Decorridos dez anos sobre a realização da grande exposição retrospetiva de Lasar Segall (1891-1957) na Europa, organizada na década de 1960 pela viúva do artista, a escritora brasileira Jenny Klabin Segall, e patrocinada pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o mesmo órgão apoiaria, desta feita em 1978, uma outra exposição dedicada ao artista. A exposição «Lasar Segall: Aguarelas, desenhos, gravuras» integrava um extenso percurso expositivo a realizar em várias capitais europeias.

Foi assim inaugurada, em novembro de 1978, no Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, e no mês seguinte na Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), em Lisboa, a exposição de desenhos e gravuras de Lasar Segall, organizada pela Embaixada do Brasil, pela Fundação Nacional de Arte (Brasil) e pela FCG. Em Portugal, as exposições no Porto e em Lisboa, constituiriam o primeiro contacto do público português com a obra de Segall, pioneiro da arte moderna brasileira e uma das grandes figuras da vida cultural no Brasil.

Lasar Segall, judeu nascido em Vilnius (no território da atual Lituânia) em 1891, viveu na Alemanha até 1923, ano em que partiu para o Brasil, e onde se naturalizou, dedicando-se inteiramente à vida artística. Ainda em Berlim, tinha frequentado a Academia Imperial de Belas-Artes, participando, contudo, em vários atos de rebelião contra o ensino académico da escola, que rejeitava, motivado pelas tendências artísticas europeias do século XX, nomeadamente o movimento expressionista, linguagem em que posteriormente concentrou toda a sua produção artística. Segundo o catálogo da exposição, «Lasar Segall, entre os artistas plásticos brasileiros mais importantes, é o mais completo, pois foi simultaneamente pintor (tanto em óleo quanto em outras técnicas), desenhista, gravador (em madeira, pedra e metal) e escultor (em argila/bronze, pedra e madeira)» (Lasar Segall, 1978).

A exposição pretendeu evidenciar o trabalho de Segall nas vertentes do desenho, da gravura e da aguarela. Além disso, a fim de tornar a mostra mais didática, realizaram-se pequenas exposições retrospetivas, alusivas a cada uma das técnicas utilizadas pelo artista. Nesta medida, foram expostos 30 trabalhos em aguarela e guache, 30 gravuras e 30 desenhos. A seleção e o conjunto das obras estiveram totalmente a cargo de Maurício Segall (1926), filho de pintor, conjunto esse que representava «o melhor da obra de Segall», como declarou o crítico José-Augusto França na crítica que dedicou ao certame, consultável na Colóquio/Artes, n.º 40, de março de 1978.

Joana Brito, 2017