Tarefas Infinitas. Quando a Arte e o Livro se Ilimitam

Exposição que resultou da colaboração entre o Museu Calouste Gulbenkian e a Biblioteca de Arte da FCG. O exercício demonstrava a diversidade e a qualidade dos espécimes bibliográficos de que a Fundação dispunha. Associaram-se ainda algumas obras da coleção do Centro de Arte Moderna, além de obras vindas de numerosos outros emprestadores.
Exhibition resulting from a collaboration between the Calouste Gulbenkian Foundation and the Gulbenkian Art Library, aimed at displaying the vast range and quality of the collection at the Foundation's disposal, and including works from the Gulbenkian Modern Art Centre amongst a variety of other lenders.

Comissariada por Paulo Pires do Vale, a convite das direções do Museu Calouste Gulbenkian e da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), esta exposição, com projeto museográfico de Mariano Piçarra, assumiu um título inspirado numa conferência proferida em Viena, em 1935, pelo filósofo alemão Edmund Husserl, em que este aludia ao momento a partir do qual o homem passava a dedicar-se às «tarefas infinitas» como ser criador de cultura, a essência da humanidade europeia. A proposta curatorial e ensaística de Paulo Pires do Vale, se indicava um caminho de reflexão, um fio condutor, apresentava-se igualmente como uma possibilidade de leitura entre muitas possíveis, concorrendo para a mesma ideia do livro enquanto enunciado cuja capacidade operativa e interpretativa nunca se esgota.

Desde logo, o comissário da exposição advertiu para a dificuldade de se expor um livro e a leitura do livro, explicitando que o que era exposto representava um «fragmento», o que omitia um número indeterminado de escolhas possíveis. Não sendo possível expor a experiência, os objetos funcionavam como «operadores estéticos». O curador insistiria na ideia da capacidade combinatória e ressignificativa dos elementos, pela «consciência de que uma citação, uma ideia, uma imagem, uma obra, se transforma em contacto com outra» (Tarefas Infinitas…, 2012, p. 13).

A possibilidade do tradicional manuseamento e a leitura corrida dos livros foi remetida para a Biblioteca de Arte, em cuja sala de leitura foi disponibilizado, em acesso livre, um conjunto de livros ilustrados e de livros de artista de autores portugueses contemporâneos.

Esta foi uma exposição que procurou refletir sobre os limites do livro e da arte, fomentando uma circulação de dois sentidos entre a galeria e a biblioteca, atendendo à sua concomitância e à sua autonomia. Ao invés de se restringir a uma apresentação exclusiva de livros de artista, como inicialmente havia sido pensada, estabeleceu «antes um lugar de “ensaio” no sentido filosófico», articulando relações dinâmicas entre as obras selecionadas, nos seus variados suportes (livros, pinturas, esculturas, instalação e vídeo), considerando não só a sua singularidade mas também as relações dinâmicas que entre eles se estabelecem (Tarefas Infinitas…, 2012, p. 9). Deste modo, procurando romper com a tradicional tipologia de exposição bibliográfica, o curador argumenta que a «montagem […] não se faz com o igual, mas com o heterogéneo» (Ibid., p. 13).

Nesta diversidade de suportes, recorreu-se também ao vídeo. Os trabalhos Journey to the Moon (2003), de William Kentridge (1955), Encyclopedia Britannica (1971), de John Latham (1921-2006), e um excerto do filme JLG par JLG (1995), de Jean-Luc Godard (1930), estabeleceram com os objetos nas vitrinas e nas mesas de exposição diálogos surpreendentes motivados pela imagem em movimento. Tais intersecções heterogéneas eram desde logo assumidas na contemporaneidade da obra da artista Fernanda Fragateiro (1962), convidada a criar uma escultura (Casabella, 2012), especialmente destinada à exposição. Feita a partir de revistas de arquitetura Casabella, duplicadas no acervo da Biblioteca de Arte, a obra iniciava o percurso expositivo, ainda no hall do Museu. Pretendia-se, desta forma, «mostrar […] o livro enquanto laboratório de experiências estéticas, ou como a elas os livros conduzem» (Ibid., p. 18).

