O lamento da flauta é o nome pelo qual é conhecido o Preâmbulo do livro Dísticos Espirituais, escrito por Rūmī no século XIII. Esta é uma das passagens do autor mais interpretadas por cantores e músicos iranianos. Na exposição, encontra um manuscrito persa do século XV aberto no Preâmbulo. No Sufismo, é costume citar-se poesia em contexto de ensino e de prática espiritual.
Preâmbulo de Dísticos Espirituais por Rūmī
«Escuta como a flauta de cana conta uma história – lamentando a separação:
‘Desde que me cortaram da raiz, que as minhas notas
queixosas arrancam lágrimas de homens e mulheres.
Quero um coração rasgado pela separação, para que
nele possa verter a dor do amor e do desejo.
Aquele que vive longe de sua casa espera impaciente
pelo dia do regresso à origem.
O meu lamento é escutado por todos, em
harmonia com os que se alegram e com os que choram.
Cada um interpreta as minhas notas de acordo com os seus
sentimentos; mas ninguém penetra os segredos do meu
coração.
Os meus segredos não estão longe dos meus lamentos,
no entanto, ouvido e olho não sabem reconhecê-los.
O corpo não está afastado da alma nem a alma do
corpo, contudo ninguém pode ver a alma.
O lamento da flauta é fogo, e não vento: Que seja
reduzido ao nada todo aquele que careça desse fogo!
É o fogo do amor que inspira a flauta,
é o fervor do amor que fermenta o vinho.
A flauta é a confidente de todos os que foram separados
do seu Amigo: as suas notas rasgam os nossos corações.
Quem já conhecia um veneno e um antídoto como a flauta?
Quem já conhecia um consolador e um amante como a
flauta?»
Tradução livre: Diana Pereira
