Bernardo Marques. Obras de 1950 a 1960

Exposição de inauguração da Galeria de Exposições Temporárias da Fundação Calouste Gulbenkian, criada como homenagem ao pintor português Bernardo Marques (1898-1962), importante colaborador da Fundação. Contou com 83 desenhos que, na sua maioria, nunca haviam sido expostos, cedidos pela viúva do artista, Maria Elisa Marques.
Opening exhibition of the Temporary Exhibitions Gallery of the Calouste Gulbenkian Foundation, created as a tribute to the Portuguese painter Bernardo Marques (1898-1962), an important collaborator of the Foundation. It had 83 drawings that, for the most part, had never been featured, provided by the artist's widow, Maria Elisa Marques.

A exposição inaugural do Pavilhão Temporário da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), espaço dedicado à realização dos eventos culturais antes da inauguração, em 1969, dos edifícios da Sede e do Museu Calouste Gulbenkian, foi um tributo a Bernardo Marques (1898-1962), falecido quatro anos antes. O artista foi assim homenageado não só «pela qualidade da obra […], mas também pela notável colaboração que prestou à Fundação Calouste Gulbenkian, especialmente como colaborador gráfico, desde o primeiro número, da Revista Colóquio» (Bernardo Marques, 1966).

Em artigo publicado na revista Colóquio, José-Augusto França salienta que o «peso sentimental» desta exposição terá implicado, na sua conceção, uma certa secundarização das problemáticas relativas «às ambições e limites do modernismo português» (França, Colóquio. Revista de Artes e Letras, n.º 38, abr. 1966, pp. 15-24).

Estando inicialmente prevista uma grande mostra, as limitações do espaço levaram a que a comissão de seleção optasse por apresentar um conjunto de desenhos «representativo por si mesmo, independentemente de qualquer propósito de visão retrospectiva, que a obra de Bernardo Marques exige e que virá por certo a efectivar-se em condições apropriadas» (Ibid.). Desse modo, a seleção incidiria em 83 desenhos executados entre 1950 e 1960 e que, na sua maioria, seriam expostos pela primeira vez. Os desenhos foram cedidos pela viúva do artista, Maria Elisa Marques.

O número de visitantes e o interesse manifestado pelo público levaram a que a FCG decidisse manter aberta a exposição aos domingos (único dia em que a mostra encerrava), no mesmo horário dos dias da semana (das 15 às 19 horas) (Comunicado de imprensa, 21 mar. 1966, Arquivos Gulbenkian, SBA 15361).

Depois do êxito que obteve em Lisboa, a exposição foi remontada na sede do Grémio do Comércio de Braga, a pedido deste organismo. Em carta dirigida à FCG, datada de 27 de julho de 1966, o presidente do Grémio bracarense recordaria o êxito do evento, que fora integrado nas Festas de São João daquela cidade: «[…] o interesse que suscitou no meio de Braga corresponde ao espírito de boa compreensão dessa emérita Fundação, divulgando o que há de mais representativo em Portugal na cultura do espírito e em especial nas artes plásticas.» (Carta do Presidente do Grémio do Comércio de Braga para José de Azeredo Perdigão, 27 jul. 1966, Arquivos Gulbenkian, SBA 15361)

Em agosto, a exposição seria finalmente apresentada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, tendo a remontagem estado a cargo de Fernando de Azevedo e de Américo Silva, funcionários do Serviço de Projetos e Obras da FCG (que também coordenaram a montagem em Braga). A edição da exposição no Brasil foi contextualizada pela visita do presidente da República Portuguesa àquele país, tendo feito parte das operações diplomáticas. No final da exposição, a FCG ofereceu dois dos desenhos então expostos ao ministro Juracy de Magalhães e à esposa do diplomata Hélio de Scarabotolo (Carta da Presidência da FCG, 14 abr. 1967, Arquivos Gulbenkian, SBA 15361).

Joana Baião, 2015

This inaugural exhibition of the Calouste Gulbenkian Foundation (FCG) Temporary Exhibitions Gallery was conceived as an homage to Bernardo Marques (1898-1962), deceased four years before, not only “forthe quality of his artwork, but also for his outstanding collaboration with the Calouste Gulbenkian Foundation, especially as a graphic artist of Colóquio magazine, since its first issue (Bernardo Marques, 1966)”. 

In an article published in Colóquio magazine, José-Augusto França highlighted that this show was “loaded with sentimental weight”, wich implied a certain disregard, in its conception, of the main problems related to “the Portuguese Modernism ambitions and limits” (França, Colóquio. Revista de Artes e Letras. N. º 38, Abr. 1966, pp. 15-24).

A great exhibition was initially scheduled, but due to space restrictions, the commission decided to present a set of drawings that was “representative on its own, regardless of any retrospective view that Bernardo Marques’ artwork demands and that will certainly take place in suitable conditions”.  Therefore, the selection focused on 83 drawings, most of which had never been shown made between 1950 and 1960, assigned by the artist’s widow, Maria Elisa Marques.

Due to the number of visitors and the interest demonstrated by the public, the FCG decided to keep the exhibition open on Sundays - the only closing day - keeping the same schedule of weekdays (from 3pm to 7pm) (Press Release, 21 Mar. 1966, Gulbenkian Archives, SBA 15361). 

After the success in Lisbon, the exhibition was reassembled in the headquarters of Grémio do Comércio de Braga [the Commercial Association of Braga], by request of this organism. In a letter dated 27 July 1966 addressed to the FCG, the president of Grémio would remember the success of this event, integrated in the city’s festivities of St. John:

“(...) it raised an interest in Braga that corresponds to the good understanding spirit of this esteemed Foundation, by spreading what best represents Portugal in terms of culture and especially the visual arts.” (Letter from the President of Grémio do Comércio de Braga to José de Azeredo Perdigão, 27 Jul. 1966, Gulbenkian Archives, SBA 15361).

The exhibition was finally presented in August in the Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Brazil). Fernando de Azevedo and Américo Silva, from the FCG’s Works and Projects Department, were the ones in charge of the reassembly (they had also been in charge of the reassembly in Braga). The exhibition edition in Brazil was contextualised by the visit of the President of Portugal to this country, as part of the diplomatic activities. At the end of the exhibition, the FCG offered two of the exhibited drawings to the minister Juracy de Magalhães and to the wife of the diplomat Hélio Scarabotolo (Letter from the FCG Presidency, 14 Apr. 1967, Gulbenkian Archives, SBA 15361).


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Publicações


Material Gráfico


Fotografias


Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 25138

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém convites e catálogo da exposição. 1966

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 15361

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência, seguros, orçamentos, recortes de imprensa e informação sobre montagem em Lisboa, Braga e Rio de Janeiro. 1966

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/019-D01826

Coleção fotográfica, p.b.: montagem (Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro) 1966

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/019-D01826

Coleção fotográfica, p.b.: montagem (FCG, Lisboa) 1966

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Projectos e Obras), Lisboa / SPO-S013-D01353

5 provas, p.b.: aspetos (Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro) 1966

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Projectos e Obras), Lisboa / I04-027 a I04-031

Álbum com coleção fotográfica: p.b. (Sede do Grémio do Comércio de Braga, Braga) 1966

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0330-D00995

12 provas, p.b.: aspetos (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro) 1966

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0330-D01002

15 provas, p.b.: aspetos (FCG, Lisboa) 1966


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