Mostra de arte portuguesa contemporânea apresentada, entre 2005 e 2015, no Gabinete da Presidência da Comissão Europeia, em Bruxelas, a partir do acervo do à data denominado Centro de Arte Moderna José Azeredo Perdigão (CAMJAP) da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG).

No final do ano de 2004, o CAMJAP firmou um contrato com a Comissão Europeia para a cedência de 35 obras de 17 artistas portugueses do seu acervo, com vista à sua exposição, a partir de janeiro do ano seguinte, no 13.º piso do edifício Berlaymont, nas instalações do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, em Bruxelas, pelo período de duração do seu mandato.

O convite foi dirigido à Fundação pelo próprio presidente da Comissão, sendo recebido com entusiasmo por parte da FCG, não só pelo reconhecimento da instituição enquanto possuidora de um dos mais importantes acervos de arte portuguesa contemporânea, como pela possibilidade da divulgação internacional dos artistas portugueses. Emílio Rui Vilar, então presidente da FCG, sublinharia o significado da ocasião: «Sendo umas das missões do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão a divulgação da arte portuguesa desde as origens do modernismo até à actualidade, expor os nossos artistas num local como as salas do 13.º andar do Berlaymont afigurou-se como uma excelente oportunidade de lhes dar acrescida visibilidade internacional.» (17 Artistas da Colecção do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, 2005)

Jorge Molder e Helena de Freitas, respetivamente o diretor e a assessora e curadora do CAMJAP àquela data, ficaram responsáveis pela seleção das obras, que procurou ser representativa «da diversidade da produção contemporânea» e «sem uma preocupação antológica sistemática» (Ibid.).

Foram apresentadas 35 obras de pintura, escultura, desenho, fotografia, gravura, realizadas a partir da década de 1960 (à exceção do conjunto de seis fotografias de Fernando Lemos, dos anos 50). Entre os artistas representados contaram-se Ana Hatherly, Ângelo de Sousa, António Areal, António Dacosta, António Palolo, António Sena, Fernando Lemos, Jorge Martins, Julião Sarmento, Luís Noronha da Costa, Menez, Pedro Casqueiro, Rui Chafes, Vítor Pomar, José Pedro Croft, Fernando Calhau e Rui Sanches. Os espaços de destino das obras foram o gabinete de trabalho do presidente, as salas de visitas e de serviços auxiliares e a grande sala de reuniões da Comissão Europeia.

Os curadores optaram por uma representação de «artistas amplamente confirmados», que oferecessem da produção artística portuguesa uma «imagem de diversidade e multiplicidade» (Ibid.).

Em 2010, na sequência da recondução de Durão Barroso na Presidência da Comissão Europeia, foi feita uma remontagem, que ficaria patente até 2015, data da cessação daquelas funções. Não obstante grande parte das obras expostas durante o primeiro mandato ter tornado a Portugal, mantiveram-se no segundo mandato alguns conjuntos de obras de artistas anteriormente representados (Ana Hatherly, Fernando Lemos, Jorge Martins, Fernando Calhau, Ângelo de Sousa, Pedro Casqueiro, Vítor Pomar), aos quais se juntaram trabalhos de novos artistas (Nikias Skapinakis, Carlos Calvet, Júlio Pomar, Costa Pinheiro, Marta Soares, José de Guimarães, José Loureiro, Artur Rosa e Luísa Correia Pereira), num total de 47 obras. A curadoria desta segunda montagem foi assumida por Leonor Nazaré, curadora e conservadora da coleção do CAMJAP, e a montagem foi assegurada pela equipa técnica do Centro.

Numa reportagem da Actual sobre a presidência de Durão Barroso, José António Saraiva dava conta da transformação ocorrida no gabinete no espaço de um ano: «Pelas paredes há quadros de Palolo, Julião Sarmento, António Dacosta ou Noronha da Costa e no "hall" dos elevadores uma escultura de Rui Sanches composta por três bustos em cortiça sobre plintos de madeira de pinho. Todas as obras são emprestadas pela Fundação Gulbenkian.» (Saraiva, Expresso, supl. Actual, 3 dez. 2005, p. 71)

A acompanhar a mostra foi ainda publicado um catálogo desta representação internacional da arte portuguesa, com as biografias dos artistas representados.

Filipa Coimbra, 2018