A exposição dividia-se em cinco núcleos, que, à semelhança de um livro, se relacionavam com o seu título. O núcleo pelo qual se iniciava a exposição designava-se «Com o Infinito nas Mãos», e tinha como peça central o livro seiscentista Utriusque Cosmi, da autoria de Robert Fludd (1574-1637), aberto nas páginas 26 e 27. O percurso terminaria com outro exemplar do mesmo livro, aberto nas páginas seguintes, 28 e 29. Seria, pois, nessa «dobra», nesse virar de página, que a exposição se construiria e reconstruiria infinitamente, numa clara referência a Mallarmé (1842-1898). A mesma solução foi reproduzida, em versão fac-similada, na primeira página do catálogo da exposição, assim como nos banners que se encontravam, frente a frente, à entrada da exposição e da Biblioteca de Arte. Neste primeiro núcleo, no espaço da Galeria de Exposições Temporárias do Museu, os livros apresentados remetiam, como o próprio título indicava, para desdobramentos infinitos, como em Un coup de dés…, de Mallarmé, ou Cent mille milliards de poèmes, de Raymond Queneau (1903-1976).

O segundo núcleo, intitulado «A Fenda e a Exploração: Entrar/Sair», aludia à relação fecunda entre o leitor e o livro, esse «entre dois» explícito na pintura Anunciação, do círculo de Dierick Bouts (c. 1410-1475). Eram ainda apresentados livros que funcionavam como entradas em verdadeiras exposições, como as obras de Seth Siegelaub (1941-2013), em que, segundo o curador, ter o catálogo seria ter todas as obras da exposição. O livro Do it, de Hans Ulrich Obrist (1968), apontava o percurso de saída através do conceito de explosão, evidenciado nas experiências futuristas de Marinetti (1876-1944) ou nos livros de artistas que se dedicaram à poesia visual, como Atómico Acto, de 1969, e a explosão poemática de Silvestre Pestana.

«Linha Infinita» constituía o terceiro núcleo, onde a metamorfose da linha atravessava as 90 páginas do caderno de Fernando Calhau (1948-2002), as linhas de Alberto Carneiro (1937-2017), de Hamish Fulton (1946) e de Richard Long (1945), acompanhando o literal fio condutor de Bruno Munari (1907-1998) que cruzava todas as páginas do livro, os avessos das palavras bordados por Lourdes Castro (1930) ou, ainda, o serpenteado da citação visual do escritor irlandês Laurence Sterne (1713-1768), feita por Honoré de Balzac (1799-1850).

No quarto núcleo, partindo da citação de Mallarmé «Tudo Existe para Chegar a um Livro», o livro é entendido como processo de autoconsciência sobre as vivências, contando com propostas muito variadas, desde o tom diarístico de Uma Viagem a São Petersburgo, de Daniel Blaufuks (1963), a Lisboa: Cidade Triste e Alegre, de Victor Palla (1922-2006) e Costa Martins (1922-1996), ou aos Papéis de Parede, de Matta-Clark (1943-1978), e toda a Sunset Strip, de Edward Ruscha (1937), a La Légende de Saint Julien l’Hospitalier, de Amadeo de Souza-Cardoso (1887-1918), ou a Biblioteca de Suicidas, de Fernanda Fragateiro, integrando ainda uma pintura do início do século XVII, representando Santo Antão desprevenido a ler um livro (Paisagem com as Tentações de Santo Antão, c. 1601-1625).

O quinto e último núcleo da exposição tinha como título «O Fogo e o Livro por Vir»: o livro que se queima por ser subversivo e ainda o fogo que o livro oferece ao próprio leitor. Esta última ideia é concretizada na apresentação do Livro do Apocalipse, obra do século XIII, a par da obra inédita de Rui Chafes O Silêncio de…, acentuando-se a relação íntima entre o livro, o fogo e as cinzas, num processo em que estas cinzas encerram em si um inevitável recomeço, numa circunstância de tarefa infinita.

