Ocupações Temporárias. Documentos

Programa «Gulbenkian Próximo Futuro»

Exposição coletiva integrada no Programa Gulbenkian «Próximo Futuro». A convite de António Pinto Ribeiro, coordenador do programa, os 24 artistas selecionados desenvolveram um trabalho documental, em diversos formatos, com um forte enfoque na intervenção artística em espaço público urbano.
Collective exhibition included in the Gulbenkian Next Future Programme. Twenty-four artists were invited by programme director António Pinto Ribeiro to create a documentary work in diverse formats with a focus on art installations in urban public spaces.

Projeto de cultura artística contemporânea que mostrou trabalhos em diversos formatos. Contou com trabalhos de 24 artistas emergentes, de origem moçambicana, cabo-verdiana, angolana e portuguesa, todos eles com uma forte propensão para intervir em espaço público urbano.

Esta edição de «Ocupações» em Lisboa teve um cariz diferente das anteriores, que haviam passado anteriormente por Lisboa, em 2012, bem como por Maputo (Moçambique), em 2010, 2011 e 2012, e pelo Mindelo (Cabo Verde), em 2012 – todas elas proporcionando experiências, processos e trabalhos visuais pertinentes, que seriam agora apresentados em Lisboa.

«Ocupações Temporárias. Documentos» foi diferente por se tratar de um testemunho documental, um arquivo material recente, com os objetos e réplicas produzidos ao longo dos três anos de todo o processo. Abarcou documentação, obras originais e cópias que haviam sido expostas ao longo das cinco edições anteriores de «Ocupações Temporárias» (Ocupações Temporárias – Documentos, 2013).

Além de documentos, a exposição continha obras de arte, como é o caso da obra que se encontrava no início da exposição, trazida pelo artista moçambicano Pompílio Hilário Gemuce (1963). A obra é uma réplica de uma peça do fotógrafo Ricardo Rangel (1924-2009), intitulada Prioridade de Passagem. Gemuce criou uma estátua com base no homem fotografado por Ricardo Rangel, cobrindo-a de moedas, «e deu-nos a nova prioridade de passagem dos tempos contemporâneos, que é este dinheiro que controla tudo», disse Elisa Santos, curadora-geral do projeto e uma das curadoras desta exposição.

No espaço expositivo, encontrava-se um mural pintado pelo também moçambicano Shot-B (1963). O painel, além de apresentar uma grande variedade de cores, tinha 42 metros de comprimento – dimensões assinaláveis, mas, ainda assim, aquém das do mural com trezentos metros de comprimento que o artista havia exposto na capital moçambicana. Elisa Santos recorda: «Quando o António Pinto Ribeiro fez a proposta de trazermos uma exposição documental para Lisboa, desde logo disse que gostava que viesse o Shot-B pintar um mural em Lisboa e gostava de trazer os cartazes do Paulo Kapela, um artista angolano, para ficar em contraponto na outra parede.» («Novas expressões artísticas da lusofonia "ocupam" Lisboa», DW África, 10 mai. 2013)

Nesta mostra, houve desenhos, vídeos, fotografias, esculturas e instalações. A título de exemplo, destaque-se o rapper moçambicano Azagaia, um músico de intervenção que concebeu a sua própria página de Facebook em cartão.

Filipe Branquinho, fotógrafo que participara em 2012 no projeto «Ocupação» em Lisboa, referiu esse percurso: «Primeiro vim expor nos jardins da Gulbenkian, depois no Mindelo e depois volto à Gulbenkian», assinalando a oportunidade que a participação nestas exposições representava. Prova disso é o facto de o artista ter sido um dos nomes selecionados para o BES Photo 2013, tendo tido obras expostas no Museu Berardo, em Lisboa.

O conceito das exposições «Ocupações» foi sempre o de cada artista participar uma vez e apoiar a produção da edição seguinte, não tendo de haver obrigatoriamente uma continuidade nesta internacionalização.

Entre 20 março a 3 de abril de 2010, a ativista cultural Elisa Santos iniciou em Maputo um projeto de cultura artística contemporânea, marcado pela intervenção no espaço público desta cidade. Sob o tema «Património Arquitectónico», nele participaram os artistas Celestino Mudaulane (1972), Mauro Pinto (1974), Gemuce (1963), Maimuna Adam (1984) e Gonçalo Mabunda (1975).

Em 2011, também em Maputo, o tema juntou a «precariedade, e até a rusticidade das intervenções, ao sentido global de perda de segurança associado ao da perda de liberdade e da cidadania, que caracterizam as nossas sociedades contemporâneas». Assim, o dia escolhido para inaugurar esta exposição, 11 de setembro de 2011, tinha um grande simbolismo, por se tratar do décimo aniversário do ataque às Twin Towers, em Nova Iorque. Participaram nesta edição os artistas Filipe Branquinho (1977), Camila Sousa (1985), Azagaia (1984), Jorge Fernandes (1982) e Shot-B (1983).

Entre 7 e 21 de março de 2012, a terceira edição teve como tema «Estrangeiros» e realizou-se no Mindelo. Contou com seis intervenções: de Abraão Vicente (1980), Bento Oliveira (1973), Diogo Bento (1979), Arilson Nenass Almeida (1984) e Nuno de Pina (1975), Paulo Kapela (1947), e Rui Tenreiro (1979). Realizou-se maioritariamente em espaços estrangeiros na cidade, como embaixadas e o aeroporto internacional. Com esta edição, foi a primeira vez que a iniciativa se realizou fora do espaço inicial para que fora criada. Teve o patrocínio financeiro do Programa «Próximo Futuro» e do Programa Gulbenkian de Ajuda ao Desenvolvimento.

Ainda em 2012, realizou-se uma intervenção em Maputo, entre 6 e 27 de dezembro, igualmente com o tema «Estrangeiros», que contou com a presença de cinco artistas moçambicanos – João Petit Graça (1979), Rui Tenreiro, Eugenia Mussa (1978), Sandra Muendane (1978) e Tiago Correia-Paulo (1977) – e um artista angolano, Paulo Kapela (1947). A programação foi da responsabilidade de Ana Lúcia Cruz, e esta edição contou igualmente com o patrocínio financeiro do Programa «Próximo Futuro» e do Programa Gulbenkian de Ajuda ao Desenvolvimento.

No verão de 2012, a exposição «Ocupações» que se instalou nos Jardins da Fundação Calouste Gulbenkian teve itinerância no Mindelo, por ocasião do 9.º Encontro das Fundações da CPLP. Ali esteve presente entre 6 e 12 de novembro de 2012, e resultou de uma parceria com o «Próximo Futuro». No ano de 2012, realizaram-se assim três mostras de «Ocupações», duas das quais no Mindelo, com apoio da FCG.

A intervenção de 2013 não tinha já o mesmo propósito e formato das exposições anteriores, sendo agora uma mostra da acumulação de todas as outras experiências, dando visibilidade a um arquivo documental recente e marcado por métodos, processos, objetos e obras de destaque, deixando, ao mesmo tempo, antever o que ainda haveria de vir.

Ana Lúcia Luz, 2020


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

[Ocupações Temporárias. Documentos]

mai 2013
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Galeria de Exposições Temporárias (piso 01)
Lisboa, Portugal
Programa cultural

Programa Próximo Futuro

2009 – 2015
Fundação Calouste Gulbenkian
Lisboa, Portugal

Publicações


Fotografias

Lúcia Marques

Periódicos


Páginas Web


Exposições Relacionadas

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2013 / Jardim Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa

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