Sete Artistas ao Décimo Mês (2001)

Ciclo «7 Artistas ao 10.º Mês»

Exposição integrada no ciclo bienal que decorreu entre os anos de 1996 e 2008, organizado pelo Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão. O ciclo pretendeu divulgar e reconhecer sete jovens artistas ainda não integrados nos circuitos artísticos e institucionais. Em 2001, a curadoria foi assegurada por Francisco Vaz Fernandes.
Exhibition included in the biennale series which ran between 1996 and 2008, organised by the José de Azeredo Perdigão Modern Art Centre. The series sought to endorse and promote the work of seven young artists who, at the time, had not yet been represented on the institutional artistic circuit. In 2001, Francisco Vaz Fernandes (1966) curated the exhibition.

A exposição «Sete Artistas ao Décimo Mês», também designada «7/10», foi um ciclo expositivo bienal que teve a sua primeira edição em 1996 e decorreu até ao ano de 2008, organizado pelo Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG). Em 2001 cumpriu a sua terceira edição.

Na sua origem, o ciclo destinou-se a mostrar jovens artistas emergentes, com obra ainda não integrada nos circuitos artísticos e institucionais. Esta condição acabou por assumir contornos divergentes nas várias edições, revelando desde logo o caráter livre, dinâmico e passível de transformação inerente ao ciclo e às escolhas dos curadores nomeados. O comissário convidado para a mostra de 2001 foi Francisco Vaz Fernandes, que sucedeu a João Miguel Fernandes Jorge e a João Pinharanda (responsáveis, respetivamente, pelas seleções de 1996 e 1999).

A premissa da seleção de artistas desconhecidos seria desde logo afastada por Vaz Fernandes, que englobou na sua seleção artistas com percursos já afirmados, apesar de ainda emergentes. Saliente-se que, na sequência do «7/10», muitos dos jovens artistas participantes no ciclo se veriam envolvidos em projetos institucionais com bastante visibilidade – tais eventos são descritos no catálogo da exposição e no respetivo comunicado de imprensa da FCG.

Os objetivos da exposição, como explica o seu curador no texto que assina no catálogo, consistiam na apresentação de um grupo de autores com afinidades de trabalho, implicados numa temática aberta em torno do consumo da música e das suas representações, particularmente na área das artes plásticas, e, em geral, na cultura de massas.

Participaram nesta exposição Alexandre Estrela (1971), Armando Ferraz (1968), Carlos Roque (1969), Inês Pais (1975), Nuno Cera (1972), Rui Toscano (1970) e Rui Valério (1969) – sete artistas que exploram meios elétricos, fotográficos, videográficos, digitais e eletrónicos. Alexandre Estrela integrava já a coleção do Centro de Arte Moderna com duas obras, uma das quais estaria exposta na então mostra permanente. No contexto desta exposição, seriam ainda integradas na Coleção Moderna da FCG duas obras de Armando Ferraz (Invs. 02FP455; 02FP454) e duas de Nuno Cera (Invs. 01FP456; 01FP457).

De acordo com Vaz Fernandes, os artistas selecionados configuravam «um dos núcleos de criadores que mais pôde contribuir, em Portugal, para a renovação de linguagens e discursos na área das artes plásticas, [encontrando-se] nas suas relações com a música e, em prolongamento, nas animações dos espaços nocturnos, pelos quais todos passaram, formas de libertação de registos académicos» (Fernandes, Sete Artistas ao Décimo Mês, 2001).

A confluência das propostas em vídeo, fotografia e instalação enriqueceu a exposição, que beneficiou também da proximidade de idades e interesses entre o comissário e os artistas, conferindo ao projeto não só marcas autorais, mas também «espaço para uma ampla troca de experiências» (Ibid.).

Neste sentido, a exposição viria a construir-se segundo uma «apresentação global», «acentuando o interesse pelas interacções que um conjunto de artistas […] poderá desencadear, sem com isso desqualificar, certamente, as suas diferentes personalidades artísticas» (Molder, ibid.).

Inês Pais colaborou na produção de conteúdos expositivos, através da sua The IP Foundation (fundada em 1999), projeto com o objetivo de abarcar e questionar os circuitos e a divulgação de imagens no meio artístico. Visando criar um espaço fértil a colaborações, confrontos e diálogos, The IP Foundation desenvolveu com o curador um projeto aberto e flexível, com ideias e propostas pessoais e diversificadas. Nesta medida, e a convite de Vaz Fernandes, a IP concebeu o design da exposição, o catálogo, o website, o CD, a sinalização expositiva, assim como uma série de esculturas multiusos que dinamizaram o corredor expositivo.