A ideia do livro como uma tarefa infinita, num desdobramento de inúmeras possibilidades de leitura e de algo que está sempre «por vir», de um fim como um princípio, é continuada nas letras que caíram do livro da autoria de Diogo Pimentão (1973), Matières (2011), e do qual cada espectador se pode tornar autor, ou do livro da autoria de António Areal (1934-1978), que principia com a palavra «Fim». O próprio percurso expositivo, ao aproximar-se do fim, chega também ao início, voltando à obra inicial de Robert Fludd, com a explosão do Cosmo.

A acompanhar a exposição foi publicado um catálogo, com edição em língua portuguesa e língua inglesa, num design apelativo assinado por Sílvia Prudêncio, desde logo revelando os processos de fabricação, com as coseduras vermelhas da lombada deliberadamente assumidas.

No interior do catálogo, foi ainda incluída uma separata com a tradução portuguesa de Tomás Maia de O Livro, Instrumento Espiritual, de Stéphane Mallarmé.

Semelhante metodologia foi utilizada na inclusão exclusiva de um livro de artista, da autoria do artista canadiano Rodney Graham (1949), apresentado no interior do catálogo e funcionando também como espaço expositivo, espaço alternativo às salas do museu, onde a obra não existia.

Igualmente integrada no catálogo da exposição, uma brochura estabelecia o diálogo entre a plataforma Atlas Projectos e Hugo Canoilas (1977). Como resultado de uma série de 24 intervenções, cada uma delas na forma de postal introduzido num livro específico da Biblioteca de Arte, a brochura continha um índice remissivo de cotas dos livros da biblioteca, onde os postais se encontravam disponíveis para consulta.

O escritor Gonçalo M. Tavares (1970) foi também convidado a escrever um texto para o catálogo. Intitulado «Breves Notas sobre o Livro», consistia numa reflexão sobre o tema, com as suas marcas estilísticas.

A divulgação da exposição assumiu contornos de originalidade, em virtude do destaque dado, durante várias semanas, a um livro de artista da Biblioteca de Arte, que, reproduzido em dupla página no jornal Público, funcionava como extensão da própria exposição.

Como consta num relatório final da exposição, resultante de um inquérito de satisfação do público: «Foram muitas as notícias gerais surgidas na imprensa escrita. Foram igualmente numerosos os artigos de opinião publicados sobre a exposição, na sua grande maioria muito positivos. O comissário deu ainda várias entrevistas para canais televisivos.» (Relatório Final da Exposição Temporária, [s.d.], Arquivos Gulbenkian, MCG 03174)

A exposição acabaria por receber a nota máxima pelo crítico de arte do jornal Expresso, Celso Martins. Já o professor Eduardo Lourenço (1923), em conversa informal com a socióloga Maria Filomena Mónica (1943), se referiria à exposição nos seguintes termos: «Eu não sou desta idade, mas tenho ideia que deve ser das exposições mais originais que já vi.» (Mendonça, Expresso. Revista, 18 ago. 2012, p. 67)

Ainda no contexto da exposição de arte e do livro, foram exibidos, no Auditório 3 da FCG, dois filmes com os quais era possível estabelecer um diálogo com a exposição: Alphaville (1965) e Farenheit 451 (1966), dos cineastas franceses Jean-Luc Godard (1930) e François Truffaut (1932-1984), respetivamente.

O já mencionado curador norte-americano Seth Siegelaub, que no final dos anos de 1960 revolucionou o próprio conceito de catálogo de exposição convertendo-o na própria exposição, foi convidado a proferir uma conferência no âmbito da exposição, a qual se realizou no Auditório 3 da FCG. Também Brad Freeman, artista e cofundador do Journal of Artists’ Books, foi convidado a fazer uma comunicação sobre a temática da exposição; no final da conferência foi lançado um número da mesma revista, exclusivamente dedicado ao tema dos livros de artista em Portugal.

