A presente exposição itinerante, produzida e organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) e intitulada «A Terra e o Mar. Bernardo Marques», fez parte, juntamente com outros eventos expositivos, de uma iniciativa cultural da FCG com vista à descentralização cultural e ao acesso à arte por parte das populações de regiões mais periféricas e do interior, facultando-lhes o contacto com a produção artística portuguesa.

Autor de uma obra multifacetada, Bernardo Marques foi ilustrador, desenhador, figurinista e um dos pintores mais fecundos da arte portuguesa da primeira metade do século XX, desenvolvendo uma extensa obra no campo da ilustração e do desenho.

Nas palavras do pintor Fernando de Azevedo, «Bernardo Marques tinha em si a paixão dos sítios, das pessoas e das coisas, o jeito de surpreender-lhes a verdade e não apenas a sua aparência. […] Paixão, verdade e também revelação. Há tudo isso nestes desenhos, afinal tão simples, quase discretos por vezes na sua intimidade» (A Terra e o Mar. Bernardo Marques, 1976).

Concebida pelo Serviço de Exposições e Museografia, e contando com a colaboração da viúva do artista, Maria Elisa Marques, que cedeu as obras, a exposição reuniu cerca de 50 desenhos, a tinta-da-china, aguarela e lápis, subordinados ao tema «A Terra e o Mar».

Entre 1976 e 1980, a mostra percorreu mais de 40 cidades e vilas nacionais, numa itinerância que a levou do norte de Portugal (1976-1977), à Madeira, aos Açores e ao Alentejo (1978) e terminou no Algarve (1979-1980).

A Fundação escolheu Vila Franca de Xira como primeira etapa da longa digressão artística, de modo a coincidir com a inauguração da II Exposição-Feira Agrícola e Industrial. Nessa ocasião, o pintor Fernando de Azevedo, autor do catálogo da exposição, orientou uma visita guiada com foco nos desenhos expostos e na vasta obra do pintor.

Para não sobrecarregar demasiado o orçamento da exposição, e tendo em conta o seu caráter itinerante e o elevado número de localidades a visitar, produziu-se um catálogo de dimensões reduzidas, com reproduções dos desenhos e das aguarelas, complementados com o texto de Fernando de Azevedo.

Esta exposição, que contou com a enorme e dedicada colaboração dos vários municípios e museus locais, alcançou um grande êxito junto do público, estimando-se em vários milhares o número de visitantes, entre os quais muitos alunos de escolas técnicas e liceais, integrados em visitas guiadas. De acordo com a documentação, a afluência de público na mostra em Chaves atingiu os 1019 visitantes, e na cidade da Horta, nos Açores, rondou os 500.

Joana Brito, 2016