Exposição de fotografia de Michael Teague (1932-1999), organizada pelo Serviço de Cooperação com os Novos Estados Africanos (COOP) da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), em colaboração com o Ministério dos Negócios Estrangeiros e as embaixadas portuguesas locais. A mostra foi inserida no Programa Gulbenkian, iniciativa que procurou dinamizar a atividade dos centros culturais portugueses junto das embaixadas de Portugal nos países africanos.

Subordinada ao tema dos Descobrimentos Marítimos Portugueses, a exposição apresentou fotografias produzidas por Michael Teague durante uma viagem em que o fotojornalista seguiu as rotas percorridas pelos primeiros navegadores portugueses dos Descobrimentos, desenhando um percurso que se estendeu do Brasil ao Japão. Pretendendo documentar a herança dos Descobrimentos nos países onde a presença portuguesa foi mais marcante, as fotografias captam cenários arquitetónicos, privilegiando a arquitetura religiosa, paisagens e ambientes urbanos, com pontuais inclusões da figura humana.  

O trabalho final é constituído por três conjuntos – todos adquiridos pela FCG em momentos distintos e disponíveis na Biblioteca de Arte –, realizados com o intuito de levar a exposição ao maior número possível de locais: um conjunto de 60 fotografias a cores, exposto no Hall da Zona de Congressos em 1985, adquirido pela Fundação no ano anterior; e dois conjuntos adquiridos em 1988, um deles constituído por «106 fotografias a preto-e-branco, 4 fotografias a cores e 6 painéis», o outro por 31 fotografias a cores (Apontamento do Serviço de Cooperação com os Novos Estados Africanos, 24 nov. 1993, Arquivos Gulbenkian, COOP 01017).

Os três conjuntos foram mostrados tanto autonomamente como em simultâneo, e a itinerância da coleção foi de tal forma relevante para o programa expositivo da FCG que foi reproduzido um conjunto de 50 fotografias, reduzidas a um tamanho standard a partir dos negativos da coleção de 106 fotografias a preto-e-branco, com o objetivo de levar a exposição a um número mais alargado de países. A produção e a aquisição deste conjunto pela Fundação Calouste Gulbenkian foram propostas pelo próprio fotógrafo, que, alegando que um menor número de fotografias potenciaria o seu alcance, sugeriu ainda a preparação de vários conjuntos, visando a sua apresentação nos centros culturais portugueses em África: «If it proves successful perhaps you would like to consider implementing your idea of having several sets made for the various cultural centers you have in Lusophone Africa.» (Carta de Michael Teague para Victor de Sá Machado, 18 mar. 1993, Arquivos Gulbenkian, COOP 01017)

Foram produzidas e emolduradas 30 fotografias a cores, e ainda um mapa em duplicado, destinado a ser apresentado nos centros culturais das embaixadas de Portugal em África. Esteve patente no Forte de Jesus, em Mombaça (Quénia), por ocasião da celebração dos 400 anos da edificação deste forte; na África do Sul, nomeadamente na UNISA (University of South Africa), em Pretória, e na Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo; em Durban e na Cidade do Cabo (não foi possível apurar os exatos locais). Na Cidade do Cabo, a exposição foi apresentada por ocasião das comemorações do 10 de Junho de 1993, a pedido da Embaixada de Portugal na África do Sul.

Posteriormente, este conjunto foi apresentado, em 1994, no Museu de Arte Africana, em Dakar, Senegal, e, em 1996, em Harare, Zimbabwe.

O segundo conjunto de fotografias foi apresentado em Espanha, a partir de outubro de 1993, altura em que esteve exposto no Instituto de Estudios de Iberoamérica y Portugal, da Universidade de Salamanca. Em seguida, o conjunto foi apresentado na Casa de Europa, em Burgos, no âmbito da Semana de Portugal, evento que contemplou, de 15 a 20 de novembro de 1993, conferências, projeção de vídeos, encontros de cinema português e concertos de fado. Em Burgos, a inauguração da exposição foi divulgada pelos media espanhóis, que elogiaram o conjunto exposto, qualificando-o como «surpreendente». Segundo Mário Quartin Graça, conselheiro cultural da Embaixada de Portugal em Madrid, esta exposição constituiu um grande êxito, contanto com a presença de cerca de 3000 visitantes.

Carolina Gouveia Matias, 2018