Cabana. Catarina Pinto

Programa Gulbenkian Próximo Futuro. Ciclo «Arte Pública»

Intervenção da artista portuguesa Catarina Pinto, integrada no ciclo «Arte Pública» organizado no âmbito do Programa Gulbenkian «Próximo Futuro». A convite de António Pinto Ribeiro, coordenador do programa, a artista construiu uma cabana com materiais naturais recolhidos durante uma viagem pelo país.
Art installation by Portuguese artist Catarina Pinto, included in the public art exhibitions for the Gulbenkian Next Future Programme. At the invitation of programme director António Pinto Ribeiro, the artist constructed a shelter from natural materials collected during a journey through Portugal.

A convite de António Pinto Ribeiro, programador-geral do Programa Gulbenkian «Próximo Futuro», a arquiteta Catarina Pinto integrou o grupo de artistas selecionados para o Ciclo «Arte Pública», uma iniciativa que pretendia «proporcionar o confronto dos visitantes habituais e ocasionais dos espaços públicos da Fundação com estas e outras instalações, contribuindo para o debate sobre a intervenção das obras de arte no espaço público» (Próximo Futuro [blogue], jun. 2010). Nos meses de verão, ao longo de todas as edições do Programa «Próximo Futuro», e em complemento aos outros eventos programados, foram integradas estruturas artísticas de cariz público e coletivo no espaço do Jardim Gulbenkian.

Criado em 2009, o «Próximo Futuro» foi um projeto temporário programado por António Pinto Ribeiro para três anos, mas que viria a prolongar-se até 2015. O projeto tinha como mote a promoção e divulgação da criação artística de África, América Latina e Caraíbas e apostava na transversalidade do seu programa, com conferências, exposições e espetáculos. Segundo António Pinto Ribeiro, preconizava-se o «direito dos artistas e dos trabalhadores da cultura dos países terceiros a aprender, estudar e apresentar as suas propostas culturais e artísticas aos cidadãos europeus e suas organizações» («Próximo Futuro traz África e América Latina à Gulbenkian», Diário de Notícias, 19 mai. 2010).

O «Próximo Futuro» convidava assim, todos os anos, um artista diferente para, primeiro, pensar no conceito proposto e, posteriormente, realizar a obra, bem como escolher a sua localização no espaço exterior do Jardim. Estas estruturas tinham a forma de abrigo (tenda, cabana, casa-arquivo) ou de rulote. Os abrigos tinham essencialmente a função de acolher o público e os oradores que participavam nas conferências que integravam a programação; as rulotes serviam de apoio aos eventos, nomeadamente para dispensar alimentos.

Ao contrário das outras intervenções de arte pública espalhadas pelo Jardim Gulbenkian, as estruturas identificadas como abrigos foram criadas com uma função específica. Nesse sentido, ao longo de três anos o «Próximo Futuro» convidou um artista ou um arquiteto para pensar e criar um espaço no Jardim que acolhesse o público e os convidados dos seus vários eventos: ciclos de cinema, peças de teatro, dança, conversas e conferências.

Catarina Pinho interveio na entrada exterior para a Biblioteca de Arte, criando a Cabana, uma estrutura feita apenas com materiais naturais e crus. A construção artesanal, conseguida com recurso a materiais locais, conjugava uma estrutura minimal de varas de eucalipto e materiais naturais em estado tosco e obedecia a uma lógica de sustentabilidade ambiental e de relação com o meio. O aspeto visual da cabana era muito uniforme, marcado por cores terra, tons quentes e texturas de inspiração africana. Nos painéis da cobertura da construção, foram usados materiais recolhidos numa viagem a diferentes pontos geográficos de Portugal, tendo sido utilizadas argilas de cinco zonas do país, que serviram, juntamente com tintas naturais, para tingimentos do sisal.

Com esta expressão plástica artesanal, a artista pretendia acolher o visitante de modo empático e, ao mesmo tempo, relacioná-lo com o lugar. Procurava ainda que a Cabana adquirisse um caráter «vernacular e holístico» (Próximo Futuro [blogue], 2012).

Ana Lúcia Luz, 2020


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Programa Próximo Futuro

2009 – 2015
Fundação Calouste Gulbenkian
Lisboa, Portugal

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