Paralelamente ao design, o «sistema de expansão» (catálogo, website e CD) criado pela IP Foundation focou-se não apenas nos trabalhos desenvolvidos por cada artista ou grupo e na sua documentação, mas também no que os excedia, permitindo ao público aceder a material que de outra forma lhe seria interdito: «Partindo da ideia de fluxo urbano e life-style, esta segunda parte do nosso trabalho funciona como o background da exposição, contribuindo para um melhor entendimento de cada proposta, assim como da exposição em geral.» (Inês Pais, ibid.) Assim, é de salientar a importância da relação entre The IP Foundation, a direção do CAM, o comissário e os artistas participantes para a reestruturação e dinamização da imagem final do acontecimento.

Como complemento, foram preparadas visitas guiadas, assim como um concerto-performance dos Tone Scientists, agrupamento musical composto por Rui Toscano, Rui Valério e Carlos Roque, que realizou o seu primeiro concerto ao vivo durante a inauguração da exposição.

Além dos eventos citados, houve ainda lugar para outra colaboração extraprojeto, desta feita envolvendo os The Producers, projeto dos artistas musicais Fernando Fadigas e Miguel Sá, que registaram e remisturaram os sons de cada uma das sete peças em exibição, dando origem a um álbum sonoro independente. O álbum seria disponibilizado ao público em formato CD, audível a partir de auscultadores dispersos pela exposição. O registo áudio está acessível na Biblioteca de Arte da Fundação, ou disponível online em: .

O catálogo da exposição inclui um texto de Jorge Molder, que apresenta e contextualiza a iniciativa «Sete Artistas ao Décimo Mês», um texto de Inês Pais, um texto de Vaz Fernandes abordando cada um dos artistas apresentados, e ainda as biografias dos artistas.

A exposição chamou a atenção da crítica em geral. A título de exemplo, cite-se parte de um comentário que João Pinharanda dedica à exposição: «[…] a concepção de uma imagem global (quer de selecção, quer de montagem) [revelou-se] capaz de unificar a individualidade de cada autoria. A mostra resulta como um espectáculo em sequelas, mesmo quando entre elas não há uma sucessão lógica. A intervenção da entidade IP Foundation (gestão de marca de uma das artistas convidadas, Inês Pais) no desenho da montagem (e no catálogo) é essencial para esse resultado. […] O som, a imagem e uma concepção global de montagem garantem a sedução do espetáculo.» (Pinharanda, Público, 20 out. 2001)

O ciclo «Sete Artistas ao Décimo Mês» repetiu-se, sob o mesmo desígnio, nos anos de 2003, 2005 e 2008.

Joana Brito, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

S/ Título (Plane Room) da série Azul e Rotineiro

Armando Ferraz (1968-)

S/ Título (Plane Room) da série Azul e Rotineiro, 2000 / Inv. 02FP454

S/Título (Round Reversion) da Série Azul e Rotineiro

Armando Ferraz (1968-)

S/Título (Round Reversion) da Série Azul e Rotineiro, 2001 / Inv. 02FP455

B - sides # 13 (carros)

Nuno Cera (1972-)

B - sides # 13 (carros), 2001 / Inv. 01FP457

B - sides #11 (túnel)

Nuno Cera (1972-)

B - sides #11 (túnel), 2001 / Inv. 01FP456

S/ Título (Plane Room) da série Azul e Rotineiro

Armando Ferraz (1968-)

S/ Título (Plane Room) da série Azul e Rotineiro, 2000 / Inv. 02FP454

S/Título (Round Reversion) da Série Azul e Rotineiro

Armando Ferraz (1968-)

S/Título (Round Reversion) da Série Azul e Rotineiro, 2001 / Inv. 02FP455

B - sides # 13 (carros)

Nuno Cera (1972-)

B - sides # 13 (carros), 2001 / Inv. 01FP457

B - sides #11 (túnel)

Nuno Cera (1972-)

B - sides #11 (túnel), 2001 / Inv. 01FP456


Eventos Paralelos

Concerto

One Listens

11 out 2001
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Zona de Congressos
Lisboa, Portugal

Publicações


Fotografias


Multimédia


Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00494

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém recortes de imprensa, correspondência interna e oficial, documentação sobre a montagem das obras e materiais necessários. 2001 – 2002

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 109186

4 provas, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 2001


Exposições Relacionadas

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