Tau

N.º Inv.
ADD285
Data
c. 1989
Materiais e técnicas
Tinta da china sobre papel quadriculado
Medidas
15 x 10,5 cm
Proveniência

Col. Família Dacosta, em depósito na Fundação de Serralves – Museu de Arte Contemporânea, Porto (Inv. MD 0005)

Inscrições

«TAU»
[frente, quadrante inferior direito]

Este desenho, de cerca de 1989, faz parte da coleção da família Dacosta, encontrando-se em depósito na Fundação de Serralves – Museu de Arte Contemporânea, e poderá ser uma das primeiras aparições do Tau, determinando uma vasta série que dominaria a produção final de António Dacosta e que só seria apresentada postumamente.

Após ter visitado o Retábulo de Issenheim (c. 1512-1516), famosa obra encomendada a Mathias Grünewald (c. 1470-1528) pelo Mosteiro de Santo Antão (ou Santo António Abade) de Issenheim para a capela do seu hospital – destinado a doentes do fogo sagrado ou fogo de Santo António -, Dacosta terá começado a projetar o complexo instalativo de pintura, numa reflexão sobre estruturas retabulares, desenvolvido a partir da marcante série Tau, que pensava para uma exposição na Galeria 111. O Retábulo de Issenheim seria uma referência central para a série do Tau. O «T» da crucificação associava-se ao «T» que os monges cosiam nas suas vestes e que imprimiam nas coxas dos porcos que tratavam, porcos estes que eram uma das suas principais fontes de autossubsistência e riqueza. Por seu lado, o porco era um dos símbolos de Santo Antão e era a forma do seu bastão.

Devido a um texto que António Dacosta ditou a Bernardo Pinto de Almeida explicando o sentido desta marcante série [ADP291], sabemos que o Tau se relaciona com Santo Antão (ou Santo António Abade) e com os frades Antoninos de Issenheim: «Esta ordem, criada em França nos finais do século XI na sequência de uma grande epidemia de uma doença conhecida pela designação de “fogo sagrado” que espalhou por várias regiões e para cuja cura eram invocadas as benesses de Santo António (o das tentações também conhecido por Santo Antão). (…) O crescente afluxo de peregrinos obrigava os frades a procurar fontes de rendimento através de coletas e também pela criação de porcos. No final do século XIII uma bula de Clemente IV estabelece para os frades o direito absoluto à criação dos “porcos de Santo António”. Estes eram marcados pelo TAU, signo que tem a forma da letra T que os frades traziam também inscrita sobre o hábito que vestiam» (Dias, 2016, p. 314). O «T» tende a dominar a superfície de modo solitário, por vezes imponente, mas neste raro caso, o que faz supor ser um trabalho inicial da série, é acompanhado pela inscrição «TAU».


Exposições

  • Individual

Dacosta Íntimo

2004 – 2005 / Museu de Angra do Heroísmo, Angra do Heroísmo, Açores


Bibliografia


Antologia Crítica


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