Novas exposições

A partir de 3 de março
24 feb 2017

O Museu Calouste Gulbenkian apresenta, a partir do dia 3 de março, um novo modelo de programação com o cunho da atual diretora, Penelope Curtis, responsável pela gestão conjunta das duas coleções: a do Fundador e a Moderna.

Uma nova visão da arte portuguesa contemporânea em Portugal em Flagrante, as fotografias que revelam o olhar de Manuela Marques sobre o Palácio de Versalhes, os conceitos de utopia e de imaginação ecológica na exposição de Tamás Kaszás, são as propostas do Museu Gulbenkian para os próximos meses.

 

Conversas

Manuela Marques e Versailles. A face escondida do sol

Coleção do Fundador – Galerias do Museu e Galeria do piso inferior 
Curadoria: João Carvalho Dias e Nuno Vassallo e Silva

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Durante dois anos e meio, nos dias em que as portas do Palácio de Versailles encerravam ao público, uma visitante especial era autorizada a entrar e a explorar as infinitas salas, câmaras e antecâmaras de um dos mais grandiosos palácios da Europa. O convite partiu da presidente da instituição pública que gere o palácio, Catherine Pégard, e o privilégio coube a Manuela Marques, fotógrafa portuguesa radicada em Paris, vencedora do Prémio BES Photo 2011. Nessas suas deambulações, durante horas e horas, a fotógrafa captou imagens do Palácio ao ritmo que a si própria impôs, perseguindo, pacientemente uma linha condutora que orientasse o seu olhar.

Para tal, deixou-se perder muitas vezes naquele espaço imenso, que abrigou o luxo e a opulência do Antigo Regime francês, desde Luís XIV, o Rei Sol, até Luís XVI. Tocada por uma impressão visual poderosa e por vezes violenta, a artista começou por encontrar vários fios condutores até o projeto fotográfico se tornar evidente, ou seja, até encontrar uma intencionalidade que esteve na base de uma proposta visual surpreendente.  

Neste processo, Manuela Marques nunca procurou o lado monumental do edifício. Esmagada pela impressionante relação entre as linhas horizontais e verticais do palácio, a artista deixou-se embalar pela sensação de vertigem, desarticulando o luxo de Versailles, numa série inédita que será apresentada agora na Fundação Gulbenkian. Nos lugares mais recônditos capturou atmosferas, registou pormenores de objetos sumptuosos, grafitis inesperados, reflexos de espelhos, portas ou ainda sons que remetiam para a vivência contemporânea do palácio, lugar de trabalho para uns, e de deleite para os milhões de visitantes que percorrem as suas salas, corredores e jardins.

O desafio proposto pela presidente do Palácio de Versailles a Manuela Marques revelou-se extremamente fecundo, marcando um momento importante do seu processo criativo.

Esta exposição será alargada às galerias de arte francesa do século XVIII do Museu Gulbenkian ao sabor de temas como mecenato régio, as indústrias do luxo e o dinamismo da atividade cultural. Para tal, serão destacadas importantes obras de ourivesaria, mobiliário, pintura, têxteis, porcelanas e arte do livro, muitas das quais encomendas régias e da nobreza francesa entre os reinados de Luís XIV e Luís XVI. Algumas destas peças encontram-se em exposição permanente, outras nas reservas, sendo agora mostrados pela primeira vez ao público.

Nascida em 1959, Manuela Marques vive e trabalha em Paris. Tem exposto com regularidade, desde o início da década de 90, em instituições francesas como o Centro Nacional de Fotografia, o Centro Fotográfico da Ile-de-France, o Museu Malraux, o Fundo Regional de Arte Contemporânea da Auvergne e da Alta Normandia, a Colecção Lambert e a Galeria Agnès B, entre outras. No Brasil expôs na Galeria Vermelho, Estação Pinacoteca e Museu da Imagem e do Som em São Paulo, no Espaço Cultural Contemporâneo e Museu de Arte Moderna em Brasília, e no Museu de Arte Contemporânea de Niterói. Tem também participado em exposições coletivas em Madrid (PhotoEspaña), Nova Iorque (Galeria Schroeder Romero) e no Canadá (Museu Canadiano de Fotografia), entre outras instituições. Em Portugal expôs, pela primeira vez, nos Encontros da Imagem de Braga em 2002 e na Bienal de Fotografia de Lisboa em 2005. Em 2011, foi distinguida com o prémio BES Photo. O seu trabalho está amplamente representado em várias coleções públicas e privadas.

 

Espaço Projeto

Támas Kaszás. Alegria e Sobrevivência

Coleção Moderna – Espaço Projeto
Curadoria: Rita Fabiana

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O artista húngaro Támas Kaszás (n.1976) inaugura o Espaço Projeto com a exposição Alegria e Sobrevivência que explora os conceitos de utopia e de imaginação ecológica.

