Requinte e funcionalidade

A casa de banho concebida por René Lalique

Em 1922, Calouste Gulbenkian adquiriu uma propriedade em Paris, um palacete situado no n.º 51 da Avenue d’Iéna, no centro da cidade, que pertencera ao grande colecionador Rodolphe Kann.
18 dez 2020 2 min
Uma Coleção com Histórias

A luxuosa propriedade foi alvo de várias intervenções de modo a poder receber a coleção particular de Gulbenkian e a servir de residência ao colecionador e à sua família. A decoração foi uma das maiores preocupações de Calouste, que contou com a preciosa colaboração de vários artistas de renome, entre os quais o seu amigo de longa data René Lalique.

A relação de Lalique e Gulbenkian, que terá tido início graças à mediação da atriz Sarah Bernhardt, remonta ao final do século XIX. Contemporâneo do colecionador, René Lalique (1860-1945) iniciou a sua carreira de joalheiro muito cedo, tornando-se um dos mais famosos de Paris. Em 1899, Gulbenkian adquiriu a sua primeira joia diretamente ao artista – a placa de gargantilha Arvoredo –, despoletando a amizade de vários anos entre os dois, que culminou num conjunto de centenas de peças, que é hoje uma das mais importantes coleções particulares de obras de René Lalique. Não seria assim de estranhar que Gulbenkian quisesse o contributo de Lalique para a remodelação da sua residência.

 

René Lalique, Plafonnier, 1927. Vidro moldado e prensado opalescente. Museu Calouste Gulbenkian
René Lalique, Aplique «Sementes», 1927. Vidro moldado e prensado. Museu Calouste Gulbenkian

 

O colecionador pedia regularmente conselhos ao artista, além de lhe ter encomendado várias intervenções, como a conceção da sua casa de banho privativa. Ao gosto Art Déco, com um teto abobadado decorado com mosaicos prateados – que também foram usados no chão –, a casa de banho era revestida a mármore Chiampo Perla, oriundo de Vicenza. Lalique desenhou ainda o plafonnier e os apliques em vidro, bem como os puxadores, as saboneteiras e os toalheiros. Seguindo o desejo de Gulbenkian, foi encomendada uma banheira de Porcher, semelhante à dos seus aposentos no Hotel Ritz, com 53 centímetros de profundidade.

 

Residência de Calouste Gulbenkian no n.º 51, da Avenue d'Iéna, Paris

 

As diversas salas do hôtel Gulbenkian foram decoradas de acordo com as preferências artísticas do colecionador. No chamado Salon Sycomore, Gulbenkian expôs vidros, joias e objetos da autoria de Lalique, acompanhadas pela grande pintura O Espelho de Vénus, de Sir Edward Burne-Jones. Esta divisão contava ainda com peças de mobiliário francês, pequenas pinturas de paisagem e outros objetos da coleção.

Série

Uma Coleção com Histórias

Por onde passaram as obras antes de chegarem às mãos de Calouste Gulbenkian? Quem foram os seus autores e os seus protagonistas? Que curiosidades escondem? Descubra nesta série as várias histórias por trás da coleção do Museu.

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