Panorama da Arte Francesa de 1960 a 1975

Exposição itinerante organizada pela Embaixada de França em Portugal e pela Fundação Calouste Gulbenkian, reunindo as novas correntes da arte francesa contemporânea. A mostra contou com o comissariado de Henry Galy-Carles e foi constituída por um total de 68 obras.
Travelling exhibition organised by the French Embassy in Portugal and the Calouste Gulbenkian Foundation, bringing together new trends in French contemporary art. The exhibition was curated by Henry Galy-Carles and comprised a total of 68 works.

Na Galeria de Exposições Temporárias da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), inaugurou-se, em janeiro de 1978, a exposição «Panorama da Arte Francesa de 1960 a 1975», organizada pela FCG e pela Embaixada de França em Portugal, ao abrigo do Acordo Cultural Luso-Francês e com o patrocínio do Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Secretaria de Estado da Cultura dos dois países.

Depois de uma extensa itinerância pelos países da bacia do Mediterrâneo, na Europa e em África, esta exposição veio confirmar o interesse da Fundação em apoiar o estudo e divulgação da arte francesa desde a segunda metade do século XIX, estudo esse que teria já sido iniciado na apresentação de exposições como «Um Século de Pintura Francesa, 1850-1950» (1965), «Arte Francesa depois de 1950» (1971) ou «Nova Pintura em França» (1975), anteriormente produzidas na Fundação Calouste Gulbenkian, e através da realização de exposições retrospetivas de grandes nomes da escultura e pintura francesas.

A mostra «Panorama da Arte Francesa de 1960 a 1975» possibilitou ao público português o contacto com as novas correntes da arte francesa, integrando obras exemplares não só das mais recentes propostas estéticas processadas na órbita cultural parisiense, como obras de autores estrangeiros que, assimiladas à especificidade da cultura francesa, contribuíam para a sua transformação.

Contando com o comissariado de Henry Galy-Carles, crítico de arte e colaborador da revista Colóquio desde o início da publicação, que selecionou os trabalhos a expor, a mostra foi constituída por um total de 68 obras de arte, em que figuraram reconhecidos artistas, representativos das diversas tendências artísticas francesas e europeias, desenvolvidas entre os anos de 1960 a 1975. Foi organizada em vários núcleos temáticos, referentes a diversos movimentos artísticos: Novo Realismo, Arte Cinética, Nova Figuração, Pós-Abstração, Arte Marginal, Minimalismo, Realismo Europeu e Arte Conceptual.

Sobre a seleção das obras e dos artistas apresentados, escreveu Henry Galy-Carles no catálogo da exposição: «Os artistas que figuram nesta exposição afirmam e demonstram a riqueza e a especificidade da Arte em França durante estes últimos quinze anos. Como revolucionários que se manifestavam, no momento em que abstracção dos anos 1945-60 atingia o seu zénite, estes artistas souberam provar a autenticidade e a originalidade das suas estéticas, do mesmo modo artístico. Por sua vez, esses mesmos artistas entram agora na história, mas esta última é e permanece uma grande porta escancarada sobre o que há-de vir, sobre o futuro que, sem dúvida, saberá também surpreender-nos e que nós devemos esperar com espírito vigilante e atento.» (Panorama da Arte Francesa de 1960 a 1975, 1978)

No mesmo dia em que inaugurou o certame, realizou-se uma conferência subordinada ao tema «Tendances actuelles de la peinture en France», proferida pelo comissário Henry Galy-Carles, que teve lugar num dos auditórios da FCG.

A exposição registou um número significativo de visitantes, como confirma o excerto de um ofício do Serviço de Exposições e Museografia da FCG: «Esta exposição, que foi apresentada em Lisboa […], registou uma afluência muito apreciável: 28 398 visitantes. Apesar de não ser uma exposição espectacular, era didacticamente muito bem organizada, tendo sido, certamente, por essa razão visitada por numerosos liceus e escolas de Lisboa, Santarém, Almada e ainda Escola Superior de Belas-Artes do Porto.» (Apontamento do Serviço de Exposições e Museografia, mar. 1978, Arquivos Gulbenkian, SEM 00117)

Embora a afluência de visitantes tenha sido positiva, a crítica contestou algumas falhas no critério de escolha das peças e planeamento do certame: «Antologia pequena e discutível da pintura francesa desde os anos 60, englobando nomes relevantes no panorama das tendências estéticas actuais. […] Uma exposição que, sendo menor em certos aspectos, é importante, quer para uma aproximação a determinadas formas expressivas, quer para podermos ajuizar sobre as nossas próprias assimilações e particularidades.» («Exposições. Arte francesa 1960/75», Opção, mar. 1978)

Também Maria Laura Laffineur criticou o critério de organização da exposição: «A Panorâmica da Arte Francesa (1960-1975) actualmente na Gulbenkian não conseguiu revestir-se de nenhum cunho específico: nem o didáctico nem um outro qualquer. Os organizadores franceses parecem ter optado pela despersonalização mais completa. As obras encontram-se penduradas como em qualquer casa particular e o único critério que se adoptou foi o cronológico, apontado aliás na capa de um, felizmente, bom catálogo. Como desculpa para os organizadores franceses diremos que uma mostra itinerante é sempre extremamente difícil de apresentar. Os limites de tempo, os imprevistos, os atrasos são reais obstáculos para qualquer programa e orientação.» (Laffineur, Expresso, 25 fev. 1978)

Finda a exibição em Lisboa, e com a colaboração e patrocínio da Fundação Calouste Gulbenkian, a exposição foi igualmente realizada na cidade do Porto, no Museu Nacional de Soares dos Reis, sendo igualmente repetida a conferência «Tendances actuelles de la peinture en France», proferida pelo comissário Henry Galy-Carles.

