A exposição «Na Rota dos Navegadores», fruto de uma viagem realizada pelo fotógrafo e jornalista Michael Teague (1932-1999), reuniu um conjunto de 60 fotografias na Zona de Congressos da Sede da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG). Na sua viagem, o fotógrafo percorreu a rota dos primeiros navegadores portugueses, na época dos Descobrimentos, desenhando um percurso que se estendeu do Brasil ao Japão. A exposição inaugurou em maio de 1985 e encerrou a 2 de junho do mesmo ano.

Com este trabalho, Michael Teague pretendeu documentar a herança dos Descobrimentos nos países onde a presença portuguesa foi mais marcante, relatando-a de um ponto de vista épico e refletindo sobre a «extraordinária coragem e espírito de aventura» com que os portugueses viajaram pelo mundo (Na Rota dos Navegadores Portugueses. Um ensaio fotográfico de Michael Teague, 1985).

As fotografias captam cenários arquitetónicos, privilegiando a arquitetura religiosa, paisagens e ambientes urbanos, com pontuais inclusões da figura humana. Compondo três conjuntos diferentes, adquiridos pela FCG em momentos distintos, a coleção de fotografias «Na Rota dos Navegadores Portugueses» foi apresentada em diversas cidades, do Canadá à Austrália. Este conjunto, constituído por 60 fotografias a cores, montadas em painéis de madeira, quatro mapas e um painel, foi o primeiro a ser adquirido a Michael Teague pela Fundação Calouste Gulbenkian, através do seu Serviço para a Cooperação com os Novos Estados Africanos, em 1984. A coleção incluiu ainda um conjunto de «106 fotografias, a preto-e-branco, 4 fotografias a cores e 6 painéis» e um conjunto de 31 fotografias a cores (Apontamento do Serviço para a Cooperação com os Novos Estados Africanos, 24 nov. 1993, Arquivos Gulbenkian, COOP 01017).

O registo de monumentos e locais históricos que testemunham a presença portuguesa é transversal aos três conjuntos, tendo estes sido mostrados em versão parcial e integral. A itinerância da coleção foi de tal forma relevante para o programa expositivo da FCG que foi reproduzido um conjunto de 50 fotografias, reduzidas a um tamanho standard, a partir dos negativos da coleção de 100 fotografias a preto-e-branco, com o objetivo de levar a exposição a um maior número de países.

O conjunto de 60 fotografias a cores foi exposto no Centro Cultural do Mindelo, em outubro de 1985, na Casa Municipal de Cultura de Fafe, de 7 a 15 de junho de 1986, e na Casa Museu Nogueira da Silva, órgão da Universidade do Minho, de 28 de julho a 6 de agosto de 1986. Nesta última, a exposição foi visitada por 902 pessoas, «com geral agrado» (Carta de Nuno Barreto para Vítor Manaças, 7 ago. 1986, Arquivos Gulbenkian, COOP 04697).

Nos anos seguintes, a exposição esteve patente na Embaixada de Portugal em Madrid (por iniciativa do ICEP), em fevereiro de 1987; na Madeira (no âmbito do Programa «Leitura e Cultura», do Serviço de Bibliotecas Itinerantes e Fixas e do Serviço de Educação), em abril e maio de 1988; nos Centros Culturais Portugueses em França, de outubro de 1989 a dezembro de 1991; e no Museu de Arte Africana, em Dakar (Senegal), entre 7 e 17 de junho de 1994.

A museografia da exposição foi definida pelo fotógrafo e contemplou a colocação das 60 fotografias em 12 painéis de madeira (70 × 70 cm), pintados a preto, dispostos em linha côncava, intencionalmente de pequena dimensão para permitir um diálogo mais próximo com o visitante. À entrada do espaço encontrava-se um painel com a explicação do tema de exposição e com a reprodução de dois mapas portugueses antigos.

No Diário de Notícias, João Bentes Pimenta descreve a mostra como «pequena e porventura demasiado modesta», num artigo em que também critica o quadro gráfico de apresentação da exposição por estar «lamentavelmente redigido em inglês e reproduzido em português apenas no catálogo». Na opinião do autor, sendo a exposição realizada em Portugal e a temática portuguesa, não se justificava essa opção (Pimenta, Diário de Notícias, 11 jul. 1985).

Carolina Gouveia Matias, 2018