Visões de Dante. O Inferno segundo Botticelli
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Museu Calouste GulbenkianA Fundação Calouste Gulbenkian associa-se às comemorações que assinalam os 700 anos da morte de Dante Alighieri (1265-1321) apresentando dois preciosos desenhos de Sandro Botticelli alusivos a dois cantos d’A Divina Comédia (Inferno XII e XIII), fruto de um generoso empréstimo da Biblioteca Apostólica Vaticana.
A exposição inclui igualmente um conjunto de obras, provenientes de várias coleções, que revelam a vitalidade e a atualidade da mensagem d’A Divina Comédia, assim como a força do universo dantesco: edições raras, manuscritas e impressas, deste poema de Dante e obras de Auguste Rodin, René Lalique e Rui Chafes.
A mostra pode ser assim vista como uma viagem, cujo itinerário promove o encontro com o texto de Dante, os comentários, interpretações e reflexões que suscitou, bem como o extraordinário contributo dos artistas, do período tardo-medieval até à contemporaneidade.
Comissariado científico: João Carvalho Dias e Maria Helena Borges
Coordenação científica: João R. Figueiredo e Teresa Bartolomei
Exposição organizada pelo Museu Calouste Gulbenkian em colaboração com o Programa Gulbenkian Cultura.
VISTA GERAL DA EXPOSIÇÃO
VÍDEOS
Descubra em pormenor os desenhos de Botticelli, acompanhados pela narração de excertos do «Inferno» XII e XIII d’ «A Divina Comédia» de Dante.
Explore os desenhos de Boticelli com o comissário da exposição.
Temas
Livros manuscritos
Livros impressos
Auguste Rodin e René Lalique
Rui Chafes
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Botticelli
Os dois desenhos expostos pertencem a um conjunto ilustrações d’A Divina Comédia realizadas por Sandro Botticelli e provavelmente concluídas entre 1494-1495/6.
Trata-se de uma encomenda do seu mecenas e amigo Lorenzo di Pierfrancesco de’ Medici (1463-1503), figura de destaque na Florença renascentista da segunda metade do século XV, que chegou até nós incompleta (sete desenhos na Cidade do Vaticano e 85 em Berlim) e que não terá sido concluída, o que se confirma pelo caráter inacabado da maioria dos desenhos, apresentados em fase de esboço.
Contudo, dos 102 desenhos que terão sido executados para Lorenzo, conta-se uma ilustração para cada canto das três partes do poema (Inferno, Purgatório e Paraíso), um segundo retrato de Lucifer e uma imagem da estrutura do Inferno de Dante, a célebre «Voragem Infernal».
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Livros manuscritos
Os livros manuscritos apresentados na exposição revelam a forma como A Divina Comédia de Dante foi objeto de admiração e de difusão ao longo dos séculos, desde o final da Idade Média, graças a exemplares comentados por autores como Iacopo della Lana ou Giovanni Boccacio, até ao século XVIII, com a presença de um manuscrito tardo-medieval que foi pertença do intelectual e bibliófilo Frei Manuel do Cenáculo.
Inclui-se também na mostra uma reprodução fac-símile do manuscrito d’A Divina Comédia conhecido como Dante Urbinate. As ilustrações do livro original, produzido entre finais do século XV e o século XVI, em pergaminho de alta qualidade, são consideradas uma obra-prima absoluta da arte da iluminura e seguem a tradição medieval na relação entre texto e imagem: o primeiro ocupa um lugar preponderante nos fólios, enquanto as iluminuras estão nas margens, nas iniciais ou em cenas historiadas enquadradas por molduras (miniaturas).
Todos os manuscritos presentes nesta exposição seguem esta norma, à exceção dos dois pergaminhos que recebem, num dos lados, os desenhos compostos livremente e em página inteira por Botticelli e, no outro, o texto relativo aos cantos, copiado por Niccolò Mangona, sugerindo que este conjunto de desenhos faria parte de um projeto de livro manuscrito de caráter único e revolucionário, que, por razões desconhecidas, acabou por não ser concluído.
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Livros impressos
A expansão e exploração das potencialidades da invenção dos caracteres tipográficos por Gutenberg (c. 1400-1468) permitiu a produção de livros impressos, tanto do ponto de vista do texto, que deixa de ser copiado à mão, como das ilustrações, que passaram a ser concretizadas através de gravuras.
