Exposição de Carlos Vergara (1941), organizada pelo Serviço de Exposições e Museografia, em colaboração com o Instituto Municipal de Arte e Cultura – RioArte, da Prefeitura do Rio de Janeiro. A exposição inaugurou na Galeria de Exposições Temporárias da Sede da Fundação Calouste Gulbenkian (piso 01), a 22 de abril, e contou com a presença do embaixador do Brasil.

A exposição começou a ser pensada em 1982, quando foi apresentada a coleção de Gilberto Chateaubriand na Fundação Calouste Gulbenkian, despertando o interesse da Fundação pela obra de Carlos Vergara.

Foram mostrados 20 trabalhos, realizados, entre 1989 e 1991, numa pequena fábrica de pigmentos de óxido de ferro, situada próximo de Ouro Preto, em Minais Gerais (Brasil).

Segundo José Sommer Ribeiro, diretor do Serviço de Exposições e Museografia da FCG: «São grandes telas impressas em que se adivinham fragmentos de figuras humanas, em que a sobriedade da cor, sabiamente utilizada, realça o dramatismo e a melancolia do homem dos nossos dias. […] a obra de Carlos Vergara espelha bem a inquietude, o empenho e o risco com que o artista se entrega à sua pintura.» (Carlos Vergara. Obras Recentes, 1989-1991, 1992)

O catálogo, além da reprodução dos trabalhos expostos, apresenta ainda algumas fotografias do momento de conceção das obras e da fábrica de pigmentos onde Carlos Vergara trabalhava. O texto do catálogo é assinado por Paulo Sérgio Duarte, crítico e professor de História da Arte na Escola de Artes Visuais do Rio de Janeiro, que, durante o período em que foi diretor do Paço Imperial (1986-1990), foi responsável pela conceção deste espaço como centro cultural, onde foi o comissário da exposição aí realizada de Carlos Vergara.

No seu texto, Paulo Sérgio Duarte assinala duas vertentes do trabalho de Vergara: «De um lado, o elogio da transparência na comemoração do fato plástico, de outro, uma expressividade impregnada a partir da própria matéria que na sua opacidade sombria apresenta um drama.» (Carlos Vergara. Obras Recentes, 1989-1991, 1992)

Paulo Sérgio Duarte analisa em seguida o grafismo da obra de Vergara, em que a aparência gestual e aleatória das composições parece esconder o trabalho prévio de compartimentação geométrica da tela, a partir da qual o artista dispõe os diversos campos cromáticos que nela vão paulatinamente emergindo. O seu processo criativo é também evidenciado pela originalidade em utilizar o característico minério proveniente da região brasileira de Minas Gerais, o pigmento de óxido de ferro, que confere uma identidade muito própria aos trabalhos de Vergara.

A exposição foi seguidamente apresentada em Antuérpia, em março de 1993, e em Bruxelas, em junho de 1993.

Carolina Gouveia Matias, 2018