Extremo Occidente. Arte Portugués Contemporáneo en la Fundação Calouste Gulbenkian

Exposição coletiva de sete artistas portugueses contemporâneos realizada em Bilbau, promovida no âmbito do intercâmbio cultural estabelecido entre a Sala Rekalde (Bilbau, Espanha) e o Centro de Arte Moderna. A mostra pretendeu selecionar artistas de várias gerações, integrados no panorama artístico português da época.
Collective exhibition of seven Portuguese contemporary artists held in Bilbao, promoted as part of the cultural exchange arranged between Sala Rekalde (Bilbao, Spain) and the Modern Art Centre. The show sought to include artists from various generations involved in the Portuguese art scene of the time.

Exposição coletiva de sete artistas portugueses contemporâneos, promovida no âmbito do intercâmbio cultural estabelecido entre a Sala Rekalde (Bilbau, Espanha) e o Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian, que previa que cada uma destas instituições acolhesse uma mostra de artistas contemporâneos do país vizinho.

Os primeiros contactos entre as instituições foram estabelecidos por intermédio do cônsul de Portugal em San Sebastián, Óscar Ribeiro Filipe, que informou a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) da manifesta vontade do governo autonómico em divulgar a arte portuguesa no País Basco, bem como em promover os artistas bascos em Portugal. Num apontamento do Serviço de Belas-Artes referente à reunião preliminar entre o cônsul de Portugal no País Basco e a FCG, era destacada a abertura e o acolhimento demonstrados pelas autoridades bascas no sentido de dar a conhecer ao seu público um conjunto de artistas portugueses «restrito e escolhido com rigor, representativo da melhor criação plástica nacional» (Nota interna de Maria do Carmo Marques da Silva, 26 nov. 1992, Arquivos Gulbenkian, CAM 00317). Era ainda destacada «a importância cultural do País Basco», que entretanto havia sido escolhido para albergar a sede europeia da Fundação Guggenheim (ibid.).

O CAM e o Serviço de Belas-Artes da FCG participaram em reuniões com os responsáveis da Sala Rekalde e com Javier Viar, crítico de arte e membro do Conselho de Cultura do País Basco, com o objetivo de fixar o calendário do intercâmbio de exposições e definir os respetivos projetos. Foi José Sommer Ribeiro quem dirigiu, numa primeira fase, estas negociações, dando mais tarde lugar a Jorge Molder, que o substituiu na direção do CAM em 1994, quando Sommer Ribeiro veio a assumir as funções de diretor do Museu Arpad Szenes-Vieira da Silva.

Esteve inicialmente prevista a organização de uma mostra panorâmica da arte portuguesa, com início no modernismo, que acabou por ser alterada em função dos interesses posteriormente manifestados pela Sala Rekalde. O diretor da instituição basca, Javier González de Durana, mostrou-se interessado na apresentação de uma mostra «o mais atual possível» do panorama artístico português, propondo que se reduzissem os aspetos históricos da mostra (Carta de Javier González de Durana para Óscar Ribeiro Filipe, 17 mar. 1993, Arquivos Gulbenkian, CAM 00317).

Na Sala Rekalde, espaço oficial integrado na rede de museus de Bilbau, acabaria por ser apresentado um conjunto de 23 obras, pertencentes ao acervo do CAM, de sete artistas portugueses contemporâneos ativos nos anos de 1980 e 1990, embora pertencentes a gerações distintas: Álvaro Lapa, Helena Almeida, Joana Rosa, José Pedro Croft, Julião Sarmento, Pedro Cabrita Reis e Pedro Proença. À exceção das obras de Álvaro Lapa e de Helena Almeida, as obras apresentadas correspondiam a incorporações bastante recentes na Coleção.

A montagem da exposição ficou a cargo da Sala Rekalde, a partir do projeto delineado por Jorge Molder (Projeto expositivo, 17 fev. 1995, Arquivos Gulbenkian, CAM 00317) e da colaboração de dois técnicos do CAM na montagem das esculturas de Pedro Cabrita Reis. Também Joana Rosa e Pedro Proença viajaram antecipadamente para Bilbau para montarem as suas instalações in situ.

Esta seleção correspondeu a artistas integrados «na produção artística mais importante» do panorama artístico português da época, embora não obedecendo a vínculos estéticos ou geracionais entre si, como era referido na introdução do catálogo. A mostra não pretendia apresentar-se como um levantamento completo nem constituir-se como «modelo de referência» de uma época caracteristicamente marcada por um «carácter fragmentário» (Extremo Occidente. Arte Portugués Contemporáneo en la Fundação Calouste Gulbenkian, 1995, p. 11).

Estas advertências de Jorge Molder, recém-indigitado diretor do CAM, davam corpo a uma mensagem clara relativamente à direção que o Centro viria a adotar no âmbito das representações internacionais, questionando as próprias noções «anedóticas e anacrónicas» de identidade nacional e conferindo uma maior autonomia às obras de arte e aos percursos individuais dos artistas (Ibid.).

