II Exposição Nacional de Gravura

Ciclo «Exposição Nacional de Gravura»

Segunda edição da «Exposição Nacional de Gravura», uma iniciativa da Gravura – Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses, que visava promover e divulgar a prática da gravura em Portugal. A mostra reuniu 106 obras, produzidas em serigrafia, litografia, xilogravura, offset, água-forte, água-tinta, entre outras.
Second edition of the « Exposição Nacional de Gravura», an initiative of Gravura – Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses (the Cooperative Society of Portuguese Printmakers), which aimed to promote the practice of engraving in Portugal. The exhibition featured 106 works, produced in silkscreen, lithography, woodcut, offset, etching, aquatint, among other techniques.

Segunda edição da exposição-concurso dedicada à gravura portuguesa, promovida pela Gravura – Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses, em colaboração com a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) e a Secretaria de Estado da Cultura, contando com o apoio do Serviço de Exposições e Museografia da FCG.

Aberta a gravadores portugueses e a gravadores estrangeiros a trabalhar em Portugal, esta exposição-concurso destinava-se também a premiar os artistas com as melhores propostas estéticas e técnicas, mediante atribuição de dois prémios de exposição (20 000$00 cada), destinados as trabalhos «susceptíveis de veicular perspectivas de inovação», e oito prémios de edição (15 000$00 cada), para obras «cujas características intrínsecas» merecessem ser divulgadas.

Como requisito, as gravuras deveriam ser provas «boas de tirar», comprometendo-se os concorrentes, em caso de seleção, a dar assistência no processo de edição. O prémio de edição correspondia à subsidiação das despesas inerentes à tiragem máxima de 200 provas, ou de apenas 30, no caso das provas de artista.

Ficou igualmente regulamentado que cada artista poderia participar com um número máximo de cinco obras, compreendendo os mais variados processos de execução, com exceção de monotipias, e não excedendo as medidas de 100 × 70 centímetros.

Para a seleção, avaliação e premiação dos trabalhos, foi criada uma comissão composta por representantes das três instituições organizadoras: Rogério Ribeiro, pela Cooperativa Gravura, Fernando Calhau, pela Secretaria de Estado da Cultura, e Fernando de Azevedo, pela FCG, os dois últimos reassumindo a função de jurados que já haviam assumido aquando da primeira edição do evento. Foram igualmente chamados a participar nestes trabalhos representantes da Sociedade Nacional de Belas-Artes (Alice Jorge) e das Escolas Superiores de Belas-Artes do Porto e de Lisboa (Rolando Sá Nogueira e João Conceição Ferreira, respetivamente), contando ainda com a representação de Rui Mário Gonçalves, pela Secção Portuguesa da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA).

Seriam selecionados 38 artistas gravadores, com obras produzidas no decurso dos anos de 1977 e 1978. A mostra reuniu 106 trabalhos, produzidos numa diversidade de técnicas, que incluíram a litografia, a xilogravura, a água-forte, a água-tinta, entre outras.

Uma parte dos artistas já havia participado na primeira edição da exposição, em 1976. A deliberação do júri atribuiu os prémios de exposição a David de Almeida (1945-2014) e, novamente, a Sérgio Pinhão (1949), por maioria de votos. Já os artistas mais votados para os prémios na categoria de edição foram Lourdes Leite (1935), com a gravura Relembrando; Matilde Marçal (1946), com Janela I; Maria Gabriel (1937), com Metamorfose; Nuno Barreto (1941-2009), com S.A. 16-B; António Bouça (1945), com A Mulher e as Suas Vestes; Luísa Nogueira (1948), com Cosmos; Marília Viegas (1941), com Espaço I-II; e Emília Nadal (1938), com Slogans: Trompe l’œil 1.

O pintor Fernando de Azevedo destacaria o trabalho dos dois artistas agraciados com o prémio de exposição, lamentando, contudo, que outros não estivessem ao mesmo nível artístico (Azevedo, Colóquio/Artes, mar. 1980, p. 68).

No regulamento desta segunda edição volta a ser referida, à semelhança do que sucedera na «I Exposição Nacional de Gravura», a intenção de se organizar uma Bienal Internacional de Gravura em Portugal, com a colaboração das instituições envolvidas, assumindo-se que estas primeiras exposições constituiriam «actos preparatórios da possível realização em Lisboa da I Bienal Internacional de Gravura», dela podendo «sair […] a representação colectiva à mesma Bienal» (Regulamento. II Exposição Nacional de Gravura, 1979).

Ainda integradas na «II Exposição Nacional de Gravura», realizaram-se duas mostras individuais de gravura, dedicadas aos dois vencedores da primeira edição desta exposição-concurso em 1976: Gil Teixeira Lopes e Sérgio Pinhão.