No relatório interno sobre a exposição, assinalar-se-ia o caráter inovador do projeto arquitetónico, classificado como de «grande elevação estética». No mesmo relatório, é destacada a importância do catálogo da exposição: «obra de referência» que «ultrapassou em muito a leitura do Livro de Artista como simples utilização do livro como suporte plástico». Foi ainda reforçada a importância do diálogo e o cruzamento entre artistas contemporâneos e a Galeria de Exposições Temporárias do Museu Calouste Gulbenkian, destacando-se também a colaboração com a Biblioteca de Arte. O relatório menciona a natureza ensaística do projeto curatorial e «abordagem muito personalizada por parte do comissário», que se procurou transmitir nas visitas orientadas pelo curador e pelo Serviço Educativo do Museu (Relatório Final da Exposição Temporária, [s.d.], Arquivos Gulbenkian, MCG 03174).

Filipa Coimbra, 2016

Curated by Paulo Pires do Vale, at the invitation of the directors of the Calouste Gulbenkian Museum and the Calouste Gulbenkian Foundation (FCG) Art Library, this exhibition, designed by Mariano Piçarra, took the inspiration for its title from a lecture delivered in Vienna, in 1935, by German philosopher Edmund Husserl, in which he referred to the point at which mankind began devoting itself to “infinite tasks” such as being creators of culture, the essence of European civilisation. Through his curation and essays, Paulo Pires do Vale proposed a journey of reflection, a common thread, while presenting this as just one of many possible interpretations, thus engaging with the idea of the book as a starting point with endless capacity for use and interpretation.

From the outset, the exhibition’s curator warned of the difficulty of exhibiting a book and its interpretation, explaining that what was displayed was merely a “fragment”, omitting a limitless number of potential choices. Since it is impossible to exhibit the experience, the objects functioned as “aesthetic markers”. The curator focused on the idea that items can be combined and assigned new meaning, through an “awareness that a quote, an idea, an image, a work, is transformed in contact with another” (Tarefas Infinitas…, 2012, p. 13).

Visitors were given the chance to handle and read books in the conventional sense at the Art Library, where a selection of illustrated books and artist’s books by contemporary Portuguese authors was freely available to browse in the reading room. 

This was an exhibition that sought to reflect on the limits of books and art, encouraging people to travel back and forth between the gallery and the library, which overlapped yet functioned independently. Rather than simply exhibiting artists’ books, as originally planned, it provided “first and foremost, a space for “experimentation” in the philosophical sense”, creating dynamic connections between the selected works, in a range of media (books, paintings, sculptures, installations and videos), looking at the pieces in isolation, while exploring the dynamic relationships between them (Tarefas Infinitas…, 2012, p. 9). Therefore, in a departure from the traditional norms of the bibliographical exhibition, the curator argued that they should not be “arranged with what is similar, but with what is disparate” (Ibid., p. 13).

This broad range of media also encompassed video works. Journey to the Moon (2003), by William Kentridge (1955), Encyclopedia Britannica (1971), by John Latham (1921-2006), and an excerpt from the film JLG par JLG (1995), by Jean-Luc Godard (1930) generated surprising dialogues with the objects in the display cases and on the tables, in response to the moving images. These heterogenous intersections were also explored in contemporary work by artist Fernanda Fragateiro (1962), who was invited to create a sculpture (Casabella, 2012) especially for the exhibition. Made from copies of the architecture magazine Casabella, copied from the Art Library archives, the piece served as a gateway to the exhibition, standing in the hall of the Museum. It aimed to “show […] the book as a laboratory for aesthetic experimentation, or how books lead us to this” (Ibid., p. 18).

The exhibition was divided into five areas which, like a book, related back to its title. The exhibition opened with an area entitled “Com o Infinito nas Mãos” [“With Infinity in your Hands”], which centred around the scientific book Utriusque Cosmi, by Robert Fludd (1574-1637), open on pages 26 and 27. The exhibition ended with another copy of the same book, open on the following pages, 28 and 29. It was, therefore, in this “fold”, in this turn of the page that the exhibition would infinitely construct and reconstruct itself, a clear reference to Mallarmé (1842-1898). This technique was replicated on the first page of the exhibition catalogue, and again in the banners hanging opposite one another at the entrance to the exhibition and the Art Library. As the title suggests, the books displayed in this first area, in the Museum’s Temporary Exhibitions Gallery, made references to an endless process of unfolding, for instance Un coup de dés…, by Mallarmé, and Cent mille milliards de poèmes, by Raymond Queneau (1903-1976).

