As Mãos Vêem

Esta exposição, concebida pelo Centro Georges Pompidou e primeiramente apresentada em Paris, oferecia, através de um percurso tátil, uma série de experiências sobre as várias formas de «ver» arte. Segurando-se a uma corda na primeira sala, os visitantes puderam avançar por entre as obras, tocar-lhes e vivenciar a exposição por intermédio do tato.
Interactive exhibition on the ways of seeing art, originally conceived by the Georges Pompidou Centre and first held in Paris. Visitors to the exhibition were guided by touch: taking hold of a rope in the first gallery, participants proceeded through and explored a series of displays, moving between and touching the artworks, allowing them to literally feel the exhibition.

Esta exposição, concebida pelo Centre Georges Pompidou e primeiramente apresentada em Paris, integrou-se numa política de conceção de atividades educativas, fomentada por aquela instituição, que tinha por objetivo a integração social de crianças invisuais, ou com deficiências de visão, através da arte.

Destinada não só, mas especialmente, às crianças, e não somente as invisuais, esta exposição pretendia oferecer uma série de experiências sobre as várias formas de «ver» arte, mediante uma montagem estruturada em torno de um percurso tátil.

Na entrada da exposição, uma corda conduzia os visitantes, que, no átrio, tinham também acesso a um tabuleiro-carrilhão musical de oito notas que se tocava com os pés, marcando a passagem sonora de cada pessoa.

A mostra integrava sete secções («A Mão», «Acariciar», «Enterrar», «Marcas», «Volumes», «Conjuntos», «A Cidade») que formavam um percurso tátil composto por esculturas contemporâneas e por jogos concebidos pelos animadores do Atelier des Enfants, do Centre Georges Pompidou.

Paralelamente à exposição, o público tinha acesso a uma sucinta amostragem de documentação didática existente em Portugal, bem como a exemplos de material pedagógico utilizado nas visitas para deficientes visuais no Museu Calouste Gulbenkian.

Depois de ter estado em Lisboa, esta exposição foi apresentada na Biblioteca Sonora do Porto, devido ao muito interesse que suscitava cultural e socialmente. De acordo com documentação de arquivo:

«O Norte do país possui vários centros dedicados a invisuais, e por isso gostaríamos de poder proporcionar, tanto aos próprios invisuais como às pessoas que com eles trabalham, a apreciação de uma realização com o interesse que se diz possuir a referida exposição “Les Mains Regardent”.» (Carta de João Rosado Correia para José de Azeredo Perdigão, out. 1978, Arquivos Gulbenkian, SEM 00196)

A montagem no Porto contou com algumas alterações, promovidas pela instituição que acolheu o evento.

Como nota final, refiram-se os comentários às duas montagens, redigidos por duas estagiárias da Fundação, Raquel e Martin Sain (Cartas dirigidas à FCG, 27 nov. 1980, Arquivos Gulbenkian, SEM 000196):

«Tratou-se de uma exposição organizada pela Gulbenkian constituída por diversos objectos e materiais destinados à observação através das mãos, e daí o seu nome. […] Estava muito bem organizada e, quanto a mim conseguiu os seus objectivos, dado que despertou muito interesse não só nos cegos, como nas pessoas que vêem. […] No entanto a exposição organizada pela Biblioteca Sonora do Porto, quanto a mim, foi mais interessante, porque englobou diverso material didáctico […]. Claro que tudo isto não invalida a importância e o interesse da exposição da Gulbenkian, da qual gostei muito e que penso se deveria repetir muitas vezes.»

«Pareceu-me, a [exposição] da Gulbenkian, além de muito útil, muito poética, a do Porto, mais prática. Ambas, porém, com características muito positivas, pois tudo é necessário ao cego.»

Joana Brito, 2015

This exhibition, designed by the Centre Georges Pompidou and first shown in Paris, was the result of a policy for designing educational activities driven by the institution, the goal of which was to socially integrate blind or partially sighted children through art.

Designed with children in mind (although not exclusively, and for sighted children, too), the exhibition was intended to offer a series of experiences about the different forms of “seeing”, with a structure based around a touch-based path.

A rope was placed at the entrance to the exhibition to guide visitors and, in the hall, visitors had access to a carillon-board of eight notes played using their feet, announcing each person as they passed.