Na apresentação do catálogo, os responsáveis da Sala Rekalde destacavam, no mesmo sentido, a importância de os diversos centros de cultura espalhados pelo mundo se tornarem independentes dos «caminhos da oficialidade», dos «comportamentos centralistas de alguns governos» e das suas propostas uniformizadoras, promovendo autonomamente parcerias entre si e o reconhecimento comum através da arte ­­– neste caso, da arte contemporânea: «El arte contemporáneo, por lo que de universal y mestizo tiene, es probablemente la mejor manera de iniciar ese mutuo acercamiento.» (Extremo Occidente. Arte Portugués Contemporáneo en la Fundação Calouste Gulbenkian, 1995, p. 5)

O catálogo da exposição incluiu ainda uma importante reflexão do filósofo Javier San Martín sobre a arte portuguesa dos anos 80 e 90, na qual esteve em foco o processo de internacionalização da arte portuguesa ocorrido sobretudo na década de 1990 e evidente nas carreiras internacionais dos artistas das gerações mais novas representados nesta mostra, alguns dos quais apresentados frequentemente em Espanha (Ibid., p. 31).

Durante o processo de produção desta exposição foi garantida a apresentação em Lisboa de uma exposição do artista catalão Sergi Aguilar (organizada pela Sala Rekalde, em colaboração com a FCG), cujas obras acabariam por ser transportadas para Lisboa aquando do regresso da exposição de artistas portugueses do acervo do CAM («Sergi Aguilar. Zul, Papéis e Cartões, 1974-1994», 1995).

Poucos meses após a inauguração da exposição de artistas portugueses em Bilbau, viria a ser realizada em Lisboa a exposição de artistas bascos («Chillida, Balerdi, Larrea», 1995).

Filipa Coimbra, 2018

Collective exhibition of seven contemporary Portuguese artists organised as part of a cultural exchange between the Sala Rekalde (Bilbao, Spain) and the Calouste Gulbenkian Foundation’s Modern Art Centre (MAC), which was planning an exhibition of contemporary Portuguese artists to be held in Bilbao at the Sala Rekalde and another of contemporary Basque artists to be held in Lisbon at the MAC.

The first contacts between the institutions were made by way of the Portuguese consul in San Sebastián, Óscar Ribeiro Filipe, who informed the Calouste Gulbenkian Foundation (FCG) of the Basque autonomous government’s wish to publicise Portuguese art in the Basque Country and promote Basque artists in Portugal. A note by the Fine Arts Department regarding the preliminary meeting between the Portuguese consul in the Basque Country and the FCG highlights the openness and welcome demonstrated by the Basque authorities to give its public the chance to get to know a “small and carefully chosen” group of Portuguese artists “who represent the best of Portuguese artistic creation” (Note by the Fine Arts Department, 26 Nov. 1992, Gulbenkian Archives, CAM 00317).

This justification also included “the cultural importance of the Basque country”, which had since been chosen as the home for the Guggenheim Foundation’s European headquarters (ibid.).

The MAC and the FCG’s Fine Arts Department took part in meetings with the people in charge at the Sala Rekalde and with Javier Viar, art critic and member of the Basque Country’s culture council, with the aim of setting the timeframe for the exchange of exhibitions and establishing the related plans. It was José Sommer Ribeiro who led these negotiations at first, later passing the baton to Jorge Molder, who replaced him in the MAC's management in 1994 when Sommer Ribeiro became director of the Museu Arpad Szenes - Vieira da Silva.

Initially, the plan was for an exhibition to provide an overview of Portuguese art, starting with modernism, but this was changed to match the interests later expressed by the Sala Rekalde. The Basque institution’s director, Javier González Durana, expressed an interest in presenting an exhibition of the Portuguese art scene that was “as up-to-date as possible” and suggested perhaps minimising the historical features of the event (Letter from Javier González Durana to Óscar Ribeiro Filipe, 17 Mar. 1993, Gulbenkian Archives, CAM 00317).

The Sala Rekalde, an official space integrated into the network of Bilbao museums, eventually hosted a set of 23 pieces belonging to the MAC collection (now the Calouste Gulbenkian Museum’s Modern Collection) by seven contemporary Portuguese artists active in the 1980s and 1990s, although belonging to different generations: Álvaro Lapa, Helena Almeida, Joana Rosa, José Pedro Croft, Julião Sarmento, Pedro Cabrita Reis and Pedro Proença. Apart from the pieces by Álvaro Lapa and Helena Almeida, most of the works included were recent additions to the collection.

The task of setting up the exhibition was the Sala Rekalde’s responsibility, based on a plan drawn up by Jorge Molder (Exhibition plan, 17 Feb. 1995, Gulbenkian Archives, CAM 00317), with help from two members of staff at the MAC in setting up the sculptures by Pedro Cabrita Reis. Joana Rosa and Pedro Proença travelled to Bilbao beforehand to set up their installations in situ.

