Exposição de gravura portuguesa contemporânea, inaugurada no Instituto Português de Santo António em Roma, integrada na organização de uma exposição de arte portuguesa contemporânea realizada durante o mesmo período na Galeria de Arte Moderna da mesma cidade italiana.

A iniciativa partiu da Gravura – Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses, por ocasião dos seus vinte anos de atividade, organizando, em parceria com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, com a Secretaria de Estado da Cultura e com a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), uma mostra que contou com a participação de 32 artistas de várias gerações com trabalhos em gravura, entre os quais Júlio Pomar (1926-2018), António Charrua (1925-2008), Bartolomeu Cid dos Santos (1931-2008), João Hogan (1914-1988) ou Lourdes Castro (1930).

A FCG interessou-se desde muito cedo pelo trabalho desenvolvido na cooperativa Gravura. Esta exposição reafirmaria o apoio que vinha a ser concedido pela Fundação àquela instituição, desde logo em 1956, através da atribuição de um subsídio destinado à compra de material e apetrechamento das suas instalações, na Travessa do Sequeiro, em Lisboa.

A exposição foi comissariada pelo diretor do Serviço de Exposições e Museografia da FCG, José Sommer Ribeiro, designado comissário nacional desta exposição e de outras realizações internacionais realizadas no ano de 1976.

Este evento, complementar à exposição de arte contemporânea portuguesa (pintura e desenho) e a decorrer em simultâneo com esta, representava a tão ambicionada tentativa de internacionalização dos valores artísticos portugueses, depois de cerca de quarenta anos de ditadura e de isolamento forçado.

O prefácio do catálogo da exposição foi assinado pelo crítico Rui Mário Gonçalves, que apreciava não apenas o valor estético das obras apresentadas, como a importância da gravura na democratização das artes plásticas e da atividade, contínua e de relevo, protagonizada por uma cooperativa de artistas (Incisione Portoghese Contemporanea, 1976).

O crescente interesse por esta técnica, o dinamismo da cooperativa e as comemorações do seu 20.º aniversário impulsionaram a realização, em 1976 e nos anos que se seguiram, de grande número de eventos dedicados ao tema. Na continuidade do apoio prestado à cooperativa Gravura, a FCG reforçou a sua aposta na divulgação das artes gráficas, evidente na programação de exposição durante este período.

Dois anos depois da apresentação em Roma, a exposição esteve patente na cidade de Viterbo, por ocasião da «Semana de Portugal», tendo sido exibida na Sala Régia do Palazzo dei Priori.

Filipa Coimbra, 2016