Exposição integrada nas comemorações do 20.º aniversário (1956-1976) da Gravura – Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses, cuja iniciativa contou com a colaboração e organização da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG).

Além da FCG, várias instituições nacionais, como a Sociedade Nacional de Belas-Artes (SNBA) e a Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (ESBAL), participaram num programa mais amplo de comemorações, promovido pela cooperativa Gravura, que integrou a realização de eventos, de exposições e de publicações, durante todo o ano de 1976 e início de 1977, e que terminou com a realização da «I Exposição Nacional de Gravura», também realizada na FCG.

A colaboração da FCG com a Gravura, estreitada, desde o 1956, pela concessão de importantes subsídios para a beneficiação das instalações da cooperativa e realização de cursos, concretizou-se nestas comemorações pela apresentação de três exposições dedicadas às técnicas de gravura. Autónomas, mas integradas e apresentadas em complementaridade e com o propósito de assinalar os vinte anos de atividade da Gravura – Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses, estas exposições procuraram abranger a produção contemporânea nacional («20 Anos de Gravura»), a produção antiga («Gravura Antiga») e a produção internacional («Gravura Estrangeira»).

Esta última exposição, organizada pelo Serviço de Exposições e Museografia da FCG e com o objetivo de dar a conhecer ao público os valores internacionais da gravura, procurou estabelecer ainda um diálogo com a produção nacional. Foi apresentado um conjunto diversificado de obras (49 exemplares, desde a abstração à figuração, 27 dos quais pertencentes à coleção da FCG), realizadas por 35 artistas contemporâneos, alguns destes há muito consagrados noutras modalidades, como a pintura e a escultura (Vieira da Silva, Henry Moore, Karel Appel, Hans Hartung, Sonia Delaunay, Barbara Hepworth ou Serge Poliakoff). As obras apresentadas atravessavam importantes eixos da arte contemporânea deste período, pela representatividade de artistas relacionados com a Escola de Paris ou com o Grupo CoBrA. Para o efeito, além do acervo da FCG foram cedidas temporariamente, a fim de integrar o projeto expositivo, 21 gravuras pertencentes a Mário Martins da Silva.

A receção do público foi bastante significativa, comprovada pela afluência e pela participação em visitas guiadas e noutros eventos paralelos. A exposição foi igualmente muito citada pela crítica especializada.

Ainda durante o período de exibição das três exposições, foi montado na FCG um ateliê de gravura, que elucidava os visitantes sobre as várias fases envolvidas nos trabalhos de gravura e as suas especificidades técnicas, projeto que atesta os pressupostos didático-participativos dos seus organizadores.

Não foi possível confirmar a itinerância desta exposição até ao Porto, contudo, pela documentação consultada, há indicação de uma seleção e cedência de algumas destas obras com vista a serem apresentadas no Museu Nacional de Soares dos Reis, poucos dias após o encerramento da exposição em Lisboa.

Filipa Coimbra, 2016