The selection included artists involved in “the most important artistic production” in the Portuguese art scene at the time, although there were no aesthetic or generational ties among them, as mentioned in the catalogue’s introduction. The event did not aim to be a full survey or represent a “reference model” for a period marked by a “fragmented character” (Extremo Occidente. Arte Portugués Contemporáneo en la Fundação Calouste Gulbenkian, 1995, p. 11).

These warnings from Jorge Molder, the recently appointed MAC director, embodied a clear message regarding the management that the Centre would come to use for its international representations, questioning the “anecdotal and anachronistic” ideas of national identity and providing the works of art and artists’ individual careers with greater autonomy (ibid.).

At the catalogue launch, the representatives of the Sala Rekalde also underlined the importance of the different cultural centres spread around the world becoming independent from the “official paths” of the “centralist behaviour of some governments” and their plans for standardisation. They should instead independently promote partnerships with each other and mutual recognition through art, in this case contemporary art:

“Contemporary art, thanks to its being mixed and universal, is probably the best way of starting this mutual outreach” (Extremo Occidente. Arte Portugués Contemporáneo en la Fundação Calouste Gulbenkian, 1995, p. 5).

The exhibition catalogue also included an important reflection by philosopher Javier San Martin on Portuguese art of the 1980s and 1990s, in which he discussed the process of increasing globalisation that took place, particularly in the 1990s, which is clear in the international careers of artists in the younger generations represented at this event, some of whom exhibited frequently in Spain (ibid., p.31).   

While the exhibition was being produced, a commitment was made to bring an exhibition by Sergi Aguilar to Lisbon (organised by the Sala Rekalde in cooperation with the FCG), whose works were taken to Lisbon when the pieces by Portuguese artists from the MAC collection returned to Lisbon (see Sergi Aguilar. Zul, Papéis e Cartões, 1995).

A few months after the exhibition of Portuguese artists opened in Bilbao, the exhibition of Basque artists was held in Lisbon (see Chillida, Balerdi, Larrea, 1995).


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

Auto

Álvaro Lapa (1939-2006)

Auto, 1982 / Inv. 83P626

Os Criminosos e as suas Propriedades

Álvaro Lapa (1939-2006)

Os Criminosos e as suas Propriedades, 1974/75 / Inv. 75P416

Passeio - 4

Álvaro Lapa (1939-2006)

Passeio - 4, 1984 / Inv. 85P418

Voici nos Acteurs

Álvaro Lapa (1939-2006)

Voici nos Acteurs, 1972 / Inv. 73P415

Desenho Habitado

Helena Almeida (1934-2018)

Desenho Habitado, Inv. 94FP378

Pintura Habitada

Helena Almeida (1934-2018)

Pintura Habitada, Inv. 80FP12

Tela Habitada

Helena Almeida (1934-2018)

Tela Habitada, Inv. 80FP381

Doodles (Fragmentos)

Joana Rosa (1959-)

Doodles (Fragmentos), 1991/1998 / Inv. 94DP1719

S/ Título

José Pedro Croft (1957-)

S/ Título, 1993 / Inv. 94E340

s/título

José Pedro Croft (1957-)

s/título, Inv. GP1792

s/título

José Pedro Croft (1957-)

s/título, 1993 / Inv. GP1793

s/título

José Pedro Croft (1957-)

s/título, Inv. GP1794

s/título

José Pedro Croft (1957-)

s/título, Inv. GP1795

Pintura Cega (Três Instrumentos de Prazer e um de Morte)

Julião Sarmento (1948-2021)

Pintura Cega (Três Instrumentos de Prazer e um de Morte), Inv. 93P305

The Frozen Leopard

Julião Sarmento (1948-2021)

The Frozen Leopard, Inv. 93P306

A Casa do Esquecimento

Pedro Cabrita Reis (1956-)

A Casa do Esquecimento, Inv. 93E301

D(OOR), D(AM)

Pedro Cabrita Reis (1956-)

D(OOR), D(AM), Inv. 94E343

Meus pais deram-me aquilo que podiam, alma da sua diversa

Pedro Cabrita Reis (1956-)

Meus pais deram-me aquilo que podiam, alma da sua diversa, Inv. 95E352

s/título

José Pedro Croft (1957-)

s/título, Inv. GP1792

s/título

José Pedro Croft (1957-)

s/título, 1993 / Inv. GP1793

s/título

José Pedro Croft (1957-)

s/título, Inv. GP1794

s/título

José Pedro Croft (1957-)

s/título, Inv. GP1795

Meus pais deram-me aquilo que podiam, alma da sua diversa

Pedro Cabrita Reis (1956-)

Meus pais deram-me aquilo que podiam, alma da sua diversa, Inv. 95E352


Publicações


Documentação


Páginas Web


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00317

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém seguros, correspondência interna, correspondência recebida e expedida, transporte, recortes de imprensa sobre o Guggenheim Bilbao. 1992 – 1995

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00317

Coleção fotográfica: objetos (FCG, Lisboa) 1992


Exposições Relacionadas

Dessins. Pedro Proença

Dessins. Pedro Proença

1998 / Centre Culturel Calouste Gulbenbenkian; Fondation Calouste Gulbenkian – Delégation en France, Paris

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