The second area, entitled “A Fenda e a Exploração: Entrar/Sair” [“The fracture and the explosion: coming in / going out”] alluded to the fertile relationship between reader and book, this “partnership” strikingly illustrated by the painting Anunciação, by the Circle of Dierick Bouts (c. 1410-1475). It also featured books introducing real exhibitions, including publications by Seth Siegelaub (1941-2013). Of this work, the curator said that to possess the catalogue was to possess all of the works exhibited. The book Do it, by Hans Ulrich Obrist (1968), signalled the exit through the concept of an explosion, a theme that permeates the futurist experiments of Marinetti (1876-1944) and the other artists’ books dedicated to visual poetry, such as Atómico Acto, from 1969, and the poetic explosion of Silvestre Pestana.

In the third area, “Linha Infinita” [“Infinite Line”], the line takes on various shapes, traversing the 90-page sketchbook of Fernando Calhau (1948-2002) and the lines of Alberto Carneiro (1937-2017), Hamish Fulton (1946) and Richard Long (1945); following the literal “guiding line” of Bruno Munari (1907-1998), which crossed every page of his book, the reverse of words embroidered by Lourdes Castro (1930) and the snaking squiggle by Irish writer Laurence Sterne (1713-1768), visually quoted by Honoré de Balzac (1799-1850).

In the fourth space, inspired by the Mallarmé quote “Tudo Existe para Chegar a um Livro” [“Everything Exists to Become Part of a Book”], the book is interpreted as a process of gaining awareness of our lived experience. It contained a varied range of works, from the diaristic Uma Viagem a São Petersburgo, by Daniel Blaufuks (1963), to Lisboa: Cidade Triste e Alegre, by Victor Palla (1922-2006) and Costa Martins (1922-1996), Papéis de Parede, by Matta-Clark (1943-1978), Every Building on the Sunset Strip, by Edward Ruscha (1937), La Légende de Saint Julien l’Hospitalier, by Amadeo de Souza-Cardoso (1887-1918), and Biblioteca de Suicidas, by Fernanda Fragateiro. It also featured an early-17th century painting depicting Saint Anthony caught off guard, reading a book (Paisagem com as Tentações de Santo Antão, c. 1601-1625).

The fifth and final area of the exhibition was entitled “O Fogo e o Livro por Vir” [“The Fire and the Book to Come”]: the book burned for being subversive and the fire the book offers its reader. This final concept is manifested in the 13th century Book of the Apocalypse, exhibited alongside O Silêncio de… an unpublished work by Rui Chafes, highlighting the close relationship between books, fire and ash, a process in which the ashes contain an inevitable new beginning, a real example of the infinite task.

The idea of the book as an infinite task, from which countless potential interpretations unfold, which always has more “to come” and of endings as new beginnings, is continued in the letters that fell out of the book Matières (2011), by Diogo Pimentão (1973), which invites every viewer to become an author, and a book by António Areal (1934-1978), which begins with the word “End”. As the exhibition itself reaches its end, it also comes full circle, returning to the opening work by Robert Fludd, with the explosion of the Cosmos.

A catalogue was published in Portuguese and English to accompany the exhibition, featuring an eye-catching cover by Sílvia Prudêncio that exposes the manufacturing process, the red stitching of the spine deliberately left visible.

The catalogue also included a copy of The Book as Spiritual Instrument, by Stéphane Mallarmé, translated into Portuguese by Tomás Maia.

Similarly, the decision was made to include an artists’ book by Canadian artist Rodney Graham (1949) inside the catalogue. This also functioned as an exhibition space, an alternative to the rooms of the museum, in which this work did not feature.

