Um Século de Pintura Francesa, 1850 – 1950

Exposição organizada pela Association Française d'Action Artistique e comissariada por Germain Bazin. Reunindo um significativo número de obras de arte francesa dos séculos XIX e XX, teve como objetivo mostrar as correntes artísticas fundamentais da história da pintura moderna desde o Neoclassicismo e o Romantismo até aos nossos dias.
Exhibition bringing together a significant number of French artworks from the 19th and 20th centuries in a presentation of the foremost artistic movements in the history of modern painting, from Neoclassicism and Romanticism to the present day. The exhibition was organised by the Association française d'action artistique and curated by Germain Bazin.

Grande exposição de arte francesa, comissariada por Germain Bazin, que tinha como objetivo oferecer ao público, de acordo com o texto introdutório do catálogo, «uma visão das correntes artísticas fundamentais que ilustram a história da pintura moderna desde o Neo-classicismo e o Romantismo aos nossos dias» (Um Século de Pintura Francesa 1850-1950, 1965).

A primeira menção à organização desta exposição surge numa troca de correspondência entre Robert Brechon, diretor do Institut Français du Portugal, e José de Azeredo Perdigão, nos meses de dezembro de 1962 e janeiro de 1963 (Apontamento do Serviço de Belas-Artes, jun. 1963, Arquivos Gulbenkian, SBA 15356).

Em reunião de 12 de agosto de 1964, foi aprovada pelo Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian a «apresentação em Lisboa de uma Exposição de Arte Francesa, que será constituída por obras de pintura e, possivelmente, por algumas de escultura, umas e outras documentando o período entre o Romantismo e a Segunda Guerra Mundial». Nesta reunião, mencionava-se já que «a organização da exposição ficará a cargo da Association Française d’Action Artistique, tendo já sido designado para Comissário Geral o Senhor Germain Bazin, Conservador Chefe da Secção de Pintura do Museu do Louvre, o qual será assistido por Mm. Dutilh» (Ata n.º 520 do Conselho de Administração, 12 ago. 1964, Arquivos Gulbenkian, SBA 15356).

A exposição viria a ser aberta à imprensa e aos críticos de arte na manhã de 6 de março de 1965, sendo solenemente inaugurada pelas 16 horas desse dia, na presença do presidente da República, Américo Thomaz.

No discurso inaugural, José de Azeredo Perdigão referiu que este evento se situava «numa linha de realizações similares que a Fundação […] vem promovendo, patrocinando ou só subsidiando, destinadas, umas, a recordar grandes figuras da nossa História, outras, a divulgar a obra dos nossos artistas contemporâneos ou de tempos idos e, outras ainda, a trazer até nós obras de mestres estrangeiros» (Discurso inaugural de José de Azeredo Perdigão, 6 mar. 1965, Arquivos Gulbenkian, SBA 15356).

No mesmo discurso, Perdigão teceu um breve comentário sobre a atividade expositiva da FCG: «Cremos que, por esta forma (que, aliás, não é a única), estamos dando uma valiosa contribuição para a difusão da cultura artística no País, tanto mais que as nossas exposições são geralmente acompanhadas de conferências, cursos e visitas guiadas, a cargo de peritos altamente qualificados.» (Ibid.)

A exposição era constituída por 155 obras de pintura e 12 esculturas, incluindo «alguns dos mais famosos quadros dos artistas que viveram e trabalharam durante o século que a mesma exposição documenta» (Comunicado de imprensa, 4 mar. 1965, Arquivos Gulbenkian, SBA 15356).

Quando foi inaugurada, a montagem não estava completa: dois quadros pertencentes às coleções de pintura do estado da Baviera (de Gauguin e de Van Gogh) chegaram a Lisboa mais tarde, tendo ocupado os « painéis que lhes estavam destinados, e onde até então figuraram as legendas indicando as obras que se aguardavam», apenas no dia 11 de março de 1965 (Comunicado de imprensa, 12 mar. 1965, Arquivos Gulbenkian, SBA 15356).