 The exhibition comprised seven sections (“The Hand”, “Caress”, “Burying”, “Marks”, “Volumes”, “Sets”, “The City”), which created a tactile journey formed of contemporary sculptures and games designed by the children’s activity creators from the Atelier des Enfants at the Centre Georges Pompidou.

As a supplement to the exhibition, a brief sample of educational documentation in Portugal was also shown to the public, along with examples of pedagogical material used in tours for visually impaired people at the Calouste Gulbenkian Museum.

After being shown to the public in Lisbon, the exhibition was presented at the Porto Sound Library, a result of the extensive social and cultural interest it had produced: “The north of Portugal has several centres dedicated to blind people and for that reason we would like to provide, both for blind people themselves and those who work with them, the chance to appreciate an event as interesting as the “Les Mains Regardent” exhibition” (Letter from João Rosado Correia to José de Azeredo Perdigão, Oct. 1978, Gulbenkian Archives, SEM 00196).

The institution hosting the exhibition in Porto made some changes.

We conclude with comments on the two exhibition formats written by two interns at the Foundation, Raquel and Martin Sain (Letters to the FCG, 27 Nov. 1980, Gulbenkian Archives, SEM 000196): “It was an exhibition organised by the Gulbenkian formed of several objects and materials to be observed using one’s hands, and it is from there it takes its name. (...) It was very well organised and, as far as I’m concerned, it achieved its goals, since it received a lot of interest from blind people and sighted people. (...) However, the exhibition organised at the Porto Sound Library was more important, in my opinion, because it included a variety of educational materials (...). Of course this does not invalidate the importance and interest of the Gulbenkian’s exhibition, which I really enjoyed and I believe should be repeated many times”.

“It seemed to me that the Gulbenkian’s [exhibition], as well as being very useful, was very poetic, but Porto’s was more practical. Both, however, have very positive features, because all of this is needed by blind people”.


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

Bagatelles Végétales

Joan Miró (1893-1983)

Bagatelles Végétales, Inv. GE623

sem título

Joan Miró (1893-1983)

sem título, Inv. GE211

sem título

Joan Miró (1893-1983)

sem título, Inv. GE212

sem título

Joan Miró (1893-1983)

sem título, Inv. GE213

sem título

Joan Miró (1893-1983)

sem título, Inv. GE214

sem título

Joan Miró (1893-1983)

sem título, Inv. GE217

sem título

Louise Nevelson (1899-1988)

sem título, 1971 / Inv. GE223

Bagatelles Végétales

Joan Miró (1893-1983)

Bagatelles Végétales, Inv. GE623

sem título

Joan Miró (1893-1983)

sem título, Inv. GE211

sem título

Joan Miró (1893-1983)

sem título, Inv. GE212

sem título

Joan Miró (1893-1983)

sem título, Inv. GE213

sem título

Joan Miró (1893-1983)

sem título, Inv. GE214

sem título

Joan Miró (1893-1983)

sem título, Inv. GE217

sem título

Louise Nevelson (1899-1988)

sem título, 1971 / Inv. GE223


Eventos Paralelos

Conferência / Palestra

Museu e Aspectos Bio-Psiquícos de Adaptação dos Cegos

fev 1980
Fundação Calouste Gulbenkian
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Visita guiada
Visita guiada
Visita guiada
Visita guiada
Visita guiada
Visita guiada
Madalena de Azeredo Perdigão e Manuela Eanes
Madalena de Azeredo Perdigão e Manuela Eanes
Madalena de Azeredo Perdigão (atrás, ao centro), Manuela Eanes (ao centro) e José de Azeredo Perdigão (à dir.)
José Sommer Ribeiro (à esq.), Madalena de Azeredo Perdigão (atrás, à esq.), Manuela Eanes e José de Azeredo Perdigão (ao centro)
Madalena de Azeredo Perdigão (ao centro) e José de Azeredo Perdigão (à dir.)
José Sommer Ribeiro (atrás, à esq.), Manuela Eanes e José de Azeredo Perdigão (ao centro)

Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM 00196

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência, orçamentos, convites e recortes de imprensa. 1978 – 1980

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/011/04-D00904

10 provas, p.b.: inauguração (FCG, Lisboa) 1980


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