Var. VI. Andante
– Var. VII e Coda: Allegro vivo
Composição: 1876-1877
Estreia: Moscovo, 18 de novembro de 1877
Duração: c. 18 min.
As Variações sobre um tema rococó, op. 33, foram compostas entre 1876 e 1877. A obra seria estreada em Moscovo por Wilhelm Fitzenhagen, o dedicatário que, na ausência do compositor, alterou substancialmente a obra, introduzindo inúmeras modificações na parte do solista: eliminou uma variação e subverteu a ordem das restantes e do posicionamento das cadências, para que a obra se tornasse supostamente mais apropriada para a exibição solística. Foi nesta versão adulterada, e não autorizada pelo compositor, que as Variações foram publicadas em 1878 e que têm sido interpretadas desde então. Trata-se de uma obra estilisticamente inspirada em Mozart, constituindo uma demonstração do quanto o compositor russo o idolatrava. Composta para uma orquestra de efetivo reduzido, à maneira do século XVIII, esta é uma obra de uma elegância nova na música de Tchaikovsky, consistindo numa série de variações sobre um tema criado pelo compositor ao estilo rococó.
A obra inicia-se com uma breve introdução em Lá maior, após o que o violoncelo apresenta um tema simples e de grande elegância. A 1.ª variação consiste numa figuração viva e graciosa em tercinas, enquanto a orquestra reafirma o tema principal. Já a variação seguinte enceta um diálogo entre o solista e a orquestra. Na 3.ª variação a tonalidade é alterada para Dó maior, sendo o tema mergulhado num ambiente mais contemplativo. A 4.ª variação regressa a Lá maior e o tema adquire grande vivacidade e agilidade. Os trilos que encerram essa variação mantêm-se no início da seguinte, até que a orquestra se impõe de forma galante. Depois de uma breve cadência do solista, a orquestra volta a prevalecer, dando lugar a uma cadência de maior dificuldade. A 6.ª variação recupera o tema, agora num ambiente melancólico e em Ré menor. Após uma curta pausa tem início a 7.ª variação, tecnicamente bastante exigente para o solista e que conduz a uma coda que encerra a obra com brilhantismo.
Luís Miguel Santos
Piotr Ilitch Tchaikovsky
Suite nº 4, em Sol maior, op. 61, Mozartiana
– Gigue: Allegro
– Menuet: Moderato
– Preghiera: Andante ma non tanto
– Thème et variations: Allegro giusto
Composição: 1887
Estreia: 14 de novembro de 1887
Duração: c. 25 min.
Piotr Ilitch Tchaikovsky escreveu a sua quarta e última Suite para Orquestra em 1887, materializando uma ideia que acalentava desde 1884, a de escrever uma suite baseada em peças de Wolfgang Amadeus Mozart. A oportunidade de concretizar este projeto surgiu com o advento das comemorações do centenário da primeira apresentação da ópera Don Giovanni (1787) de Mozart. A Suite op. 61 foi então apresentada pela primeira vez a 14 de novembro de 1887, em Moscovo, sob a direção do compositor.
Nesta obra, Tchaikovsky utilizou quatro peças de Mozart. Para o primeiro andamento escolheu uma Gigue escrita pelo compositor de Salzburgo em 1789 no livro de partituras de um organista de Leipzig. Nesta peça encadeou um Minuete, também originalmente para teclado, de 1780, utilizando em seguida uma transcrição para piano que Liszt havia feito da Preghiera do motete Ave verum de Mozart. O andamento final utiliza as variações para piano que Mozart realizou sobre um tema da ópera Les pèlerins de la Mecque ou La rencontre imprévue de C. W. Gluck. As dez variações permitem a Tchaikovsky utilizar toda a variedade e riqueza da paleta tímbrica orquestral, sendo esta suite puramente tchaikovskiana na sua textura, apesar de conhecida como Mozartiana. Pontificando como um tributo ao grande “mestre” do século XVIII, que Tchaikovsky admirava com uma reverência religiosa, ao mesmo tempo aproveitava a ocasião para levar a um público mais vasto o conhecimento das peças para teclado de Mozart, naquela época ainda relativamente pouco conhecidas na Rússia.
Miguel Martins Ribeiro
JARDIM DE VERÃO
Num ano em que o Jardim Gulbenkian é, mais do que nunca, um lugar de liberdade, e num tempo marcado pelos desafios à fruição artística, o Jardim de Verão apresenta-se com uma programação transdisciplinar e verdadeiramente eclética, a cargo da ZDB (Galeria Zé dos Bois).
Pensado para “salvaguardar um espaço inclusivo, mantendo uma atenção particular ao usufruto individual”, o programa parte das qualidades do Jardim para explorar vários caminhos que passam pela instalação, pela performance e pela música.
Conheça a programação
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Inspirado pelo Prelúdio de um belo poema do escritor simbolista francês Stéphane Mallarmé, o compositor Claude Debussy criou uma das suas composições orquestrais mais célebres. Nela se evocam a natureza mítica e os desejos e os sonhos de um fauno. Por seu lado, Tchaikovsky inspirou-se em Mozart não só para compor as Variações sobre um tema Rococó, o mais próximo que o compositor russo esteve de compor um concerto para violoncelo, mas também para a criação da Suite para Orquestra n.º4, na qual reafirma a sua admiração e reverência pelo grande vulto do século XVIII.