Durante a preparação do catálogo da exposição, o administrador da FCG, Kevork Essayan, sugeriu que o mesmo deveria ser redigido em português e em francês, «dando satisfação ao desejo da organização francesa» (Apontamento do Serviço de Belas-Artes, 10 fev. 1965, Arquivos Gulbenkian, SBA 15356). De facto, o catálogo, bilingue e profusamente ilustrado, que custava 50 escudos, teve uma procura «verdadeiramente excepcional», tendo sido feita uma segunda tiragem, que, «ao contrário do que se poderia prever, foi ainda mais rapidamente absorvida do que a primeira» (Carta de Artur Nobre de Gusmão para António dos Santos Carril, 26 mai. 1965, Arquivos Gulbenkian, SBA 15356). Também os cartazes do evento, da autoria de Sebastião Rodrigues, foram vendidos ao público, ao preço de dez escudos cada.

A exposição esteve aberta durante dois meses, período entendido pela FCG como o necessário para que se pudesse «dela extrair o máximo rendimento pedagógico» (Apontamento do Serviço de Belas-Artes, 9 fev. 1965, Arquivos Gulbenkian, SBA 15356).

No âmbito da exposição, foram realizadas visitas guiadas e apresentadas conferências dedicadas a temas da arte contemporânea, proferidas por historiadores e críticos de arte nacionais e estrangeiros. Para contrariar o facto de terem sido convidados, inicialmente, apenas eruditos estrangeiros para oradores das conferências, José de Azeredo Perdigão manifestou o desejo «de que fossem convidados, pelo menos, dois ou três historiadores ou críticos de arte portuguesa» (Despacho da Presidência, 24 mar. 1965, Arquivos Gulbenkian, SBA 15356). José-Augusto França e José António Ferreira de Almeida foram os nomes escolhidos para o efeito.

Nos dias das conferências, que se realizavam às 19 horas, a exposição abria ao público «não apenas das 15 às 20 horas, como habitualmente, mas também das 21 às 23.30» (Comunicado de imprensa, 9 abr. 1965, Arquivos Gulbenkian, SBA 13705).

Existem referências à gravação, em fita magnética, das conferências proferidas, bem como à apresentação de filmes sobre arte francesa contemporânea no auditório da FIL (Feira Internacional de Lisboa). A exposição foi também alvo de uma reportagem feita pela PQ Filmes (Produções Cinematográficas Perdigão Queiroga), integrando o «Visor», Noticiário Nacional de Cinema (Arquivos Gulbenkian, SBA 15356). Além disso, a documentação refere que terão sido encomendados a vários críticos de arte portugueses textos referentes aos diferentes núcleos em que a mostra se organizava, destinados a serem gravados para apoio das visitas guiadas à exposição («Do Romantismo ao Realismo» e «Do Impressionismo a Seurat», por José-Augusto França; «Nabis e Fauves», por Fernando Pernes; «Expressionistas, Naïfs e alguns pintores independentes», por José António Ferreira de Almeida; «Neo-figurativos», por Fernando de Pamplona; «Abstractos e Não-figurativos», por Adriano de Gusmão) (Apontamento do Serviço de Belas-Artes, 23 abr. 1965, Arquivos Gulbenkian, SBA 15356).

Em abril de 1965, foi enviado a José de Azeredo Perdigão um abaixo-assinado solicitando a montagem da exposição no Porto: «V. Ex.ª fica informado de que centenas de indivíduos anseiam ver as obras dos grandes mestres franceses da Pintura. E o Porto, segunda cidade do País, cremos que merece a honra de apreciar tão inestimável património.» (Ofício, 2 abr. 1965, Arquivos Gulbenkian, SBA 15356)

A complexidade da organização desta exposição inviabilizou a sua montagem naquela cidade. No entanto, foram atribuídos subsídios para a deslocação de alunos de escolas de belas-artes do Porto a Lisboa, para visitarem a mostra. Esta prática seria estendida a várias outras instituições de todo o país, ação integrada na intensa campanha de divulgação do evento e promoção da sua acessibilidade.