The exhibition catalogue also included a pamphlet containing a dialogue between the Atlas Projectos collective and Hugo Canoilas (1977). The pamphlet was the outcome of a series of 24 interventions, each of them taking the form of a postcard inserted into a specific book in the Art Library, and contained an index of exerts from the books in the library in which the postcards could be found and viewed.

Author Gonçalo M. Tavares (1970) was also invited to write a piece for the catalogue. Entitled “Breves Notas sobre o Livro”, it reflected on the subject, in his own distinctive style.

Coverage of the exhibition was also unique, with an artist’s book from the Art Library being featured in a double page spread in newspaper Público over the course of several weeks, acting as an extension of the exhibition itself.

According to a report published when the exhibition closed as the result of a customer satisfaction survey, “A lot of general features about the exhibition appeared in the press. Several opinion pieces on the exhibition were also published, the great majority of which were highly positive. The curator also gave several interviews on television.” (Final Report on the Temporary Exhibition [s.d.], Gulbenkian Archives, MCG 03174).

The exhibition received top marks from Celso Martins, art critic for the newspaper Expresso. Meanwhile, in an informal conversation with sociologist Maria Filomena Mónica (1943), Professor Eduardo Lourenço (1923) referred to the exhibition in the following terms: “I am not of this age, but I think it has to be one of the most original exhibitions I have ever seen” (Mendonça, Expresso. Revista, 18 Aug 2012, p. 67)

This exhibition of art and books also featured screenings of two films, in Auditorium 3 of the FCG, through which it was possible to establish a dialogue with the exhibition: Alphaville (1965) and Farenheit 451 (1966), by French filmmakers Jean-Luc Godard (1930) and François Truffaut (1932-1984), respectively.

North American curator Seth Siegelaub, referenced above, who revolutionised the concept of the exhibition catalogue in the 1960s by turning it into an exhibition in its own right, was invited to deliver a lecture in Auditorium 3 of the FCG to coincide with the exhibition. Brad Freeman, an artist and co-founder of the Journal of Artists’ Books, was also invited to give a talk on the theme of the exhibition. As the outcome of this conference, a special edition of the journal was published, dedicated to the subject of artists’ books in Portugal.

The in-house report on the exhibition praised its innovative design, describing it as having “great aesthetic finesse”. The same report underscored the importance of the exhibition catalogue, a “benchmark” that “by far surpassed the understanding of the Artists’ Book as the simple use of books as an artistic medium”. It also stressed the importance of dialogue and cross-pollination between contemporary artists and the Temporary Exhibition Gallery of the Calouste Gulbenkian Museum and praised the collaboration with the Art Library. The report mentions the essayistic nature of the curator’s plans and the “highly personal approach on the part of the curator”, cultivated through guided tours with the curator and the Museum Education Department (Final Report on the Temporary Exhibition, [s.d.], Gulbenkian Archives, MCG 03174).


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

Le Pater

Alphonse Mucha (1860 - 1939)

Le Pater, 1899 / Inv. LM217

Gustave Flaubert - La Légende de Saint Julien L'Hospitalier

Amadeo de Souza-Cardoso (1887-1918)

Gustave Flaubert - La Légende de Saint Julien L'Hospitalier, Inv. DP1822

Anunciação

Círculo de Dierick Bouts (1410-1465)

Anunciação, c. 1480-90 / Inv. 628

Apocalipse

Desconhecido

Apocalipse, Inv. LA139

Livro de Horas

Dois seguidores do Mestre de Adelaide de Saboia

Livro de Horas, c. 1460-1470 / Inv. LA135

Le Cantique des Cantiques

Ernest Renan

Le Cantique des Cantiques, 1925 / Inv. LM435

S/ Título

Fernando Calhau (1948-2002)

S/ Título, 1974 / Inv. 06DP2493

Livro de Horas de Afonso I d' Este

Matteo da Milano (doc. 1502-1520)

Livro de Horas de Afonso I d' Este, Inv. LA149

Livro de Horas

Mestre de Bedford (act. Paris 1405-1430)

