Alminhas

Programa Gulbenkian Próximo Futuro. Ciclo «Arte Pública»

Intervenção da artista portuguesa Catarina Branco (1974), integrada no ciclo «Arte Pública» organizado no âmbito do Programa Gulbenkian «Próximo Futuro». A convite de António Pinto Ribeiro, coordenador do programa, a artista apresentou um conjunto de objetos construídos com recortes de papel.
Art installation by Portuguese artist Catarina Branco (1974) included in the public art exhibitions of the Gulbenkian Next Future Programme. At the invitation of project organiser António Pinto Ribeiro, the artist presented a selection of objects constructed using paper cuttings.

A convite de António Pinto Ribeiro, programador-geral do Programa Gulbenkian «Próximo Futuro», Catarina Branco (1974) integrou o grupo de artistas selecionados para o Ciclo «Arte Pública, uma iniciativa que pretendia «proporcionar o confronto dos visitantes habituais e ocasionais dos espaços públicos da Fundação com estas e outras instalações, contribuindo para o debate sobre a intervenção das obras de arte no espaço público» (Próximo Futuro [blogue], jun. 2010).

Criado em 2009, o «Próximo Futuro» foi um projeto temporário programado por António Pinto Ribeiro para três anos, mas que viria a prolongar-se até 2015. O projeto tinha como mote a promoção e divulgação da criação artística de África, América Latina e Caraíbas e apostava na transversalidade do seu programa, com conferências, exposições e espetáculos. Segundo António Pinto Ribeiro, preconizava-se o «direito dos artistas e dos trabalhadores da cultura dos países terceiros a aprender, estudar e apresentar as suas propostas culturais e artísticas aos cidadãos europeus e suas organizações» («Próximo Futuro traz África e América Latina à Gulbenkian», Diário de Notícias, 19 mai. 2010).

Para a edição de 2013, o programa do Ciclo «Arte Pública» do «Próximo Futuro» desenvolvia-se em torno de conceitos como «místico» e «etéreo», em função dos quais Catarina Branco criou quatro peças, intituladas Alminhas, feitas com recurso a papel recortado, uma técnica desenvolvida no convívio com a sua avó paterna, quando a acompanhava na construção dos tapetes de flores para as procissões religiosas – uma evocação das suas memórias e das raízes do imaginário popular. Partindo do imaginário popular, a artista usa uma linguagem contemporânea para criar objetos que fundem plasticamente vivências e manifestações culturais diferenciadas.

As obras de Catarina Branco foram instaladas em zonas do Jardim com vegetação mais densa e abundante ou junto a espaços que proporcionavam momentos de paragem e repouso, convidando o visitante à introspeção, meditação ou recolhimento. Relativamente ao seu trabalho, a artista esclarece: «Contrariamente ao que seria expectável, as quatro Alminhas projectadas para o jardim da Gulbenkian são uma homenagem à vida e evocam um poder invisível, misterioso, fonte de vida, meio de purificação, símbolo de felicidade e um triunfo da vida sobre a morte […]. Apresentam-se como objectos catalisadores de energia, lugares de oração, de meditação onde [se poderá] depositar oferendas em troca de protecção e facilitar o encontro connosco próprios.» (Catarina Branco [blogue])

Emana da Alminhas um forte pendor religioso, enfatizado pelo «aspecto floral» das peças, que, segundo a artista, «traduz as virtudes da alma, a perfeição espiritual, a floração, o regresso ao centro, à unidade. São tesouros, reservatórios da vida espiritual e receptáculos de influências celestes» (Ibid.).

A reforçar esta ideia, o recurso a redomas de vidro, além de servir a necessidade prática de proteger as obras, procurava acentuar o seu caráter aurático, próprio dos lugares de oração. Citando o texto publicado no blogue da artista: «As suas peças apresentam um aspecto místico, quase tribal, que nos remete para poderes enigmáticos e curativos. Esta carga energética – medicinal e purificadora – possibilita o encontro entre o divino e o nosso estado mais íntimo, transportando-nos para um espaço alternativo, no qual estamos em pleno contacto com a serenidade dos jardins e com a sua densidade vegetal – originando metamorfoses botânicas e uma troca de múltiplas experiências sensoriais.» (Ibid.)

Ana Lúcia Luz, 2020


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2009 – 2015
Fundação Calouste Gulbenkian
Lisboa, Portugal

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