Joana Baião, 2015

A great exhibition of French art curated by Germain Bazin that aimed to offer the public, in the words of the catalogue's introduction, a view of the fundamental artistic currents that illustrate the history of modern painting from neoclassicism and romanticism to the present day (Um Século de Pintura Francesa 1850-1950, 1965).
The first reference to organising this exhibition can be found in an exchange of correspondence between Robert Brechon, director of the Institut Français au Portugal, and José de Azeredo Perdigão in December 1962 and January 1963 (Note by the Fine Arts Department, Jun. 1963, Gulbenkian Archives, SBA 15356).
At a meeting on 12 August 1964, the Calouste Gulbenkian Foundation Board of Directors approved the opening in Lisbon of an exhibition of French art formed of paintings and, perhaps, some sculptures, together documenting the period between romanticism and the Second World War. It was mentioned at the meeting that organisation of the exhibition will be the responsibility of the Association Française d'Action Artistique, and the curator has already been appointed - Germain Bazin, Head Conservator of the Painting Section at the Louvre Museum, who will be assisted by Mm. Dutilh (Minutes no. 520 of the Board of Directors, 12 Aug. 1964, Gulbenkian Archives, SBA 15356).
The exhibition would open to the press and art critics on the morning of 6 March 1965, and was officially opened at 4pm the same day with a ceremony attended by the President of the Portuguese Republic, Admiral Américo Tomaz.
In his opening speech, José de Azeredo Perdigão mentioned that the event was part of a series of similar events that the Foundation has been organising, sponsoring or merely subsidising, since its work began: some designed to remember great figures of our history, others to disseminate the work of our artists, contemporary and of the past, and yet others to bring us pieces by foreign masters (Opening speech by José de Azeredo Perdigão, 6 Mar. 1965, Gulbenkian Archives, SBA 15356).
During the same speech, Perdigão made a brief comment on the Calouste Gulbenkian Foundation exhibition work: We believe that this way - which is not, in fact, the only way - we are making a valuable contribution to spreading artistic culture in the country, all the more because our exhibitions are generally accompanied by conferences, courses and guided tours entrusted to highly qualified experts (ibid.).
The exhibition was formed of 155 paintings and 12 sculptures, including some of the most famous pictures by artists who lived and worked during the century documented by the exhibition (Press release, 4 Mar. 1965, Gulbenkian Archives, SBA 15356).
When it opened, the exhibition had not yet been entirely put together: two pictures belonging to the painting collections of the state of Bavaria (by Gauguin and Van Gogh) arrived in Lisbon later, and were placed in the panels reserved for them, where notes were displayed to indicate that the works were awaited, only on 11 March 1965 (Press release, 12 Mar. 1965, Gulbenkian Archives, SBA 15356).
While the exhibition catalogue was being prepared, member of the FCG Board of Directors Kevork Essayan suggested that it should be written in Portuguese and French to meet the French organisers' wishes (Note by the Fine Arts Department, 10 Feb. 1965, Gulbenkian Archives, SBA 15356). In fact, the bilingual and profusely illustrated catalogue cost 50 escudos and saw truly exceptional demand; a second print run was made, which against all predictions, was taken up even more quickly than the first (Letter from Artur Nobre de Gusmão to António dos Santos Carril, 26 May 1965, Gulbenkian Archives, SBA 15356).
The posters for the event by Sebastião Rodrigues were also sold to the public for 10 escudos each.
The exhibition was open for two months, an amount of time seen by the FCG as necessary so that the greatest pedagogical productivity possible could be taken from it (Note by the Fine Arts Department, 9 Feb. 1965, Gulbenkian Archives, SBA 15356).
Guided tours and conferences on themes of contemporary art were held in connection to the exhibition, led by Portuguese and foreign art critics and historians. Initially, only foreign scholars had been invited, but José de Azeredo Perdigão expressed his desire for at least two or three Portuguese art critics or historians to be invited (Order from the President, 24 Mar. 1965, Gulbenkian Archives, SBA 15356). José-Augusto França and José António Ferreira de Almeida were the names chosen for this.
On days when conferences were held, which started at 7pm, the exhibition was open to the public not just between 3pm and 8pm, as usual, but also between 9pm and 11.30pm (Press release, 9 Apr. 1965, Gulbenkian Archives, SBA 13705).
There are several references to magnetic tape recordings of the conferences and showings of films on French contemporary art at the auditorium of Lisbon's exhibition centre, FIL (Feira Internacional de Lisboa). The exhibition was also covered by a report made by PQ Filmes (Produções Cinematográficas Perdigão Queiroga), included in the Visor national newsreel (Gulbenkian Archives, SBA 15356). Furthermore, documents mention that texts on different sections of the exhibition were commissioned from several Portuguese art critics, which were to be recorded to help guided tours of the exhibition (From romanticism to realism and From impressionism to Seurat by José-Augusto França; Nabis and Fauves by Fernando Pernes; Expressionists, naïfs and some independent painters by José António Ferreira de Almeida; Neo-figuratives by Fernando de Pamplona; Abstracts and non-figuratives by Adriano de Gusmão) (Note by the Fine Arts Department, 23 Apr. 1965, Gulbenkian Archives, SBA 15356).
In April 1965, a petition was sent to José de Azeredo Perdigão requesting the exhibition be shown in Porto: Please be informed that hundreds of people wish to see the works of the great French masters of painting. And Porto, the country's second city, we believe deserves the honour of being able to appreciate such priceless heritage (Letter, 2 Apr. 1965, Gulbenkian Archives, SBA 15356).
The complexity involved in organising the exhibition stopped it from being held in Porto. However, grants were awarded to students at fine arts schools in Porto to go to Lisbon and visit the exhibition. This practice would be extended to other institutions throughout the country, an action that was integrated into the intense advertising campaign for the event to make it more accessible.

Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Ciclo de conferências

[Um Século de Pintura Francesa, 1850 – 1950]

10 mar 1965 – 30 abr 1965
Feira Internacional de Lisboa (FIL)
Lisboa, Portugal
Visita(s) guiada(s)

[Um Século de Pintura Francesa, 1850 – 1950]

1965
Feira Internacional de Lisboa (FIL)
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Madalena de Azeredo Perdigão (à esq.) e Maria Teresa Gomes Ferreira, diretora do Museu Gulbenkian (à dir.)
Conferência por Germain Bazin
Américo Tomás (à esq.) e José de Azeredo Perdigão (ao centro)

Multimédia


Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 15356

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência, listas de convidados e o discurso proferido por José de Azeredo Perdigão na inauguração do certame, na sua itinerância por Lisboa. 1965 – 1965

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 13705

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém informação relativa à realização de conferências no âmbito da exposição. 1965 – 1968

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 25133

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém convites para a exposição, em português e em francês. 1965

Biblioteca de Arte Gulbenkian, Lisboa / CFT 034

234 provas, p.b.: (Pavilhão da FIL, Lisboa) 1965

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Projectos e Obras), Lisboa / I04-020

Álbum com 61 provas fotográficas. Contém 17 provas, p.b.: inauguração; 2 provas, p.b.: aspeto exterior; 1 prova, p.b.: aspeto exterior; 2 provas, p.b.: entrada da exposição; 34 provas, p.b.: aspetos; 3 provas, p.b.: conferências. (Pavilhão da FIL, Lisboa) 1965

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0315-D00977

29 provas, p.b.: aspetos (Pavilhão da FIL, Lisboa) 1965

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0315-D00978

14 provas, p.b.: montagem (Pavilhão da FIL, Lisboa) 1965

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0315-D00979

62 provas, p.b.: inauguração (Pavilhão da FIL, Lisboa) 1965


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