- Flandres, c. 1480-1490
- Têmpera e óleo (?) sobre madeira transpostos para tela
- Inv. 628
Anunciação
A pintura, transferida para tela em 1889, conheceu no passado diversas atribuições, encontrando-se Rogier van der Weyden, Hugo van der Goes e o Mestre do Encarceramento de Munique, entre os nomes sugeridos. Acredita-se, hoje, que a obra foi executada por um pintor próximo do círculo de Dierick Bouts.
A conceção espacial da obra, organizada através de uma construção trapezoidal, permite estabelecer entre todos os elementos da composição uma estreita ligação. Pode afirmar-se, assim, que o significado da pintura se revela a partir da interpretação das relações emergentes do seu conteúdo simbólico. A ordem do visível remete o observador para o domínio da espiritualidade – a luz que anuncia o Salvador, a pomba que assinala a presença do Espírito Santo, a «cruz» que prenuncia a Paixão –, preocupação que corresponde à finalidade essencial de toda a pintura religiosa.
A paisagem, ainda que povoada de pormenores realistas à maneira flamenga, obedece, também ela, a uma estética fundamentada na esfera do sagrado: é para a árvore da vida que convergem numerosas linhas de fuga e é no muro do jardim, alusão ao Paraíso, que o pavão, símbolo da vida eterna, aparece posicionado.
Vendida pelo rei dos Países Baixos a Nicolau I da Rússia, 1850; Museu do Ermitage, São Petersburgo. Adquirida por Calouste Gulbenkian por intermédio de Antikvariat, Moscovo, abril de 1929.
A. 27,3 cm; L. 34,4 cm
Lovaina 1998
Maurits Smeyers, Dirk Bouts (ca. 1410-1475), een Vlaams primitief te Leuven, catálogo da exposição. Lovaina: Peeters, 1998, pp. 382-383, n.º 74.
Périer-d’Ieteren 2005
Catheline Périer-d’Ieteren, Thierry Bouts: l’oeuvre complet. Bruxelas: Fonds Mercator, 2005, p. 361, B2.
Sampaio 2009
Luísa Sampaio, Pintura no Museu Calouste Gulbenkian. Lisboa/Lisboa: Museu Calouste Gulbenkian, 2009, pp. 22-23, cat. 3.
Lisboa 2011
Museu Calouste Gulbenkian. Lisboa: Museu Calouste Gulbenkian, 2011, p. 100, cat. 75.