A prática artística de Kaszás é marcada pela construção de instalações de grande escala onde se cruzam o desenho, a fotografia, o vídeo, o texto e pequenos objetos. Recorre a técnicas e materiais simples, acessíveis ou reciclados, que encontram eco na linguagem formal das vanguardas europeias dos anos de 1920 e nos movimentos ativistas do século XX. Partindo de um cenário iminente de colapso ecológico, económico e social, o artista imagina os objetos, as práticas e as estratégias de um futuro alternativo – que é simultaneamente um “manual de sobrevivência” para o presente -, construídos a partir dos valores da imaginação, da cooperação, da autonomia, e da reinterpretação de uma ciência popular ancestral.

Famine Food Pavillion é um dos projetos emblemáticos desta exposição que se apresenta tanto como um espaço de partilha de estratégias alternativas no campo da alimentação, ao propor um inventário de plantas comestíveis acessíveis nos campos e nos baldios das cidades, como um espaço funcional de «transformação» destas plantas em alimentos.

Para Tamás Kaszás a arte é, antes de mais, um instrumento emancipatório para uma vida «simples e feliz», o que subentende uma crítica ao capitalismo global, ao consumismo e à perda de autonomia do sujeito contemporâneo.

Tamás Kaszás (1976 Dunaújváros, Hungria) vive e trabalha na ilha de Szentendrei, perto de Budapeste. Estudou no Departamento Intermedia e no programa de Doutoramento da Academia de Belas Artes de Budapeste.

O seu percurso é marcado por várias colaborações com outros artistas, como Anikó Loránt com quem formou, em 2003, o Ex-Artists’ Collective. É no quadro desta colaboração que desenvolve os projetos Auto-Anthropology (2010-2017) e Famine Food (2011-2017), centrais nesta exposição. Uma outra colaboração, com a artista Sophie Dodelin, acontece no quadro da instalação Disco Batata, iniciada em 2008 num terreno agrícola na Caparica e reinterpretada nesta exposição. Kaszás participou na 19ª Bienal de Sydney em 2014 e na 12ª Bienal de Istambul em 2011, tendo exposto em diferentes instituições como a Open Space em Viena (Áustria), a SMAK em Gent, (Bélgica), no Museum Ludwig em Budapest (Hungria) e no Storm Project em Utrecht (Holanda), entre outros. Está representado em várias coleções públicas como o Ludwig Museum Budapest, o MUDAM Luxembourg, o Museum Sztuki Lodz e a Tate Modern de Londres.

 

Coleção Moderna

Portugal em Flagrante

Col. Moderna: Nave
Curadoria Penelope Curtis, Ana Barata, Ana Vasconcelos, Leonor Nazaré e Patrícia Rosas Prior

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Com a apresentação de trabalhos em escultura, instalação e outros suportes tridimensionais, fica completa a primeira mostra representativa do acervo da Coleção Moderna do Museu Calouste Gulbenkian, oferecendo uma compreensão da história em relação com a prática artística em Portugal.

O primeiro núcleo desta exposição, constituído por obras em papel, livros, fotografias, gravuras e desenhos, inauguradas no Verão passado no piso inferior, propõe, de um modo didático, uma introdução à história de Portugal do século XX, tendo como público-alvo alunos e professores que têm correspondido com grande afluência. A exposição dá conta da atividade artística nacional desde a Primeira República até aos dias de hoje, aflorando questões como a propaganda, o nacionalismo e a ditadura. As caricaturas, sketches satíricos e  os desenhos apresentados refletem a representação feita da vida rural e urbana portuguesas, mais ou menos idealizada, de acordo com os interesses do regime ou as filiações dos artistas. Projetos de larga escala como a urbanização da cidade de Lisboa ou a Exposição Universal de Lisboa de 1940 são aprofundadas, quer através de documentos da Biblioteca de Arte da Fundação, quer através de projetos recentes de artistas como Miguel Palma.

Estão também expostos trabalhos de jovens artistas  como Susana Gaudêncio, Nuno Nunes-Ferreira e Jose Carlos Teixeira, que contribuem para refletir sobre alguns dos aspetos mais sombrios deste período.

As mostras de pintura e escultura, nos pisos superior e térreo, seguem a mesma trajetória, começando no início do século XX até à atualidade. Um dos aspetos a destacar é a importância de cidades como Paris e Londres no percurso de vários artistas, quer como destino de escape quer como local de formação artística.  A exposição reflete essa tendência, cruzando trabalhos de artistas portugueses, como Paula Rego, com obras dos anos sessenta de artistas como David Hockney. 

Alguns empréstimos provenientes do Museu do Chiado e da Escola de Belas-Artes contribuem para ampliar a visão da escultura do início do século XX  para o que também contribuem obras de escultura francesa e britânica vindas da Coleção do Fundador de artistas como Auguste Rodin, René Lalique, Charles Sargeant Jagger ou Alfred Gilbert.

A apresentação da Coleção Moderna reúne 340 trabalhos de 160 artistas escolhidos por Penelope Curtis e por toda a equipa de curadores do Museu Calouste Gulbenkian.

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