Rui Sanches

Lisboa, Portugal, 1954

Formal e compositivamente depurada, a obra de Rui Sanches nasce da relação que estabelece entre a escultura e a tradição pictórica Ocidental. Embora mais patente na sua obra do início dos anos 80, esta relação continua presente na escultura e no desenho posteriores, revelando-se nos jogos de luz que modelam do espaço. Essa preocupação espacial, de raiz escultórica, também se apoia na geometria, utensílio que tem permitido modulações várias, desde a radicação na pintura até à transfiguração linear.

Preterindo os estudos de Medicina pelos artísticos, Rui Sanches inicia formação plástica no Ar.Co, em Lisboa. Prossegue-a no Goldsmiths’ College, Londres, onde tirou um Bachelor of Arts em 1980, e na Yale University, New Haven, onde obteve um Master of Fine Arts, em 1982, sendo bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. De regresso a Portugal, deu aulas no Ar.Co, onde foi também responsável pelo Departamento de Escultura e membro da Direcção, e no IADE. Expõe coletivamente desde 1983 e individualmente desde 1984, tanto em Portugal como no estrangeiro. Nos anos 80 e 90 está ligado à direção do CAM da FCG, desenvolvendo trabalho de curadoria de exposições. A partir de 1993 realiza também intervenções em espaços públicos. É representado em diversas coleções públicas e privadas no país e no estrangeiro, tendo sido premiado com o Prémio AICA em 2009.

Apesar de haver iniciado o percurso pela pintura, cedo Rui Sanches optou pela escultura. Contudo, essa matriz pictórica continuou presente. A sua obra escultórica dos anos 80, composta por peças de claro pendor geométrico erigidas em torno da desconstrução de pinturas neoclássicas, é disso um claro exemplo. Nos anos 90, a sua escultura liberta-se desse referente histórico, optando por uma linguagem mais orgânica, sedimentar, de linhas mais fluidas, que por vezes adquire um carácter quase paisagístico.

Em termos de materiais, a madeira tem primazia, ocasionalmente conjugada com o metal (geralmente bronze simples ou policromado), o vidro ou o espelho. O gosto por materiais simples, acessíveis, e a sua conjugação na criação de texturas e de superfícies que ampliam a experiência espacial, reflete-se também no desenho. Com efeito, embora mais conhecido como escultor, o artista mantém, há mais de vinte anos, um relevante espaço de investigação em torno do desenho. Exercício reflexivo sobre o seu projecto escultórico, avança questões próprias, embora obedece, cronologicamente, aos mesmos pressupostos que a escultura – mais ligado à História da Arte nos anos 80, abstratizante nos anos 90 e nas obras mais recentes. Nas exposições em 2008 do «ciclo» Museum (no Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, e na Galeria Fernando Santos, Porto), escultura e desenho recuperaram o seu exercício de reinterpretação da História da Arte, operando uma síntese da sua própria gramática, entre geometria e organicidade.

 

Emília Ferreira

Maio de 2010

Atualização em 16 abril 2023

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