Joana Brito, 2017

The exhibition Panorama da Arte Francesa de 1960 a 1975 [Panorama of French Art from 1960 to 1975] opened at the Calouste Gulbenkian Foundation (FCG) Temporary Exhibitions Gallery in January 1978. It was organised by the FCG and the French Embassy in Portugal under the Luso-French cultural agreement and was sponsored by both countries' Ministries of Foreign Affairs and Secretaries of State for Culture.
After an extensive journey through the countries of the Mediterranean Basin in Europe and Africa, the exhibition confirmed the FCG interest in supporting the study and dissemination of French art since the latter half of the 19th century, a study which had started with exhibitions held at the FCG such as 1965's Um Século de Pintura Francesa (1850-1950) [A Century of French Painting (1850-1950)], 1971's Arte Francesa depois de 1950 [French Art after 1950] and 1975's Nova Pintura em França [New Painting in France]. This interest was also demonstrated by retrospective exhibitions on great figures of French sculpture and painting.
The Panorama da Arte Francesa de 1960 a 1975 exhibition allowed the Portuguese public to see new currents of French art, including pieces exemplifying not only the most recent aesthetic trends in the Parisian cultural world, but also pieces by foreign artists who had become integrated into French culture, helping transform it.
The event was curated by Henry Galy-Carles (1922), an art critic who had worked with the Colóquio journal since it was first published, who selected the works to be exhibited.
The exhibition comprised a total of 68 works of art involving renowned artists representing the different French and European artistic trends, produced between 1960 and 1975. The exhibition was organised into several themed sections referring to different artistic movements: New realism, kinetic art, new figuration, post-abstraction, outsider art, minimalism, European realism and conceptual art.
Henry Galy-Carles wrote about the pieces and artists chosen in the exhibition catalogue as follows: (...) the artists that feature in this exhibition assert and demonstrate the wealth and specificity of art in France over these last fifteen years. As the revolutionaries they showed themselves to be, as the abstraction of 1945-1960 was reaching its peak, these artists were able to prove the authenticity and originality of their aesthetics in the same artistic way. These same artists are now going into history, but history is and remains a great, wide-open doorway to what is yet to come, to the future that will undoubtedly also have the capacity to surprise us and that we should await with a watchful, mindful spirit (Panorama da Arte Francesa de 1960 a 1975, 1978).
On the day the event opened, a conference was also held, in one of the FCG auditoriums, on the theme Tendances actuelles de la Peinture en France [Current trends in painting in France], given by the curator Henry Galy-Carles.
The exhibition saw a significant number of visitors, as confirmed by this excerpt from a memorandum of the FCG Exhibitions and Museography Department: This exhibition, which was presented in Lisbon (...) had a very appreciation number of visitors - 28,398 admissions - despite not being a spectacular exhibition, it was very well-organised from a didactic perspective and this was certainly the reason why it was visited by numerous schools in Lisbon, Santarém, Almada and even the Porto School of Fine Arts (Note by the Exhibitions and Museography Department, Mar. 1978, Gulbenkian Archives, SEM 00117).
Although the number of admissions was positive, critical reflection on the exhibition highlighted some failings in the selection of the pieces and planning for the event:
Small and debatable anthology of French painting since the 1960s, including relevant names in the landscape of current aesthetic trends.(...) An exhibition that, while smaller in certain aspects, is important in order to see certain forms of expression more closely and so we can assess our own assimilations and particularities (Exposições. Arte francesa 1960/75, Opção, Mar.1978).
Maria Laffineur also criticised the criteria behind the exhibition's organisation: The french art overview (1960-1975), currently at the Gulbenkian, was unable to find a particular slant, didactic or otherwise. The French organisers seem to have chosen the fullest depersonalisation. The works have been hung as in any private home and the only criteria chosen were chronological, signalled on the cover of a (thankfully) good catalogue. As an excuse for the French organisers, let's say that a travelling exhibition is always extremely difficult to display. Time limits, unforeseen circumstances and delays are real obstacles for any programme or direction (Laffineur, Expresso, 25 Feb. 1978).
After the exhibition closed in Lisbon, the exhibition was also held in Porto, at the Museu Nacional de Soares dos Reis, with the cooperation and sponsorship of the FCG. The conference on Tendances actuelles de la Peinture en France given by curator Henry Galy-Carles (1922) was also repeated there.

Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Conferência / Palestra

Tendances Actuelles de la Peinture en France

9 fev 1978
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Auditório 2
Lisboa, Portugal
mar 1978
Museu Nacional Soares dos Reis
Porto, Portugal
Visita(s) guiada(s)

[Panorama da Arte Francesa de 1960 a 1975]

27 mar 1978
Museu Nacional Soares dos Reis
Porto, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM 00117

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência variada, orçamentos, convite, maquete do catálogo, requisição de catálogos e recortes de imprensa. 1978 – 1978

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM 00706

Pasta com convites e programas de diversos eventos organizados pelo Serviço de Belas-Artes. 1973 – 1988

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0026-D00087

10 provas, p.b.: aspetos (FCG, Lisboa) 1978


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