Exposição

Desenhos Britânicos na Colecção do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

Exposição de desenhos provenientes da coleção do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, que visou ilustrar a maioria das tendências da arte britânica dos anos 60. A mostra reuniu um conjunto de 47 trabalhos em papel e apresentou ao público um lado artístico normalmente considerado «menos nobre».

Exhibition of drawings from the collection of the José de Azeredo Perdigão Modern Art Centre, which sought to illustrate the major trends in British art from the 1960s. The show featured 47 works on paper and presented the public with a perspective on what is considered the “less noble” side of art.

Aspeto da exposição «Desenhos Britânicos na Colecção do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão», Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, Lisboa, 1996. Arquivos Gulbenkian, ID: 114997

Exposição de desenhos provenientes da coleção de arte britânica do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão (CAMJAP), representativos de grande parte das tendências da arte britânica nos anos 60 do século XX. Esteve patente na Galeria do piso 1 do CAMJAP entre 7 de março e 19 de maio de 1996.

A coleção de arte britânica pertencente ao CAMJAP surgiu depois de a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) ter solicitado o apoio do British Council para adquirir um conjunto de obras que formaria o núcleo central da coleção em questão. Até ao ano de 1970 muitas das obras do Centro de Arte Moderna marcaram presença em importantes exposições internacionais, como as Bienais de Veneza, São Paulo e Paris. Em 1971, as principais obras adquiridas foram apresentadas na exposição «100 Obras de Arte Britânica Contemporânea da Fundação Calouste Gulbenkian», que esteve patente na Galeria de Exposições Temporárias da Fundação Calouste Gulbenkian.

As obras adquiridas abrangeram várias disciplinas artísticas, incluindo pintura, escultura e desenho, que, segundo Jorge Molder e Rui Sanches, «constituem uma fascinante imagem da Arte Britânica dos anos sessenta, e são o resultado de uma política de aquisições coerente sustentada durante um determinado período de tempo» (Desenhos Britânicos na Colecção do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, 1996). A seleção dessas obras esteve a cargo de importantes personalidades, como o historiador de arte e ex-diretor da Tate Gallery, Alan Bowness, o pintor surrealista e historiador de arte, Roland Penrose, e o crítico de arte Herbert Read.

«Desenhos Britânicos na Colecção do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão» apresentou 47 obras em papel, da autoria de 20 artistas britânicos, datadas desde o final dos anos 50 até ao início dos anos 70, assinadas pelos mais importantes artistas deste período, entre eles Patrick Heron, John Wells, Keith Vaughan, Adrian Heath, David Hockney, entre outros.

Alguns dos trabalhos apresentados eram estudos para pinturas, ao passo que outros eram «desenhos autónomos, com um grau maior ou menor de experimentação, peças por vezes quase laboratoriais, mas tendo todas elas interesse enquanto obras em si mesmas» (Ibid.).

Comissariada por Ana Vasconcelos e Melo e pelo escultor português Rui Sanches, a exposição apresentou ao público português um lado artístico considerado «menos nobre», apesar de os desenhos e outros trabalhos em papel terem vindo a crescer na consideração do meio artístico português, uma vez que o desenho, «dadas as suas características, constitui uma via de acesso ímpar ao processo criativo do artista» (Ibid.).

De acordo com Joana Sousa Monteiro, esta exposição mostrou uma «variedade surpreendente de escolhas estéticas, consequência de diferentes heranças artísticas e motivações de criatividade individual». A museóloga diria ainda que esta mostra reuniu um conjunto de obras que serviram como testemunho das três principais correntes estéticas existentes na Inglaterra nos anos 60: «o neo-expressionismo, herdeiro do movimento germânico mas com especificidades poéticas próprias; o grupo de St. Ives, centralizador das vanguardas da abstracção, da segunda metade dos anos 50; e a primeira arte pop inglesa» (Monteiro, Já, 4 abr. 1996).

Entre os desenhos apresentados, foi possível ver trabalhos ligados à escola de St. Ives, representada por artistas como William Scott e Terry Frost, trabalhos emblemáticos da abstração pós-cubista, «comum na Europa do pós-guerra» e representada por Keith Vaughan e Adrian Heath, ou ainda criações de Gillian Ayres, com um caráter já mais próximo da Pop Art e que teve David Hockney como um dos principais representantes.