Datados do final do século XV e do século XVI, os exemplares impressos que apresentamos nesta exposição testemunham esta autêntica revolução na forma de produzir livros, que possibilitou uma maior difusão e acessibilidade a qualquer obra literária. Revelam igualmente que o sucesso d’A Divina Comédia se traduziu em comentários de autores que procuram interpretar a obra à luz das teorias e das questões do seu tempo. É o exemplo de Cristoforo Landino, que se inspira no neoplatonismo para transmitir a sua visão sobre o poema dantesco. Também Antonio Manetti, arquiteto e matemático, foi o autor da primeira representação topográfica do Inferno descrito por Dante, numa busca de confirmação científica dos factos narrados na Bíblia, comum nos estudiosos a partir do Renascimento.
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Auguste Rodin e René Lalique
Auguste Rodin e René Lalique marcam presença nesta exposição através de dois trabalhos escultóricos da coleção do Museu Calouste Gulbenkian que, tomando A Divina Comédia como ponto de partida, confirmam a atualidade de Dante no virar do século XIX para o século XX.
Efetivamente, durante o Romantismo e seu olhar sobre a Idade Média, Dante foi figura central, inspirando artistas como William Blake (1757-1827) e Eugène Delacroix (1798-1863). Outros, como Gustave Doré (1832-1883), renovaram a forma de ilustrar o poema de Dante, agradando ao grande público, ou deixaram-se seduzir pelo próprio poeta, e não apenas pela sua obra, como o pré-rafaelita Dante Gabriel Rossetti (1828-1882), que chegou a idealizar pictoricamente o sonho de Dante no dia da morte da sua amada Beatrice, através do óleo de 1880 que se encontra nas Dundee Art Galleries and Museums Collections.
Para artistas como Rodin ou Lalique, embora em áreas de trabalho distintas, a obra de Dante era um meio de ensaiar novas ideias e não necessariamente de seguir à letra o texto da Comédia.
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Rui Chafes
Rui Chafes explora o universo dantesco mediante um conjunto de desenhos – de uma série intitulada Inferno (a minha fraqueza é muito forte) – e uma escultura que são apresentados nesta exposição, tendo como referência concreta os desenhos de Botticelli que ilustram o Inferno d’A Divina Comédia, dois dos quais se expõem também na mostra.
Para o artista, os desenhos da série que aqui se apresentam são um único desenho – sempre o mesmo, sendo que a escultura exposta também pode ser considerada como fazendo parte desse desenho, que se adensa e desmultiplica nas referências e citações que convoca, da literatura e da pintura.
Em cada folha da série de desenhos em exposição, misturam-se diferentes épocas e dissolvem-se as diferenças disciplinares, num jogo complexo de referências a obras de arte, a filósofos e a textos filosóficos, a escritores e a obras literárias.
Programação complementar
Visita com o curador João Carvalho Dias
Sexta, 01 outubro, 17:00
Sexta, 26 novembro, 17:00
Visitas orientadas
Quartas, 06 e 27 outubro e 10 novembro, 16:00
Sábados, 30 outubro, 6, 20 e 27 novembro, 16:00
Sábado, 13 novembro. 11:00
Visitas presenciais para universidades e grupos organizados
Mediante marcação prévia, através de preenchimento de formulário online.
Ensino superior
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Grupos particulares
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Mais informações
[email protected]
Todos somos chamados a construir visões – A Divina Comédia como pedagogia do olhar
Com Cardeal D. José Tolentino de Mendonça
Quinta, 23 setembro, 19:00 – Auditório 2
Pedro Hispano
Com José Meirinhos, Armando Norte e Henrique Leitão (moderador)
Quinta, 14 outubro, 19:30 – Sala 2
Dante de Botticelli (cancelado)
Com Lucia Battaglia Ricci
Quinta, 28 outubro, 19:00 – Sala 1
Dante e Ulisses. Do mito à modernidade
Com António M. Feijó e Teresa Bartolomei
Terça, 02 novembro, 19:00 – Auditório 3
O Inferno em Rui Chafes
Com Rui Chafes, Joaquim Sapinho e Paulo Pires do Vale (moderador)
Quarta, 03 novembro, 19:00 – Auditório 2
Ler Dante
Com Alberto Manguel
Quarta, 24 novembro, 19:00 – Auditório 2