O Poder da Palavra IV
Sabedoria Divina: O Caminho dos Sufis. Peças Sonoras
A exposição Sabedoria Divina: O Caminho dos Sufis, patente no Museu Gulbenkian, propõe uma interpretação de obras de arte à luz de ideias centrais do Sufismo.
O Sufismo é considerado o núcleo espiritual do Islão, que procura o conhecimento de Deus através de uma experiência pessoal, autêntica e direta.
Oiça aqui três peças sonoras criadas a partir de obras da exposição e procure-as na galeria do Oriente Islâmico.
Ver Exposição
O lamento da flauta
O lamento da flauta
Num dos mais célebres poemas do sufi persa Rūmī, a flauta lamenta a separação da cana que lhe deu origem. Oiça o poema lido por Omid Bahrami.
O lamento da flauta é o nome pelo qual é conhecido o Preâmbulo do livro Dísticos Espirituais, escrito por Rūmī no século XIII. Esta é uma das passagens do autor mais interpretadas por cantores e músicos iranianos. Na exposição, encontra um manuscrito persa do século XV aberto no Preâmbulo. No Sufismo, é costume citar-se poesia em contexto de ensino e de prática espiritual.
Preâmbulo de Dísticos Espirituais por Rūmī
«Escuta como a flauta de cana conta uma história – lamentando a separação:
‘Desde que me cortaram da raiz, que as minhas notas
queixosas arrancam lágrimas de homens e mulheres.
Quero um coração rasgado pela separação, para que
nele possa verter a dor do amor e do desejo.
Aquele que vive longe de sua casa espera impaciente
pelo dia do regresso à origem.
O meu lamento é escutado por todos, em
harmonia com os que se alegram e com os que choram.
Cada um interpreta as minhas notas de acordo com os seus
sentimentos; mas ninguém penetra os segredos do meu
coração.
Os meus segredos não estão longe dos meus lamentos,
no entanto, ouvido e olho não sabem reconhecê-los.
O corpo não está afastado da alma nem a alma do
corpo, contudo ninguém pode ver a alma.
O lamento da flauta é fogo, e não vento: Que seja
reduzido ao nada todo aquele que careça desse fogo!
É o fogo do amor que inspira a flauta,
é o fervor do amor que fermenta o vinho.
A flauta é a confidente de todos os que foram separados
do seu Amigo: as suas notas rasgam os nossos corações.
Quem já conhecia um veneno e um antídoto como a flauta?
Quem já conhecia um consolador e um amante como a
flauta?»
Tradução livre: Diana Pereira
Esse ponto de luz que ilumina
Esse ponto de luz que ilumina
O versículo da Luz do Alcorão (XXIV, 35) está parcialmente inscrito nesta lâmpada de mesquita. Oiça a recitação lida por Mussa Fuad.
Alcorão (al-Qurʾān) significa ‘a recitação’. Uma recitação é uma leitura melódica e eloquente que está entre o canto e a fala. A sonoridade e a vibração são aspetos da maior relevância quando se trata de transmitir os ensinamentos do livro sagrado do Islão. O versículo da Luz é objeto de várias interpretações e meditações pelos sufis. A chama de luz que ilumina uma lâmpada é símbolo da presença Divina.
Um especial agradecimento a Mussa Fuad e à Fundação Islâmica de Palmela.
Versículo da Luz do Alcorão (XXIV, 35)
«Allah é a Luz dos céus e da terra. O exemplo da Sua Luz é como o de um nicho em que há uma candeia; esta está num recipiente; e este é como uma estrela brilhante, alimentada pelo azeite de uma árvore bendita, a oliveira, que não é oriental nem ocidental, cujo azeite brilha, ainda que não o toque o fogo. É luz sobre luz! Allah conduz a Sua Luz até a quem Lhe apraz. Allah dá exemplos aos humanos, porque é Omnisciente.»
Rodopiando
Rodopiando
Doze conjuntos de três luas crescentes e uma estrela inspiraram o músico Baltazar Molina na criação desta peça sonora.
Os padrões do veludo de seda vermelha foram o mote para a composição deste tema rítmico original. Existem várias opiniões sobre a utilização da música no contexto islâmico. No Sufismo, diversas confrarias utilizam o ritmo e a música como elementos de oração e devoção. A música pode ser um meio de aproximação do conhecimento Divino e de êxtase espiritual. Encontre o veludo na galeria do Oriente Islâmico do Museu Gulbenkian.
Instrumentos: Douf (Tambor de moldura), Flauta de bambu, Saz, Voz