Exposição itinerante que trouxe à Europa, pela primeira vez, a obra de Dale Chihuly (1941), artista norte-americano que desde meados da década de 1960 explora as potencialidades da técnica de modelação do vidro através do sopro. Anteriormente apresentada no Musée des Arts Décoratifs (Paris), em 1986, e no Musée Matisse (Le Cateau-Cambrésis, França), em 1987, esta mostra é acolhida em Portugal pela Fábrica-Escola Irmãos Stephens E.P. (Marinha Grande), em agosto de 1988, e posteriormente pela Fundação Calouste Gulbenkian (FCG).

Os trabalhos selecionados foram expostos com base em analogias formais. Este critério permitiu igualmente revelar o modo como Chihuly então desenvolvia o seu trabalho. Como explica Robert Hobbs no seu texto para o catálogo: «Em 1977, [Chihuly] fascinou-se pelos cestos empilhados e disformes […] produções dos Índios da costa Oeste e a série dos Pilchuk Baskets é como recordação desses “vestígios”. […] Encontrando seguidamente analogias entre os cestos índios e as formas marinhas, as suas Sea Forms tornam-se os equivalentes vivos dos Baskets. Mais recentemente, as Macchia, síntese das duas séries precedentes, transmitem uma ambiguidade voluntária: cheias de uma energia vital, não parecem no entanto orgânicas.» (Dale Chihuly. Objectos de Vidro, 1988)

Assim, juntamente com os trabalhos recentes, foram mostradas peças de períodos anteriores e alguns desenhos de projeto que revelavam o processo de trabalho de Chihuly.

O projeto museográfico assentou na criação de um espaço pretensamente neutro, construindo-se na Galeria de Exposições Temporárias da Sede da FCG (piso 01) uma sucessão de cubos brancos. Esta cor, usada nas paredes e nos plintos, era conjugada com uma iluminação controlada, com o propósito de exaltar as características formais, materiais e cromáticas das peças e, muito possivelmente, de conferir ao espaço um dramatismo próximo do das fotografias realizadas pelo próprio artista e incluídas no catálogo, pois, como observara Roberts Hobbs: «O trabalho do imaginário manifesta-se nas fotografias das obras de Chihuly, que são as interpretações essenciais da sua criação. Colocando as peças sobre uma placa de vidro negro, para as fotografar, Chihuly, aumenta a sensação de peso, sublinha o seu frágil equilíbrio e a sua relação com os campos de forças invisíveis.» (Dale Chihuly. Objectos de Vidro, 1988)

Mariana Roquette Teixeira, 2018