Livro de Horas, c.1410-1415 / Inv. LA141

Livro de Horas ou Horas de Holford

Mestre de Jaime IV da Escócia (ativo década de 1480- década de 1530)

Livro de Horas ou Horas de Holford, Inv. LA210

Livro de Horas de René II da Lorena

Mestre François

Livro de Horas de René II da Lorena, Entre 1473 e 1479 / Inv. LA147

Livro de Horas

Willem Vrelant (ativo 2º quartel do século XV-m. 1481)

Livro de Horas, c.1475 / Inv. LA144

Le Pater

Alphonse Mucha (1860 - 1939)

Le Pater, 1899 / Inv. LM217

Gustave Flaubert - La Légende de Saint Julien L'Hospitalier

Amadeo de Souza-Cardoso (1887-1918)

Gustave Flaubert - La Légende de Saint Julien L'Hospitalier, Inv. DP1822

Le Cantique des Cantiques

Ernest Renan

Le Cantique des Cantiques, 1925 / Inv. LM435

S/ Título

Fernando Calhau (1948-2002)

S/ Título, 1974 / Inv. 06DP2493

Livro de Horas

Willem Vrelant (ativo 2º quartel do século XV-m. 1481)

Livro de Horas, c.1475 / Inv. LA144


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

[Tarefas Infinitias. Quando a Arte e o Livro se Ilimitam]

20 jul 2012 – 20 out 2012
Fundação Calouste Gulbenkian / Museu Calouste Gulbenkian – Galeria de Exposições Temporárias
Lisboa, Portugal
Conferência / Palestra

Arte & Livros em Finais dos Anos Sessenta. Teoria & Prática

26 set 2012
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Auditório 3
Lisboa, Portugal
Conferência / Palestra

Livro de Artista. Vários Media num Pequeno Embrulho

17 out 2012
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Auditório 3
Lisboa, Portugal
Exibição audiovisual

Alphaville (1965)

12 set 2012
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Auditório 3
Lisboa, Portugal
Exibição audiovisual

Fahrenheit 451 (1966)

19 set 2012
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Auditório 3
Lisboa, Portugal
Ciclo de cinema

Tarefas Infinitas. Quando o Cinema Filma Livros

17 out 2012 – 18 out 2012
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH-UNL)
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Multimédia


Periódicos

Sol

Lisboa, 10 ago 2012


Páginas Web


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Museu Calouste Gulbenkian), Lisboa / MCG 03172

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém informação sobre pedidos de cedências e correspondência com emprestadores particulares e instituições. 2012 – 2012

Arquivos Gulbenkian (Museu Calouste Gulbenkian), Lisboa / MCG 03173

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém informação sobre pedidos de cedências e correspondência com emprestadores particulares e instituições, assim como processos de autorização de publicação e utilização de imagens. 2012 – 2012

Arquivos Gulbenkian (Museu Calouste Gulbenkian), Lisboa / MCG 03174

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência interna, elementos de investigação, lista de obras, elementos para a constituição do catálogo e ainda um relatório final da exposição com os resultados de inquéritos de satisfação. 2012 – 2003

Arquivos Gulbenkian (Museu Calouste Gulbenkian), Lisboa / MCG 03175

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência relativa à organização das conferências, da projeção de filmes dos cineastas Jean-Luc Godard e François Truffaut, assim como recortes de imprensa, materiais de divulgação, visitas guiadas e convite. 2012 – 2012

Arquivos Gulbenkian (Museu Calouste Gulbenkian), Lisboa / MCG 03176

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência interna, atas, lista de obras, orçamentos, relatórios de contagem de visitantes e convite. 2012 – 2012

Arquivos Gulbenkian (Museu Calouste Gulbenkian), Lisboa / MCG 03177

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém newsletter da FCG, recortes de imprensa e material de divulgação. 2012 – 2013

Arquivos Gulbenkian (Museu Calouste Gulbenkian), Lisboa / MCG 03178

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém informações referentes aos seguros das obras. 2012


Exposições Relacionadas

Du possible

Du possible

2016 / Fondation Calouste Gulbenkian – Delégation en France, Paris

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