No texto de apresentação do catálogo, Rogério Ribeiro criticaria o facto de a exposição não refletir todo o potencial da técnica, desafiando os artistas portugueses a serem mais exigentes numa próxima edição. Nas suas palavras: «A exposição está aquém da representação possível, está aquém de um retrato de perfil justo da gravura portuguesa, no que ela implica dentro da actividade dos artistas e da variada gama de intervenção que vêm realizando. […] a Segunda Nacional é uma etapa agora cumprida e motivadora, se os artistas o entenderem nas suas bancadas de trabalho e o quiserem, erguer a próxima Nacional, num perfil ajustável à matriz da gravura que fazemos e ser prova clara da vitalidade que efectivamente existe.» (II Exposição Nacional de Gravura, 1979)

Fernando de Azevedo pronunciar-se-ia no mesmo sentido no texto crítico que publicou na revista Colóquio/Artes em em março de 1980. Nele referiria a falta de participação dos nomes mais representativos da gravura portuguesa, que não terão respondido ao repto lançado pela Gravura – Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses (Azevedo, Colóquio/Artes, mar. 1980, p. 68).

Com o intuito de promover a descentralização artística e de divulgar internamente o trabalho destes gravadores, a exposição também foi realizada na ilha da Madeira, tendo sido apresentada na cidade do Funchal.

Foram ainda adquiridas, no contexto desta «II Exposição Nacional de Gravura», para incorporar a coleção de arte moderna da FCG, três gravuras: uma de David de Almeida (Inv.: GP650), outra de Emília Nadal (Inv.: GP1010) e uma outra de Nuno Barreto (Inv.: GP728).

Filipa Coimbra, 2017


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

A mulher e a suas vestes

António Bouça (1945-)

A mulher e a suas vestes, 1979 / Inv. GP487

Palmier Blanc

Carlos Alberto Ribeiro Gomes (Cabé) (1939-)

Palmier Blanc, não datado / Inv. GP933

Pyramide

Carlos Alberto Ribeiro Gomes (Cabé) (1939-)

Pyramide, não datado / Inv. GP934

Reserve

Carlos Alberto Ribeiro Gomes (Cabé) (1939-)

Reserve, não datado / Inv. GP935

sem título

Daniel Vieira (1937-)

sem título, 1977 / Inv. GP1093

sem título

Daniel Vieira (1937-)

sem título, Inv. GP437

sem título

David de Almeida (1945-2014)

sem título, 1978 / Inv. GP650

Ideol

Emília Nadal (1938-)

Ideol, 1977 / Inv. GP1010

Slogan's

Emília Nadal (1938-)

Slogan's, 1978 / Inv. GP1011

Le Centre Georges Pompidou III

José de Guimarães (1939-)

Le Centre Georges Pompidou III, Inv. GP1271

Variações sobre o Centro Pompidoi I

José de Guimarães (1939-)

Variações sobre o Centro Pompidoi I, Inv. GP1273

Variações sobre o Centro Pompidou II

José de Guimarães (1939-)

Variações sobre o Centro Pompidou II, Inv. GP1272

Variações sobre o Centro Pompidou IV

José de Guimarães (1939-)

Variações sobre o Centro Pompidou IV, Inv. GP1270

Apresentação do cavalo

José Manuel Espiga Pinto (1940-2014)

Apresentação do cavalo, Inv. GP471

Camponesa

José Manuel Espiga Pinto (1940-2014)

Camponesa, Inv. GP458

s/título

Luisa Nogueira (1948)

s/título, Inv. GP502

Metamorfose

Maria Gabriel (1937-)

Metamorfose, 1979 / Inv. GP478

Janela I

Matilde Marçal (1946)

Janela I, Inv. GP503

sem título

Nikias Skapinakis (1931-2020)

sem título, 1978 / Inv. GP2014

sem título

Nikias Skapinakis (1931-2020)

sem título, 1958 / Inv. GP2015

sem título

Nikias Skapinakis (1931-2020)

sem título, 1978 / Inv. GP453

S.A 14 D, 1977

Nuno Barreto (1941-2009)

S.A 14 D, 1977, Inv. GP728

Série Luz Negra I

Sérgio Pinhão (1949)

Série Luz Negra I, Inv. GP956

Série Luz Negra III

Sérgio Pinhão (1949)

Série Luz Negra III, 1979 / Inv. GP962


Publicações


Material Gráfico


Fotografias


Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM 00158

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém convite, correspondência recebida e expedida, ofícios internos, orçamentos e recortes de imprensa. 1979 – 1980

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 02301

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência recebida e expedida, orçamentos e regulamento. 1978 – 1979

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/019-D02033

4 provas, p.b.: inauguração (FCG, Lisboa) 1979

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0049-D01307

21 provas, p.b.: inauguração (FCG, Lisboa) 1979

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0049-D00158

3 provas, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 1979

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0049-D00159

29 provas, p.b.: aspetos (FCG, Lisboa) 1979


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