O catálogo da exposição, editado pela Fundação Calouste Gulbenkian, apresenta na capa um desenho em grafite e pastel da autoria de Gillian Ayres e contém a reprodução fotográfica de todas as obras exibidas, a que acrescem textos de introdução da autoria de Jorge Molder e de Rui Sanches e, por último, algumas notas biográficas sobre os artistas representados.

Posteriormente, em 1997, foi apresentada a exposição «A Ilha do Tesouro», que deu a ver um conjunto de 170 obras de 90 artistas britânicos, representativas da arte britânica contemporânea – pertencentes à coleção do CAMJAP e a outras coleções privadas.

Joana Atalaia, 2018

Exhibition of drawings belonging to the British art collection of the Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão [José de Azeredo Perdigão Modern Art Centre] (CAMJAP), representing most major trends in 1960s British art, on display in the Gallery on the first floor of the CAMJAP from 7 March to 19 May 1996.

The British art collection belonging to the CAMJAP was created when the Calouste Gulbenkian Foundation (FCG) requested the help of the British Council to acquire a group of works that would go on to form the basis of this collection. Until 1970, many of the pieces belonging to the Modern Art Centre were on show in major international exhibitions, such as the Venice, São Paulo and Paris Biennales. In 1971, the most significant of the works acquired were shown in the exhibition “100 Obras de Arte Britânica Contemporânea da Fundação Calouste Gulbenkian” (“100 British Contemporary Works of Art at the Calouste Gulbenkian Foundation”), held in the Temporary Exhibition Gallery of the Calouste Gulbenkian Foundation.

The works acquired spanned several artistic disciplines, including painting, sculpture and drawing and, according to Jorge Molder and Rui Sanches, “provide a fascinating picture of British Art in the sixties, and are the result of a coherent acquisition strategy sustained for a certain length of time” (Desenhos Britânicos na Colecção do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, 1996). The task of selecting these works was entrusted to prominent figures including art historian and former director of the Tate Gallery, Alan Bowness, surrealist painter and art historian Roland Penrose and art critic Herbert Read.

“Desenhos Britânicos na Colecção do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão” (“British Drawings in the José de Azeredo Perdigão Modern Art Centre Collection”) encompassed 47 works on paper by 20 British artists, dating from the end of the 1950s to the early 1970s and featuring some of the most prominent artists of the period, among them Patrick Heron, John Wells, Keith Vaughan, Adrian Heath and David Hockney.

Some of the works on display were studies for paintings, while others were “stand-alone drawings of varying degrees of experimentation, pieces that were, at times, almost like laboratories, but always interesting as works in their own right” (Ibid.).

Curated by Ana Vasconcelos e Melo and Portuguese sculptor Rui Sanches, the exhibition presented to the public what is often still considered a “more humble” form of art, though drawings and other works on paper have gained increasing respect in the Portuguese art world as drawing, “by its very nature, offers an unparalleled entry point into the artist’s creative process” (Ibid.).

According to Joana Sousa Monteiro, this exhibition showed a “surprising variety of aesthetic choices, the result of differing artistic backgrounds and individual creative motivations”. The museologist also explained how this exhibition brought together a group of works that illustrated the three major aesthetic trends in 1960s England: “neo-expressionism, heir to the German movement but with its own poetic language; the St. Ives Group, a hotbed of abstract experimentation from the second half of the 1950s onwards; and the early days of English pop art” (Monteiro, Já, 4 Apr 1996).

Among the drawings exhibited were works by artists associated with the St. Ives school, represented by figures such as William Scott and Terry Frost and iconic examples of post-cubist abstraction, “common in Europe in the post-war period” and represented here by Keith Vaughan and Adrian Heath, as well as creations by Gillian Ayres, whose style foreshadowed the Pop Art of artists like David Hockney.

The cover of the exhibition catalogue, published by the Calouste Gulbenkian Foundation, featured a graphite and pastel drawing by Gillian Ayres, while inside it contains photographic reproductions of all of the works exhibited with introductory texts by Jorge Molder and Rui Sanches, as well as a brief biography of the artists represented.

A follow-up exhibition, entitled “A Ilha do Tesouro” (“Treasure Island”), was held in 1997, and featured a total of 170 works by 90 British artists representing contemporary British art, from the CAMJAP collection and other private collections.