Data de 3 de junho de 1986 uma carta de Lucille Khornak dirigida a José Sommer Ribeiro, então diretor do Centro de Arte Moderna, propondo realizar uma exposição de fotografia, com organização da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), que seria constituída por ampliações de negativos do acervo pessoal da artista.

O projeto seria concretizado cerca de um ano depois, inaugurando a 23 de junho de 1987, na Galeria de Exposições Temporárias do Museu Calouste Gulbenkian. Contou com 33 trabalhos: 18 fotografias a preto-e-branco (30 × 40 cm) e 15 fotografias a cores (11 das quais com 30 × 40 cm, e as restantes com 40 × 50 cm). Individualmente e no seu conjunto, as peças expostas expressavam a síntese das disposições de Khornak face à produção fotográfica, com destaque para uma simbiose entre a exploração mais autónoma dos valores plásticos do medium fotográfico e o pendor mais comercial e publicitário da sua aplicação à esfera da moda.

Essa linguagem de encruzilhadas permitia ainda uma interessante reflexão acerca da possibilidade do retrato nesse domínio das indústrias da imagem, inquirindo a própria tradição desse género temático dentro das categorias legadas pela história das artes visuais.

A produção das provas fotográficas foi inteiramente patrocinada pela FCG.

Após a exposição, as fotografias viajaram para Nova Iorque, a pedido da artista, para integrarem uma exposição que lá organizou e que, nas suas palavras, terá sido um sucesso, com uma afluência de 400 pessoas (Carta de Lucille Khornak para José Sommer Ribeiro, 2 fev. 1988, Arquivos Gulbenkian, SEM 00365).

Daniel Peres, 2017