Art Déco 1925

Exposição coletiva comissariada por Chantal Bizot e Dany Sautot. Com o intuito de reviver a grande exposição de 1925 em Paris, foram selecionadas cerca de 150 peças do período da Art Déco, caracterizado pela procura de uma maior simplicidade das formas e pelos conceitos de tradição e modernidade.
Collective exhibition curated by Chantal Bizot and Dany Sautot. The show, designed as a reimagining of the great 1925 exposition in Paris, displayed around 150 works from the art deco movement, characterised by a move towards simplicity of form and the concepts of tradition and modernity.

Exposição organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), por intermédio do Museu Calouste Gulbenkian (MCG), e comissariada por Chantal Bizot, conservadora do Musée des Arts Décoratifs de Paris, e Dany Sautot, diretora da revista Les Carnets de Tendances du Jardin.

A mostra «Art Déco 1925» teve o intuito de evocar a representação francesa na «Exposição Internacional das Artes Decorativas e Industriais Modernas» de 1925, revelando simultaneamente a faceta de Calouste Gulbenkian enquanto «coleccionador atento aos movimentos que lhe são contemporâneos», nas palavras do presidente da FCG, Emílio Rui Vilar (Azevedo, Artes & Leilões, 1 dez. 2009, p. 28).

A exposição de 1925 em Paris, onde estiveram representados 21 países, foi realizada poucos anos após o final da Grande Guerra, constituindo uma tentativa de reanimação das indústrias francesas, «que perdiam protagonismo no seio de uma Europa que procurava renascer dos escombros» (Art Déco 1925 [jornal de exposição], 2009, Arquivos Gulbenkian, ID: 189725). Este evento internacional foi o ponto de partida para «a efervescência da Art Déco, mostrando o que em muitos países era o mais avançado em artes decorativas» (Montesinos, L+Arte, 1 dez. 2009).

Na seleção das peças apresentadas, as comissárias pretenderam reunir «apenas trabalhos dos melhores artistas e das mais destacadas manufaturas e ateliês seleccionados para a Exposição de 1925» (Art Déco 1925 [folheto], 2009), resultando um conjunto diversificado, que incluiu peças de mobiliário, artes decorativas, joalharia, pintura, escultura, desenho, tecidos, tapetes e porcelanas de Sèvres.

Na crítica que dedicou à exposição, Fernando Montesinos, museólogo e historiador de arte, classifica a Art Déco como uma «alternativa livre, requintada e exclusiva, e contudo inclusiva, concebida ao serviço de um público mais alargado, pois partia-se do princípio de que o bom gosto devia atender por igual tanto ao palácio sumptuoso como à residência operária» (Montesinos, L+Arte, 1 dez. 2009).

Do conjunto apresentado em 2009, cerca de meia centena de peças estiveram expostas em Paris. Uma parte das obras apresentadas em Lisboa pertencia à Coleção Calouste Gulbenkian, sendo as restantes provenientes de coleções públicas e privadas estrangeiras, sobretudo francesas.

Da Coleção Gulbenkian foram selecionadas peças como a escultura A Primavera (1919-1924) de Alfred-Auguste Janniot, adquirida por Calouste Gulbenkian em 1939 e que ornamentava a fachada do Pavilhão Ruhlmann, um dos pavilhões mais prestigiados da mostra em Paris (Art Déco 1925 [folheto], 2009).

Apesar de ausente de Portugal na exposição de 1925, o escultor Ernesto Canto da Maya, na altura a viver na capital francesa, foi selecionado, e apresentou duas obras. Em 2009 integrou a exposição através das suas esculturas Adão e Eva (1929-1939) e Femme au Serpent (1923) (Vitória, Jornal de Notícias, 16 out. 2009).

A exposição do MCG de 2009 permitiu recuperar a memória de uma estética que pôs em confronto influências e explorou novas técnicas, materiais, formas, cores, motivos e iconografias. O gosto déco apresentou-se na Galeria de Exposições Temporárias (piso 0) da Sede da Fundação Calouste Gulbenkian, por intermédio de esculturas de Joseph Bernard, pinturas de Le Corbusier, vidros de René Lalique, mobiliário de Dunand, joias de Van Cleef & Arpels, Cartier ou Boucheron, têxteis de Dufrène ou ainda de livros ilustrados e encadernados por Pierre Legrain, permitindo ao público um conhecimento mais aprofundado sobre «um dos estilos preferidos entre os nostálgicos do retro» (Montesinos, L+Arte, 1 dez. 2009). As cadeiras de Christofle foram outras das peças destacadas, mais uma vez pela simplicidade da forma, usando como ornamentos os apoios em forma de lira, um símbolo do estilo clássico (Barateiro, Sol, 16 out. 2009).

