Fiat Lux: Paris-Lisboa. Jogos Infantis e Desportos e Jogos. Luísa Correia Pereira
Exposição retrospetiva da artista Luísa Correia Pereira (1945-2009), organizada pela EDP – Electricidade de Portugal, em parceria com o Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão. A mostra foi comissariada por João Pinharanda, que a dividiu em dois momentos: um núcleo de obras produzidas no início da década de 1960 e um outro na década de 1990.
Retrospective exhibition on artist Luísa Correia Pereira (1945) organised by EDP – Electricidade de Portugal in partnership with the Modern Art Centre José de Azeredo Perdigão. The show, curated by Jorge Pinharanda, comprised two parts: an exhibit of works from the early 1960s and another of work from the 1990s.
«Fiat Lux: Paris-Lisboa. Jogos Infantis e Desportos e Jogos» foi uma exposição de caráter retrospetivo da obra de Luísa Correia Pereira (1945-2009), organizada pela EDP em colaboração com o Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão (CAMJAP). Patente ao público de 18 de julho a 28 de setembro de 2003, no piso 1 do CAMJAP, e comissariada por João Pinharanda, teve uma receção muito positiva por parte do público e da crítica, segundo regista o Relatório, Balanço e Contas da FCG em 2003: «Artista de rara sensibilidade formal, cromática e temática, os trabalhos de Luísa Costa [sic] Pereira não têm tido, por variadíssimas razões, uma visibilidade merecida. A exposição suscitou unânime interesse e suscitou igual unanimidade na apreciação.» (Relatório, Balanço e Contas. FCG. 2003, 2004, p. 61)
A mostra integrou o projeto «Apresentação/continuação», promovido pela EDP com o objetivo de apoiar as artes visuais portuguesas através da realização de exposições antológicas, retrospetivas ou temáticas que refletissem o panorama artístico da época e como forma de contribuir para uma ação já desenvolvida por outras entidades.
Trazendo a público trabalhos de pintura e desenho de Luísa Correia Pereira, a exposição visou «repor a justiça sobre a sua carreira e o seu lugar na história da arte contemporânea portuguesa» (Fiat Lux: Paris-Lisboa. Jogos Infantis e Desportos e Jogos, 2004, p. 9). A montagem organizou-se, de acordo com o texto do folheto, assinado por João Pinharanda, «como uma sucessão de tempos e de temas» (Luísa Correia Pereira [folheto], 2003), articulando-se em dois segmentos principais: um primeiro, composto por trabalhos mais antigos, produzidos na década de 1970; e um segundo, constituído por obras mais recentes, produzidas nos anos 90. Foi ainda exposto um conjunto de obras avulsas que estabeleciam, segundo o comissário, «ligações inesperadas mas coerentes entre aqueles diversos tempos da sua obra» (Ibid.).
Os trabalhos mais antigos, realizados entre 1972 e 1974, em Paris, marcaram o início da prática artística de Luísa Correia Pereira e a exploração da pintura, do guache e da aguarela. São trabalhos caracterizados por um grafismo simplificado e geométrico, de cores fortes na pintura, e mais subtis na aguarela, que assumem formas simbólicas e enigmáticas, repetidas em função de um padrão pretendido. A grande energia deste período criativo traduziu-se em telas de grandes dimensões e em centenas de desenhos.
O conjunto de trabalhos mais recentes era constituído por dois núcleos que se interligavam – «Jogos Infantis» e «Desportos e Jogos» – e que, parafraseando o curador, transportavam a energia criativa dos primeiros anos até à atualidade: «Sem deixar de estabelecer uma subtil (profunda) relação com o passado, a artista desmonta, no mais recente conjunto de pinturas sobre tela e sobre papel, toda a aparente estabilidade inicial do seu trabalho, enriquecendo as cores de matizes e os planos de texturas, garantindo sempre a radical subjetividade dos seus empreendimentos.» (Ibid.)
Ao mesmo tempo, o paralelo entre a produção artística e a ideia de jogo anunciava uma mudança no paradigma do trabalho de Luísa Correia Pereira: «O que na obra inicial era aprofundamento poético e interrogação profética, pintura de autoconhecimento e de experiência de construção parece apresentar-se agora, numa situação de maior domínio técnico e de mais analítica atenção aos recursos do discurso cultural, como modalidade de exposição de temas explicativos de situações individuais para as quais cada jogo/desporto servirá de ilustração.» (Fiat Lux: Paris-Lisboa. Jogos Infantis e Desportos e Jogos, 2004, p. 13)
A atribuição de títulos, fundamental para a leitura de cada obra, permitiu a convocação de outras imagens e emoções. Assim, e tal como referiu Nuno Júdice, esta evocação dos jogos foi, além de um recordar da infância, uma forma de reflexão sobre as regras e ditados que limitam o desejo de liberdade e de subversão «em que o gesto essencial da criação se inscreve, mesmo que ele tenha apenas a duração da passagem entre uma casa e outra [...], o suficiente para descobrir que é no pleno gozo do efémero que a eternidade se realiza» (Ibid., p. 83).
O catálogo contém, além dos textos oficiais da EDP, do comissário da exposição e de Nuno Júdice, uma reprodução do poema «O Jogo do Chinquilho», de Ruy Belo, e o poema «Declaração», de Cristiana Veiga Simão (a quem o catálogo é dedicado).
No decorrer da exposição, a Universidade Aberta entrou em contacto com o CAMJAP com a intenção de registar a exposição e de entrevistar o seu comissário para o programa televisivo Entre Nós, emitido diariamente desde 2000 nos canais RTP África e RTP Internacional. No entanto, não foi possível apurar se o episódio dedicado à exposição se chegou efetivamente a concretizar.
O programa da exposição contemplou a organização de visitas guiadas, que tiveram lugar a 6 e 21 de setembro de 2003.
Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 01026
Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém documento de aquisição de duas obras de Luísa Correia Pereira.2004 2004
Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00521
Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência interna e externa, apólices de seguro, listas de obras, convite, orçamentos, material para o catálogo.2003 2004