Rulote. Fátima Mendonça

Programa Gulbenkian Próximo Futuro. Ciclo «Arte Pública»

Intervenção da artista portuguesa Fátima Mendonça (1974), integrada no ciclo «Arte Pública» organizado no âmbito do Programa Gulbenkian «Próximo Futuro». A convite de António Pinto Ribeiro, coordenador do programa, a artista apresentou a sua recriação plástica nas paredes exteriores de uma rulote, exibida em espaço público.
Art installation by Portuguese artist Fátima Mendonça (1974) included in the public art exhibitions for the Gulbenkian Next Future Programme. At the invitation of programme director António Pinto Ribeiro, the artist presented a artwork consisting of an RV with its exterior walls visually transformed.

A convite de António Pinto Ribeiro, programador-geral do Programa Gulbenkian «Próximo Futuro», Fátima Mendonça (1964) integrou o grupo de artistas selecionados para o Ciclo «Arte Pública», uma iniciativa que pretendia «proporcionar o confronto dos visitantes habituais e ocasionais dos espaços públicos da Fundação com estas e outras instalações, contribuindo para o debate sobre a intervenção das obras de arte no espaço público» (Próximo Futuro [blogue], jun. 2010). Nos meses de verão, ao longo de todas as edições do Programa «Próximo Futuro», e em complemento aos outros eventos programados, foram integradas estruturas artísticas de cariz público e coletivo no espaço do Jardim Gulbenkian.

Criado em 2009, o «Próximo Futuro» foi um projeto temporário programado por António Pinto Ribeiro para três anos, mas que viria a prolongar-se até 2015. O projeto tinha como mote a promoção e divulgação da criação artística de África, América Latina e Caraíbas e apostava na transversalidade do seu programa, com conferências, exposições e espetáculos. Segundo António Pinto Ribeiro, preconizava-se o «direito dos artistas e dos trabalhadores da cultura dos países terceiros a aprender, estudar e apresentar as suas propostas culturais e artísticas aos cidadãos europeus e suas organizações» («Próximo Futuro traz África e América Latina à Gulbenkian», Diário de Notícias, 19 mai. 2010).

O «Próximo Futuro» convidava assim, todos os anos, um artista diferente para, primeiro, pensar no conceito proposto e, posteriormente, realizar a obra, bem como escolher a sua localização no espaço exterior do Jardim. Estas estruturas tinham a forma de abrigo (tenda, cabana, casa-arquivo) ou de rulote. Os abrigos tinham essencialmente a função de acolher o público e os oradores que participavam nas conferências que integravam a programação; as rulotes serviam de apoio aos eventos, nomeadamente para dispensar alimentos.

Em 2013, Fátima Mendonça foi convidada a intervir na Rulote. Neste ano, a escolha recaiu sobre uma artista cuja obra se caracteriza por um grafismo aparentemente ingénuo e próximo dos graffiti, aliado ao uso da palavra. Fátima Mendonça parte do real, enfatizando-o de forma efabulada.

Neste trabalho em particular, a artista parece querer ilustrar a alegria, como se se tratasse de um exercício de despreocupada liberdade da mão, no qual existe uma expressividade espontânea. O uso da palavra e das anotações escritas acrescenta uma dimensão literária ao seu trabalho: «Decidi imaginar um lugar misterioso, um ponto que atrai as borboletas. A Rulote encontra-se no parque da Fundação Calouste Gulbenkian, portanto ao ar livre, e as borboletas em 3 dimensões vão pousar nela ao seu redor. A minha ideia foi transformar este objeto num lugar mágico e, ao mesmo tempo lúdico, procurando integrá-lo no ambiente de vegetação que circula, como fazendo parte de um mesmo cenário.» (Próximo Futuro [blogue], 2013)

Para este fim, a artista pintou borboletas em fundo verde e procurou passar uma mensagem harmoniosa. Ao contrário da rulote do ano anterior, de Nuno Viegas, esta parecia inserir-se discretamente na paisagem do Jardim.

Ainda em relação à programação do «Próximo Futuro» para o ano de 2013, era possível ler-se num artigo do jornal Público: «Espalhadas pela relva estão já peças de arte pública criadas para o programa Próximo Futuro. Há uma "Rulote", de Fátima Mendonça, "um lugar misterioso, um ponto que atrai as borboletas" — com borboletas pintadas. Catarina Branco pensou um conjunto de "Alminhas", feitas com uso do recorte do papel e protegidas em redomas. "Desvio", de Luís Nobre, enquadra-se no verde dos jardins, sombras inspiradas em várias zonas do globo (China, Grécia, Índia, Bordéus, entre outros). É também na sombra da "Cabana", de Catarina Pinto, que vão ter lugar alguns dos eventos do Próximo Futuro: um "abrigo primordial" feito com recurso a materiais naturais portugueses. Nicholas Hlobo pensou "Umnka Lothe" ("a mulher de Lot"), uma peça com referências bíblicas, representando Adão e Eva nos Jardins do Éden.» (Rocha, Público, 3 jul. 2013)

Ana Lúcia Luz, 2020


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Programa cultural

Programa Próximo Futuro

2009 – 2015
Fundação Calouste Gulbenkian
Lisboa, Portugal

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Periódicos


Exposições Relacionadas

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