«Há uma modernidade que se vai impondo», refere a comissária executiva da mostra, Manuela Fidalgo, caracterizando os novos ventos de mudança que sopravam na Europa nos anos que se seguiram ao fim da Primeira Guerra Mundial. Neste contexto, evidencia ainda a importância do surgimento dos novos movimentos de vanguarda, como o cubismo, o fauvismo ou o surrealismo, que apontavam para «novos modos de estar, de ver o mundo, de interpretar a arte». A tradição mantinha-se, mas o olhar para o futuro era o fator determinante (Cardoso, Público, 16 out. 2009).

O projeto expositivo, que ficou a cargo do designer Mariano Piçarra, foi pensado «de modo a mostrar as ambiguidades presentes em cada um dos objectos, chamando ainda a atenção para o cruzamento de influências modernas e clássicas observáveis em alguns deles» (Vitória, Jornal de Notícias, 16 out. 2009). A par das peças expostas, foi apresentado, logo à entrada, lado a lado com uma peça de René Lalique (um jato de água, motivo recorrente na mostra), o cartaz e um mapa da «Exposição Internacional das Artes Decorativas e Industriais Modernas», com vista a fazer uma ligação entre as duas mostras e as obras expostas.

O catálogo que acompanhou esta iniciativa foi editado pela FCG e contém textos sobre a exposição de 1925 (assinados por diversos especialistas), biografias dos artistas representados, a lista de obras e uma bibliografia especializada.

Amplamente divulgada pela imprensa, a exposição foi complementada por um conjunto de atividades paralelas. Além das habituais visitas guiadas organizadas pelo Serviço Educativo do Museu, foram realizados dois recitais de música francesa do início do século XX.

Na inauguração da exposição estiveram presentes várias personalidades ligadas ao MCG, como o seu diretor, João Castel-Branco Pereira, o presidente da FCG, Emílio Rui Vilar, Manuela Fidalgo e as comissárias, Chantal Bizot e Dany Sautot. O evento contou também com a presença de Maria Cavaco Silva, mulher do então presidente da República Portuguesa, Aníbal Cavaco Silva.

Até à data do seu encerramento, a exposição contabilizou 24 068 visitantes.

Joana Atalaia, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

A Primavera (Le Printemps/À la Gloire de Jean Goujon/Hommage à Jean Goujon)

Alfred-Auguste Janniot (1889-1969)

A Primavera (Le Printemps/À la Gloire de Jean Goujon/Hommage à Jean Goujon), depois de 1919 / Inv. 2333

Les climats

Comtesse de Noailles

Les climats, Séc. XX / Inv. LM365

L' Adieu (O Adeus)

Diogo de Macedo (1889-1959)

L' Adieu (O Adeus), 1920 / Inv. 82E439

Edgar Brandt (1880-1960)

Inv. 2917A/B

Le Cantique des Cantiques

Ernest Renan

Le Cantique des Cantiques, 1925 / Inv. LM435

Nature Morte

Fernand Léger (1881-1955)

Nature Morte, 1928 / Inv. PE127

Mulher com uma Bilha (Jeune Fille à la Cruche)

Joseph Bernard (1866-1931)

Mulher com uma Bilha (Jeune Fille à la Cruche), 1910 / Inv. 320

La jeune parque

Paul Valéry (1871-1945)

La jeune parque, 1925 / Inv. LM440

Les Chansons de Bilitis

Pierre Louÿs (1870-1925)

Les Chansons de Bilitis, Inv. LM421

Cluny

René Lalique (1860-1945)

Cluny, Inv. 1268

Cupido e Aglae

Thomas Burke (1749-1815)

Cupido e Aglae, c. 1784 / Inv. 1918


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

[Art Déco 1925]

nov 2009 – dez 2009
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede
Lisboa, Portugal
Concerto

[Art Déco 1925]

18 out 2009 – 8 nov 2009
Fundação Calouste Gulbenkian / Biblioteca de Arte – Hall
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Conferência de imprensa
Conferência de imprensa
Conferência de imprensa
Conferência de imprensa
Conferência de imprensa
Conferência de imprensa
Conferência de imprensa
Conferência de imprensa
Maria Cavaco Silva
Maria Cavaco Silva e Emílio Rui Vilar
Maria Cavaco Silva
Emílio Rui Vilar
Emílio Rui Vilar, Maria Cavaco Silva (centro) e Isabel Alçada (dir.)
Maria Cavaco Silva, Emílio Rui Vilar (centro, esq.) e Teresa Patrício Gouveia (atrás)
Maria Cavaco Silva, Emílio Rui Vilar, João Castel-Branco Pereira (esq. para dir.) e Teresa Patrício Gouveia (atrás)

Documentação


Periódicos

Sol

Lisboa, 16 out 2009


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Museu Calouste Gulbenkian), Lisboa / MCG 03167

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém recortes de imprensa. 2009 – 2009

Arquivos Gulbenkian (Museu Calouste Gulbenkian), Lisboa / MCG 03163

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência de caráter organizativo, transportes de peças, seguros, orçamentos da exposição, documentação sobre ação cultural, programa de concertos, números de visitantes, lista de peças por emprestadores, plano da sala de exposições, folhetos, documentação sobre o retorno das peças, entre outros. 2008 – 2010


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