Philippe et Marcel Wolfers. Da Arte Nova à Arte Déco

Exposição da obra dos artistas joalheiros belgas Philippe Wolfers (1858-1929) e Marcel (1886-1976) Wolfers, organizada pelo Comissariado-Geral para as Relações Internacionais da Comunidade Francesa na Bélgica. A mostra revelou os desenvolvimentos da Arte Nova na Bélgica e suas transformações nos campos da ourivesaria, joalharia e arte do vidro.
Exhibition of the work of Belgian jewellers Philippe (1858-1929) and Marcel (1886-1976) Wolfers organised by the Commissioner-General for International Relations of the French Community in Belgium. The exhibition showcased the development of Art Nouveau in Belgium and its transformations in the fields of jewellery and glass art.

Exposição da obra dos artistas joalheiros belgas Philippe Wolfers (1858-1929) e Marcel Wolfers (1886-1976), organizada pelo Comissariado-Geral para as Relações Internacionais da Comunidade Francesa da Bélgica.

Esta mostra ocupou a Galeria de Exposições Temporárias do Museu Calouste Gulbenkian, onde durante três anos estivera patente a exposição «René Lalique na Colecção Calouste Gulbenkian» (entre 15 de novembro de 1988 e 29 de setembro de 1991), enquanto decorriam as intervenções de renovação da Sala Lalique.

René Lalique (1860-1945) e Philippe Wolfers foram contemporâneos. Entre os paralelismos que lhes são apontados, destaca-se o facto de ambos terem revolucionado a arte da joalharia. A obra de Wolfers, nos seus mais diversos campos – joalharia, arte do vidro e escultura – foi fortemente influenciada pelo japonismo e pelo estudo da natureza. Por outro lado, o seu filho, Marcel, desenvolveu uma extensa pesquisa sobre a laca chinesa e seus processos, tendo produzido inúmeros objetos em laca, bem como estátuas lacadas, com um caráter muito especial. Neste sentido, esta exposição temporária enquadrava-se fortemente no contexto das coleções do Museu Calouste Gulbenkian, oferecendo ao público a possibilidade de conhecer os desenvolvimentos da Arte Nova fora de França, mais precisamente na Bélgica, e as suas transformações nos campos da ourivesaria, joalharia, arte do vidro, escultura e ornamentação de interiores.

Devido à natureza e dimensões das peças, o projeto museográfico que servira a exposição de Lalique não sofreu alterações, mantendo-se o tom azul das paredes, as vitrinas e sua disposição, bem como o tipo de iluminação.

A exposição foi organizada cronologicamente, iniciando-se com a obra de joalharia e ourivesaria de Philippe Wolfers, seguida de algumas das suas esculturas, peças em cerâmica e jarras, na continuação das quais era apresentada a obra do seu filho, Marcel Wolfers.

Na primeira sala, foram expostas algumas fotografias de criações de Philippe para a clientela feminina (leque, luneta em tartaruga, diadema em ouro, pente em marfim, entre outras), captadas pelo conhecido fotógrafo Alexandre, e um baixo-relevo em bronze de Madame Sophie Wolfers, mulher de Philippe.

A sala seguinte era dedicada à joalharia. Em vitrinas de pequena e média dimensão, foi disposta uma grande diversidade de peças ornamentais, em ouro, prata, marfim e pedras preciosas (pendentes, aplicações para cintos, pregadeiras). Os motivos de fauna e flora eram predominantes, voltando a surgir em jarras de cristal, bronze, esmalte, cerâmica e marfim, apresentadas na sala seguinte. Uma série de desenhos preparatórios e estudos foram expostos ao longo das paredes, revelando diferentes pesquisas e aspetos técnicos. A primeira peça apresentada era uma pregadeira em ouro e brilhantes, da oficina de Louis Wolfers, pai de Philippe, remetendo para o início do negócio da família e, simultaneamente, por comparação, à adesão de Philippe às pesquisas orientadas para a Arte Nova.

A passagem desta sala para a seguinte era pontuada por algum mobiliário executado por Victor Horta para a loja Wolfers Frères e pela escultura Malefia (1905), que marcava o início do afastamento de Philippe da arte da joalharia e a sua dedicação à escultura. As colaborações com outras oficinas, nomeadamente com a cristalaria Val Saint Lambert (Liège) e com a firma de grés Émille Müller, encontrava-se aqui representada na grande vitrina dedicada às jarras. Por outro lado, aqui, através das jarras em marfim, combinado com bronze, prata e estanho, era feita referência ao trabalho desenvolvido por Philippe, e muito elogiado na época pelo seu arrojo, com o marfim posto à disposição dos artistas por Leopoldo II.

Ao lado desta vitrina, encontrava-se uma outra, dedicada à obra do seu filho Marcel, mostrando em especial aquilo em que este se distinguira: os objetos em laca (jarras, caixas, vasos, tinteiros, bacias, taças, pratos, braceletes), nos quais explorara a técnica chinesa desenvolvida durante a dinastia Sung, aplicada à madeira, prata, marfim e grés. Estas contrastam não só em termos técnicos, mas também formais, com as peças utilitárias desenhadas por Philippe Wolfers presentes no mesmo espaço, distinguindo-se pelas suas formas depuradas e simples. Com o decréscimo de lacas de boa qualidade e a partir da morte do pai, Marcel trabalha para a casa Wolfers Frères, criando principalmente peças em prata (serviços de chá e café, faqueiros) com linhas marcadamente art déco, também aqui expostas.

Esta mostra, acompanhada por um catálogo bilingue (português/francês) muito completo, foi posteriormente apresentada no Musée BELvue (Musées Royaux d'Art et d'Histoire), em Bruxelas, de 15 de fevereiro a 15 abril de 1992.

Mariana Roquette Teixeira, 2018


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Publicações


Material Gráfico


Fotografias

José Sommer Ribeiro (centro dir.)
Maria Teresa Gomes Ferreira
Maria Teresa Gomes Ferreira (centro dir.)

Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Museu Calouste Gulbenkian), Lisboa / MCG 03267

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência e convite. 1991 – 1992


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